“Deixa eu te contar uma
história...”. Assim foi o início de muitas conversas com o meu avô. Em cada
história que ouvia ao redor do fogão à lenha, numa casa simples, no interior do
Paraguai, minha mente viajava no tempo. O prazer em contar histórias para o seu
neto cheio de curiosidade, tornava cada detalhe ainda mais interessante, e, às
vezes, até mais fantasioso. Entre causos engraçados e sérios, ele compartilhava
suas lembranças, que aos poucos se misturaram com as minhas, ao ponto que hoje carrego
meu avô através de suas histórias.
Contar histórias sempre foi
algo muito comum na convivência de muitas famílias e entre amigos. Sentar-se
para lembrar uma história numa roda de chimarrão, comendo churrasco ou tomando
café, está entre as coisas mais prazerosas do convívio. Um prazer que o mundo
todo aprendeu a usar em todos os setores da comunicação. A área de publicidade,
por exemplo, tem explorado histórias, usando esse prazer das narrativas para
atrair seus clientes. Assim como a publicidade, a era da informação e da
imagem, que vivemos, tem utilizado a narrativa como sua forma de maior
comunicação. Afinal, bons livros, bons filmes e boas séries são boas histórias,
e elas têm inundado o nosso dia a dia.
Quando o assunto é Bíblia, o
que vem à mente são muitas histórias ou talvez uma grande história de Deus com
o seu povo. Histórias que invadem o imaginário de crianças e adultos. Histórias
de grandes guerreiros, de milagres fantásticos, de uma criação perfeita e do
paraíso. Nas falas de Jesus, as histórias são ainda mais presentes. Além das
muitas parábolas, Jesus ouve pessoas. A história da caminhada de Jesus se
mistura com as histórias daqueles que mudaram sua vida a partir de um encontro
com ele. Não somente os personagens bíblicos, mas pessoas de todos os tempos,
todos os que creem nele.
A história de Cristo e da
salvação é a história de todos. Tão pessoal e íntima como a terra natal e a
família. A história dos cristãos se mistura com a história de Cristo pela água
do batismo e pela fé. “Fomos sepultados com ele na morte pelo batismo, para
que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim
também nós andemos em novidade de vida” (Romanos 6. 4). Quando Cristo morre na
cruz, morre a morte de toda a humanidade, para que também todos sejam
ressuscitados pela fé nele. Olhar para a cruz é ver os pecados de nossa
caminhada pregados nas mãos de Cristo. Olhar para a cruz é também ver o nosso
futuro, a continuação da nossa história eternamente.
A vida de Cristo na vida das
pessoas muda a forma como olham para a própria história. São marcados pelo
perdão e pela misericórdia, são consolados pelo amor de Jesus. São trazidos
para uma nova vida, que vive da cruz de Cristo. Isso mudou a história da
humanidade e a forma como o ser humano olha para si mesmo.
A história de Cristo na vida
das pessoas transforma a maneira de testemunhar. Existe sempre uma grande
ansiedade em apresentar aquilo que se crê. Afinal, a teologia tem uma linguagem
técnica, e há milhares de livros para ler. “Não me peça para falar de salvação,
não tenho as palavras certas!”, alguém poderia dizer. De fato, uma preocupação
coerente, mas, e se fosse tão fácil como contar a sua história? Quando o
momento de falar de salvação surgir, não tenha medo, conte sua história!
Compartilhe suas lembranças de uma vida com Cristo. Entregar a sua história para
alguém é lhe entregar Cristo, algo tão simples, mas que pode impressionar
crianças e adultos. Seja ao redor de um fogão à lenha ou na oportunidade que
Deus conduzir, não deixe de contar sua história, pois a sua caminhada começa e
termina na cruz!
Gabriel Schmidt
Sonntag