“Tu
tens me ensinado desde a minha mocidade, e
eu continuo a falar das coisas maravilhosas que fazes. Agora que estou velho, e os meus cabelos ficaram brancos, não me
abandones, ó Deus! Fica comigo enquanto anuncio o teu poder e a tua força a este povo e aos seus descendentes.
A
tua fidelidade, ó Deus, chega até o céu. Tu tens feito grandes coisas, e
não há ninguém igual a ti. Tu me tens feito passar por
aflições e sofrimentos, mas me darás forças novamente e me livrarás da
sepultura. Tu me tornarás cada vez mais famoso e sempre me consolarás” (Salmo 71.17-21).
POSIÇÃO SOCIAL DO IDOSO
Em âmbito mundial
A Divisão de População da ONU divulgou, em junho de
2017, as novas projeções populacionais para todos os países da comunidade
internacional, para as diversas regiões e para a população mundial. A
quantidade de dados e gráficos é enorme e possibilita inúmeras análises e
discussões sobre a demografia, em suas múltiplas dimensões.
Dos dados obtidos, o que mais chamou a atenção é o
fenômeno da transição demográfica, ou
seja, as taxas de mortalidade há mais de um século vêm caindo e, nas últimas
décadas, as de natalidade. O que disso resulta é a mudança da estrutura etária,
que se traduz na redução da base e no aumento, gradativo, das partes superiores
da pirâmide populacional.
Em
âmbito nacional
A expectativa de vida atual do brasileiro é de 74,9
anos. Mas, segundo a ONU, a projeção é que, até 2050, subirá para 81,2 anos.
Com isso, alcançaremos países como China, Japão e Hong Kong, cuja média atual
fica entre 81 e 82 anos.
Hoje, o número de brasileiros idosos corresponde a
17% do total da população (24 milhões) com mais de 61 anos.
O Brasil vive uma situação conflituosa, pois os
idosos, de um lado, reclamam dos baixos valores das aposentadorias e pensões e
estão preocupados com a possibilidade de perdas de direitos; de outro, os altos
déficits da previdência agravam a crise fiscal e dificultam a retomada da economia.
Para 77% dos brasileiros, o maior temor sobre a velhice são os problemas de saúde. Além disso, a
preocupação financeira figura como a pior parte do processo de envelhecimento.
No relatório de qualidade de vida para idosos do
Global Age Watch (2014), o Brasil ocupa o 58º lugar num ranking de 96 países.
Para chegar a esse resultado, a pesquisa levou em consideração fatores como
expectativa de vida, bem-estar psicológico, renda, transporte e segurança.
Em âmbito estadual (Estado do Rio Grande do Sul)
Das 20 cidades do Brasil com maior concentração de
pessoas com mais de 60 anos, 18 são gaúchas. Os dados vêm do Censo 2010, feito
pelo IBGE, e do Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil, produzido pelo
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
Porto Alegre é a capital que concentra o maior
número de idosos e de longevos (pessoas com mais de 80 anos). Coqueiro Baixo, no
Vale do Taquari, lidera o ranking nacional de municípios com pessoas acima dos
60, onde 29,38% dos habitantes são idosos. No Brasil, 10,8% da população pode
ser considerada idosa.
Envelhecimento no século 21
É preocupante o envelhecimento da população mundial,
pois serão necessárias ações para enfrentar o problema. O número de idosos pelo
mundo cresce mais rápido do que qualquer outra faixa etária (ONU). Hoje, a cada
nove pessoas no mundo, uma tem mais de 60 anos, somando 810 milhões de idosos.
Em dez anos, esse número passará de um bilhão.
Mudanças
significativas da situação do idoso
Um relatório divulgado em Tóquio alerta para o fato
de que as habilidades e conhecimentos dos idosos estão sendo gradativamente
desvalorizados. Muitos dos idosos ocupam vagas em subempregos e, o pior, estão
sujeitos a discriminação, abuso e violência.
Além disso, muitos idosos no mundo, por viverem na
pobreza, enfrentam dificuldades de acesso a cuidados médicos, tornando-se
vulneráveis a doenças crônicas como hipertensão e diabetes.
Desafios
para as políticas públicas
Governos precisam planejar como lidar com essa nova
situação do idoso na sociedade contemporânea prevendo estratégias de ação para
fazer frente às demandas da terceira idade.
A
UNFPA (Fundo
de População das Nações Unidas (ou Fundo das Nações Unidas para Atividades
Populacionais, tradução do seu nome em inglês, United Nations Population Fund)
alerta que o desafio
para muitos países emergentes com grande número de jovens é encontrar políticas
públicas para lidar com o envelhecimento desta população nas próximas quatro
décadas. Há uma situação que dificulta a tomada de decisão quanto às ações a
serem desenvolvidas: vencer a discriminação, pois é um dos maiores problemas
enfrentado pelos idosos, segundo a ONU.
O relatório da UNFPA aponta que, no mercado de
trabalho, 47% dos homens idosos e 24% das mulheres idosas encontram vagas,
porém elas continuam sendo vítimas de “discriminação, abusos e violência” em
diversas sociedades.
No Brasil a previsão é que o número de idosos
triplique até 2050, passando dos atuais 21 milhões para 64 milhões. Por essas
previsões, a proporção de idosos no total da população passaria de 10%, em
2012, para 29%, em 2050.
“O mundo está ficando mais velho rapidamente, e países
em desenvolvimento assumirão a liderança em termos de velocidade nesse processo.
Em muitos desses países o desafio é que se eles não puseram em prática
políticas de amparo a suas populações idosas atuais não estarão preparados o
suficiente para 2050”, declarou Babatunde Osotimehin, diretor executivo da
UNFPA.
