Pesquisas e estudos antropológicos
chegaram a uma importante constatação: o ser humano, do ponto de vista
biológico, é o mais fraco e frágil entre todos os seres vivos da natureza. Essa
constatação leva à seguinte conclusão: os indivíduos humanos são os que têm maior
dependência uns dos outros comparada aos demais indivíduos de outras espécies. Essa
dependência se manifesta ao longo de toda vida, contudo, há duas fases bem
distintas em que ela se evidencia de forma mais perceptível: na infância e na velhice.
É importante que tenhamos clareza
quanto ao modo como se processa essa dependência. A partir da concepção, quando
se dá o início da vida humana, ela é total, mas a partir do nascimento haverá
um decréscimo gradativo, o indivíduo tenderá a adquirir certo grau de autonomia
e liberdade (jamais será total e plena). Esse processo se dará nos primeiros
vinte anos de sua existência. Na fase adulta, o indivíduo exercerá e
desenvolverá essa autonomia e liberdade dentro de certos limites. Porém, na
velhice, o fenômeno se inverterá. A partir dos sessenta anos, conforme a Organização
Mundial da Saúde – OMS, o indivíduo, devido à debilidade natural do organismo, necessitará
de vários cuidados, especialmente, os relativos à sua saúde física. A média de
vida mundial, tendo como referência dados estatísticos, está em torno de oitenta
anos. Deduz-se daí que os últimos vinte anos de vida das pessoas serão marcados
por um rápido decréscimo geral e com significativa perda gradativa de autonomia
e liberdade.
É nesse período da vida que surge um problema crucial com duplo
viés: 1º) o indivíduo “envelhecente” resiste a aceitar esse fato e, 2º) os que
estão à sua volta (a família) não estão preparados para assumir a administração
e o gerenciamento desta realidade. É nesse momento da vida que, mais cedo ou
mais tarde, necessitaremos do apoio de outra pessoa, ou pessoas, para nos
auxiliar em certas atividades do dia a dia.
Não há dúvida de que o
ambiente ideal para o idoso é o seio da família. Porém, devido às
características da vida moderna, nem sempre o lar e a família são o melhor
contexto para os idosos terem atendimento de qualidade para as necessidades que
a idade lhes trouxe. A rotina da casa, espaços reduzidos, horários
desencontrados são, entre muitos, os problemas mais comuns que tiram do idoso
sua comodidade e tranquilidade.
Provavelmente, você que
está nessa idade ou próximo a ela, tenha se feito essa pergunta: “Quem cuidará de
mim quando eu envelhecer?”
Se a sua resposta for “Eu mesmo”,
excelente, afinal, tudo que esperamos é chegar bem à velhice, mantendo a saúde
e a autonomia. Levar uma vida saudável, com boa alimentação e atividade física é
o fator determinante para o idoso ter vida com qualidade. Porém, e sempre há um
PORÉM, não é possível anular uma lei natural de que nos tornamos fracos e
débeis necessitando de amparo. Essa é a mais pura verdade. Sim, precisaremos,
em algum momento lá na frente, de alguém que cuide de nós, e isso deve ser previsto
e aceito como privilégio de ter obtido,
como bênção de Deus, uma vida longeva.
Seja sincero consigo e
analise a seguinte situação: se, hoje,
por não ter condições de sozinho fazer alguma atividade diária, tal como tomar
banho, alimentar-se ou dar uma volta no quarteirão, teria alguém próximo para
dar-lhe apoio?
O fato é que hoje grande
parcela da população idosa está carente dessas e de outras necessidades e, por
isso, precisa de suporte para o seu dia a dia. Circunstâncias como: doenças crônicas,
resultantes de incapacidades físicas ou mentais, demandam cuidados de longa
duração. De cada três idosos no país, um apresenta limitação funcional. Preste
atenção a esse dado: 80% dos idosos em suas residências não podem contar com
familiares nas horas em que necessitam de algum auxílio. Pesquisas revelam que grande parte dos
idosos permanecem sozinhos, por várias horas, em casas e apartamentos e, o mais
preocupante, eles estão expostos a acidentes, cujas consequências podem ser
leves ou graves e, nesse caso, com risco de lesões limitantes ou, o pior, a
perda da vida. Também há risco de dano ao patrimônio da família (incêndio).
O “Estatuto do Idoso”
surgiu como fruto de uma preocupação em torno da necessidade do idoso de
cuidados com qualidade a fim de ter uma velhice digna e humanizada. Também é importante
salientar que a Bíblia sempre teve essa preocupação, e é por isso que, em
inúmeros versículos, alerta quanto ao cuidado que deve ser dispensado à criança
e, tanto quanto ao idoso, em decorrência de nosso amor a Deus e ao próximo.
