Em 2019 as coisas foram, e ainda
continuam em 2020, muito difíceis em Moçambique. Os irmãos luteranos ainda
estão passando por dificuldades pós ciclone Idai, e também o Kenneth. O Idai
devastou o centro do país, e o Kenneth, o norte do país, trazendo destruição,
mortes e muitas doenças após a sua passagem. Infelizmente a fome pegou carona
na tragédia e atingiu muitas pessoas, pois no sul do paií, que não foi atingido
pelos ciclones, sofreu com a terrível seca.
Quando veio a ajuda
humanitária de vários países, que deveria ser usada para saciar a fome do povo,
grande parte dos recursos foram desviados para aplicar em campanhas eleitorais.
Com isso o povo, que já sofria, continua à mercê da própria sorte. Todavia, a
fé gerada pela pregação da Palavra fez que os irmãos moçambicanos pudessem
dizer em oração: “Eu, um pobre sofredor,
gritei; o SENHOR me ouviu e me livrou das minhas aflições” (Sl 34.6). E Deus
generosamente lhes ouviu o clamor que veio de corações aflitos e tiveram a
ajuda: “O Anjo do SENHOR fica em
volta daqueles que o temem e os protege do perigo. Procure descobrir, por você
mesmo, como o SENHOR Deus é bom. Feliz aquele que encontra segurança” (Salmo
34.7-8).
Gratidão
pela ajuda humanitária
É tão verdadeira esta citação
do salmo de Davi, que Deus, em sua bondade, não deixou o seu povo desamparado.
O Senhor Deus mobilizou milhares de luteranos e não luteranos pelo mundo afora.
No Brasil, foi encantador ver que muitos irmãos movidos pela Palavra de Deus,
estenderam as mãos generosamente com ofertas e continuaram com as mãos
estendidas aos céus clamando a Deus pelo o socorro. Ainda está longe de tudo
voltar ao “normal” em Moçambique, mas em cada canto onde eu e o pastor Fernando
Huf passamos, nos 15 dias de novembro que lá estivemos, ouvimos cantos e louvores
a Deus pela vida dos irmãos luteranos que ofertaram e ajudaram a salvar muitas
pessoas da fome e da miséria. Ouvimos muitos testemunhos nesse sentido. Nos
lugares mais remotos, igrejas embaixo das árvores, outras cobertas com palha,
algumas com bancos, outras com algumas madeiras, outras esperançosas em receber
alguma doação, já fizeram tijolos, esperando ajuda para construir. Em alguns
lugares, os irmãos reuniram num só lugar quatro igrejas e nos aguardaram o dia
todo para nos saudar e dizer-nos que são imensamente agradecidos, por tudo o
que foi feito por eles. Já era noite quando os encontramos, saudamos e fomos de
volta ao Centro de Formação Luterano. É impressionante que depois de seis anos
indo a Moçambique, ainda me surpreendo ver como o povo, literalmente, corre para
ouvir e compartilhar a Palavra de Deus. Muitas pessoas, após o culto, correm
atrás do carro cantando e louvando a Deus por terem ouvido a Palavra de Deus, e
não tem idade, crianças, jovens, idosos, simplesmente impensável o quanto Deus
age na vida do seu povo. E como forma de agradecimento, eles ofertaram para nós
cabritos, galinhas, pombos, amendoim, mangas e bananas.
Novas
igrejas em novos locais
A cada semana, pelo menos um
ou dois grupos de pessoas, líderes de aldeias, desejam ter a Palavra em suas
mãos e a igreja na sua aldeia. Por exemplo, um grupo de cristãos na Província
de Manica, com mais de 100 fiéis, entraram em contato para unir-se aos cristãos
luteranos, pois tem ouvido os testemunhos dos irmãos, e isso cativa a todos.
Mas os trabalhadores ainda são poucos... orem pela igreja em Moçambique.
Em resumo, os trabalhos
ficaram assim em duas províncias:
PROVÍNCIA DE SOFALA, onde predomina a língua Chisena. Lá
onde está o Centro de Formação Luterano, os alunos tiveram aulas do módulo VI
da ETE (Educação Teológica por Extensão). Cabe lembrar que em 2020, existe uma
previsão de 18 novos formandos, mas claro que isso está diretamente relacionado
ao cumprimento das disciplinas e a obtenção das respectivas notas de avaliação.
Já os pastores formados e ordenados tiveram aula sobre Simbologia em Apocalipse,
conteúdo muito apreciado, pois os ajudam a compreender vários textos bíblicos.
Também a igreja recebeu literatura para os cursos, como bíblias de estudos, que
foram adquiridas com as ofertas dos cultos no nosso Seminário Concórdia. Nossa
sincera gratidão aos professores e estudantes do Seminário que participaram
deste projeto. Além disso, foram adquiridas mais de 320 bíblias em língua chisena
para as igrejas de fala Chisena, e bíblias em Shona para os irmãos de Chimoio.