A ONU diz que o aumento da expectativa de vida no
planeta é “motivo de celebração”, mas alerta para alguns riscos econômicos do
envelhecimento da população.
Desafios
para as políticas públicas no Brasil
“Se não forem tomados os devidos cuidados, as
consequências destes temas provavelmente surpreenderão países despreparados”, reforça
o diretor da UNFPA. Em razão disso, há a premente necessidade de planejamento a
fim de evitar ou controlar os tipos de doenças crônicas que afligem a população
idosa e, assim, ser fundamental para preservar a qualidade de vida dessas
pessoas.
Estudos realizados nos Estados Unidos mostram que
cerca de 80% das pessoas com mais de 65 anos têm pelo menos uma doença crônica,
enquanto 68% têm duas ou mais. Entre as mais comuns estão as doenças:
cardíacas, pulmonares, derrames, diversos tipos de câncer e diabetes.
Em todo o mundo, o número de pessoas com diabetes
passou de 108 milhões em 1980 para 425 milhões nos dias de hoje. A
previsão dos especialistas é que, em 2050, 1 em cada 3 adultos poderá ser
diabético.
Desafios
da igreja com seus idosos
O livro bíblico dos Atos dos Apóstolos mostra de
maneira muito clara que o início do Cristianismo teve duas marcas distintivas e
inconfundíveis: a pregação do Evangelho e assistência social, tendo sido
escolhidos sete diáconos a fim de que se dedicassem a cuidar dos mais carentes
e necessitados.
Tendo como referência as pesquisas anteriormente
mencionadas, nas próximas quatro décadas a preocupação maior das igrejas será a
de dar atenção e cuidados ao crescente número de idosos, que não serão apenas
um número nas estatísticas, mas farão parte de seus desafios evangelísticos e
assistenciais.
Alguns desafios para os departamentos
de ação social das igrejas
Aprendam tudo sobre o Estatuto do Idoso, ensinando
às famílias os seus direitos e deveres em relação aos idosos. Especializem-se
na orientação às famílias sobre como obter seus direitos a atendimento médico e
hospitalar tanto pelo SUS (rede pública) quanto nos planos de saúde. Leiam tudo
que puderem e consultem especialistas. Lembrem-se também do direito à
alimentação. E procurem entender o máximo de benefícios de aposentadoria e
pensão, e de como ajudar o idoso a legitimamente conquistá-los, sempre com o
objetivo de saber como aconselhar as pessoas para fazerem valer seus direitos.
Estimulem a todos que convivem com idosos, e os
próprios, a promoverem a independência e a autoestima desses indivíduos.
Acompanhem e auxiliem de perto os filhos no cuidado
com os pais em sua velhice. Como diz Marleth Silva no Manual do Cuidador da
Pessoa Idosa: “Muitos brasileiros estão enfrentando sozinhos as
dificuldades trazidas pela velhice dos pais. Este isolamento tem um preço alto:
por desconhecerem a realidade comum a todos os cuidadores, sofrem por coisas
que não deveriam fazê-los sofrer. É um mundo de dor solitária e desnecessária”.
Preocupem-se com as questões de acesso, inclusive
aos ambientes de oração e estudo bíblico. Lembrando, por exemplo, que escadas
demais atrapalham. Ofereçam um serviço de transporte gratuito para levá-los à
igreja e de volta pra casa, assim como estejam disponíveis para socorrer numa
emergência de saúde ou em outro tipo de necessidade especial. Visitem pacientes
e apoiem regularmente abrigos, clínicas e hospitais geriátricos. E também é
fundamental facilitar o acesso na questão educacional. Sempre procurem
currículos, metodologias e material didático e programas de educação cristã
adequados aos idosos. Exemplo: publicações que facilitem a leitura,
considerando a natural redução da capacidade visual, bem como uma sonorização
adequada do templo para que os idosos possam ouvir com clareza os ensinamentos
transmitidos no culto divino.
Conclusão
Que neste terceiro milênio, nossas atenções estejam
voltadas à terceira idade, pois, devido a um conjunto de fatores, pela primeira
vez em nossa história ocidental, temos o privilégio de conviver com uma
população idosa e longeva. E isso necessita ser visto como sendo uma bênção,
porém há um desafio as ser enfrentado, pois trata-se de pessoas que requererão
todo o nosso cuidado, e ninguém melhor do que as igrejas para atendê-los com o
amor evangélico. Cristo deu o exemplo, pois nunca fez distinção de idade,
antes, capacitou os seus para que, mesmo na velhice, produzam frutos viçosos e
florescentes.
Questões
para reflexão e debate:
Qual é o perfil do idoso de hoje e qual será o
perfil do idoso de 2050?
Quem serão os “cuidadores” dos idosos de
amanhã?
Que tipo de formação teológica terá que ter o
“pastor-cuidador” de idosos de amanhã?
Sugestões
Para mais informações sobre o assunto, acesse o portal do
envelhecimento: https://www.portaldoenvelhecimento.com.br/
Para ler, ouvir ou meditar, recomendamos, além da BÍBLICA
SAGRADA, devocionários com meditações diárias, Castelo Forte e Cinco
Minutos com Jesus, livros como:
Cabelos brancos – cuca fresca – A
arte de viver com alegria e esperança. Richard Bimler. Concórdia, Porto Alegre,
2013.
Idosos e felizes –
Compartilhando experiências da vida com Deus. Rosemarie K. Lange (Org.),
Concórdia, Porto Alegre, 2010.
Nosso socorro vem do Senhor –
Meditações para idosos. Eugenio Dauernheimer. Concórdia, Porto Alegre, 2018.
Pequeno
Tesouro de Orações – Orações, salmos, hinos e Catecismo Menor. 14ª
edição. Concórdia, Porto Alegre, 2019.