Um
lar para idosos
Dentro desta perspectiva,
um grupo de membros da Igreja Evangélica Luterana do Brasil – IELB, do Distrito
Porto-Alegrense (DIPA), formou uma Associação para construir um Lar para Idosos. A Associação Evangélica
Luterana do Idoso – AELI, fundada em 6 de junho de 1989, reunindo diversos
esforços e contando com alguns colaboradores, edificou um prédio especialmente
projetado para ser, de fato, um lar para idosos,
de acordo com padrões de qualidade e dignidade humana. E, desde o ano 2000, o
Residencial da Colina não é um asilo, mas, de fato, um espaço condigno com as exigências
legais e de acordo com uma filosofia que prioriza o bem-estar humano e social
dos que tiveram o privilégio de atingir essa fase final da vida terrena.
Todos os aposentos são
individuais, mobiliados e com banheiro privativo. Os ambientes comuns, como
salas de estar e refeitório, possuem ar condicionado. Além disso, há um lindo
jardim de inverno com ampla área envidraçada, sendo um ambiente muito
acolhedor. Há, também, um amplo salão aclimatizado para múltiplas atividades.
A cozinha possui
equipamentos adequados para oferecer refeições nutritivas e de qualidade. O
cardápio é previamente programado por uma nutricionista e devidamente preparado
por uma técnica em nutrição. O alimento é preparado por servidoras de cozinha treinadas
para confeccionar os pratos de acordo com as exigências das boas normas técnicas.
São oferecidas três refeições diárias básicas: café, almoço e janta; e, três lanches
intermediários: manhã, tarde e noite.
O ponto alto é o serviço
de saúde que cobre as vinte e quatro horas do dia. Este serviço é exercido por
um quadro funcional composto por uma MÉDICA geriatra, ENFERMEIRA padrão, TÉCNICAS
em enfermagem e CUIDADORAS. A enfermaria segue os padrões técnicos da Agência
Nacional de Saúde – ANVISA e Conselho Regional de Enfermagem – COREN, mantendo
os registros dos prontuários em dia, administração dos remédios, banhos e
demais cuidados que compõe a rotina de cuidado e atenção necessária ao residente.
Para o bem-estar emocional
são mantidas atividades com uma terapeuta ocupacional e uma recreiacionista, que,
não por um simples passatempo, porém para o exercício da memória e da atividade
física adequada à idade, desenvolvem jogos pedagógicos vitais para a boa
qualidade de vida e socialização dos idosos entre si. O dia da semana mais
aguardado é a terça-feira, pois, após o lanche da tarde, é realizado o bingo
que contempla os ganhadores com pequenos brindes oferecidos pelo Residencial.
Durante o ano são
programados eventos especiais para as datas comemorativas, tais como: Páscoa,
Dia das Mães, Dia dos Pais, Dia dos Avós, Dia do Idoso e Natal, além de ser
realizado o chá dos aniversariantes. Nos eventos, conforme suas
características, são convidados familiares e amigos dos idosos para a
integração entre o Residencial e a comunidade em geral.
Como prevê o Estatuto do
Idoso, o Residencial mantém um atendimento espiritual sem imposição de credo religioso,
mas proporcionando atividades ecumênicas com a livre participação dos residentes.
Além da Igreja Evangélica Luterana do Brasil (IELB), o atendimento espiritual é
aberto à Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB), à Igreja
Católica Apostólica Romana e à Igreja Evangélica Assembleia de Deus.
Eventualmente recebemos também a visita de outras denominações que trazem suas
mensagens de fé e conforto na Palavra de Deus.
O Residencial é composto
por um quadro funcional que atende as mais diversas necessidades dos idosos:
lavanderia, serviço de limpeza e manutenção geral. Há serviços terceirizados,
tais como: manicure e cabeleireira, fisioterapeuta e psicólogo.
A administração do
Residencial é exercida por um gerente e por uma assistente administrativa que
atendem às demandas internas e externas que a rotina da casa requer.
O espaço em torno do
prédio é amplo, com jardins, árvores frondosas, gramado, floreiras e protegido
por cerca elétrica para oferecer maior segurança. Há também um sistema de
monitoramento por câmeras que auxilia na identificação das necessidades dos
idosos enquanto estão em deslocamento em corredores e na tomada do elevador.
É oportuno salientar que
há importante integração entre crianças e jovens de outras instituições e os idosos
do Residencial da Colina. Há um interessante e significativo intercâmbio de
visitação com creches e escolas, proporcionando convivência entre essas faixas
etárias.
E, para concluir, queremos
destacar que o mais recente empreendimento, corajoso e ousado da AELI, é a
instalação de placas fotovoltaicas. Esse investimento dará uma considerável
economia mensal no consumo e autonomia de energia elétrica. Esse empreendimento
foi possível graças a uma doação recebida.
A AELI é administrada por
uma Diretoria Executiva, um Conselho Gestor e um Conselho Fiscal; no conjunto,
é composta por quinze membros. Não é fácil administrar um Residencial que é
responsável por vidas humanas. Porém, mesmo em meio a muitas dificuldades, Deus
tem abençoado esse empreendimento, e a ele rogamos para que sempre nos permita,
com seriedade e determinação, levar em frente esta obra a fim de cumprirmos
nossa missão de amor a Deus e ao próximo.
Conheça mais sobre o Lar Residencial da
Colina em aqui.