Ainda realizamos a inauguração do sistema de águas na vila perto do Centro de
Formação, para assim tentar diminuir as mortes causadas por crocodilos, pois
quando as pessoas vão pegar água no rio Zambeze, ficam sujeitas ao ataque
destes animais ferozes. Realizamos o lançamento do Catecismo Menor de
Lutero em língua chisena e a entrega de certificados da ETE para alunos que
conseguiram, conforme cronograma do curso, atingir o cumprimento dos respectivos
módulos. Ainda, juntamente com os líderes da igreja local, tivemos oportunidade
de conduzir várias tratativas administrativas referente ao trabalho e a
continuidade do trabalho em Moçambique. Foram dias de muito trabalho, mas Deus,
em sua infinita bondade, não deixou de conduzir tudo. Fora isso, visitamos
várias congregações, pregamos a muitas pessoas e batizamos aproximadamente 190
pessoas. Num só culto, 89 pessoas batizadas. Realizamos uma série de cultos e
pregações, fortificamos os irmãos na fé, visitamos algumas igrejas recém-formadas.
Mesmo nas congregações já consolidadas e com liderança madura, foi importante
reforçar que Deus não descansa e está sempre disposto a nos dar novas forças em
meio aos tempos difíceis. Terminado o trabalho em Vila de Sena, Chemba, Cado,
Kapasseni e Mutarara, seguimos viagem para a Província de Manica, nas cidades
de Chimoio e Gondola e depois em Nhamamtanda. Fizemos visitas às autoridades
locais, onde, além de saudá-las, reforçamos o empenho dos irmãos brasileiros e
de várias partes do mundo em apoiar a reestruturação da vida em Moçambique.
Na
Província de Manica
Em Manica, a pedido das
lideranças locais, os irmãos tiveram aulas na área prática da fé cristã, desta
vez, sobre a Mordomia das Ofertas. Alguns encontros foram em igrejas cobertas
de lona e capim, outros embaixo de árvores frondosas, mas todos estão sendo
alimentados na Palavra e na graça de Deus. Eu os considero como os cristãos de
Beréia, pois são nobres como tais, revisando todo ensino à luz das escrituras.
Você pode encontrar aqui, um vídeo onde as pessoas cantam em Shona,
ao nos acompanhar morro acima, incansáveis. O canto revela de onde vem a sua
força e a sua esperança:NZIRAINGA AHH
NZIRAINGA ÍNE AHH NZIRAINGA NDI WIESSU: MEU
CAMINHO É JESUS.Sim! Os nossos irmãos em Chimoio são particularmente
muito especiais, pois antes de simplesmente aceitar o que lhes é ensinado, eles
querem conferir todo o ensino à luz das Escrituras Sagradas. Admiro esta
postura e incentivo a todos a procederem desta maneira. Depois de Chimoio,
fomos até Nhamatanda, o local que foi duramente castigado pelo ciclone Idai, e onde
foi montado um centro de ajuda humanitária para atender as vítimas da cólera. No
cenário e no semblante dos irmãos estão ainda estampadas as marcas da
tragédia, mesmo assim, a igreja cresceu, e um novo local recentemente foi
aberto, e mais uma congregação está pregando a Palavra de Deus.
Possibilidades
Moçambique
está repleto de possibilidades para o crescimento do povo de Deus. Mas peço e
insisto que você ore, ore sempre por todos os irmãos de lá, que em sua maioria
são recém convertidos à fé cristã luterana, e estão ansiosos em serem fiéis e
consagrados na Palavra. Mas em meio a tudo isso fica claro que o diabo tem
procurado colocar muitas pedras no caminho, mas cremos que muito maior é a
misericórdia de Deus. Peço que considere em seu departamento/congregação/distrito/família
abraçar esta causa também por meio de ofertas. As ofertas devem ser enviadas à
IELB, para o Fundo de Apoio a Projetos da IELB – FAPI. Isso pode ser feito aqui. Suas ofertas são muito
bem-vindas. E como já tenho escrito: DEUS ESTÁ SALVANDO UMA NAÇÃO POR MEIO DAS
SUAS MÃOS GENEROSAS. FAÇA PARTE DESSA HISTÓRIA.
Por
meio de todas as misericórdias derramadas, tenho certeza de que Deus está
salvando o seu povo em Moçambique e usa a cada um de nós neste trabalho. Que
todos nós, convictos, possamos dizer com o apóstolo Paulo:“Eu não me envergonho do evangelho, pois ele
é o poder de Deus para salvar todos os que creem, primeiro os judeus e também
os não judeus. Pois o evangelho mostra como é que Deus nos aceita: é por meio
da fé, do começo ao fim. Como dizem as Escrituras Sagradas: ‘Viverá aquele que,
por meio da fé, é aceito por Deus’” (Rm 1.16-17).
* texto em parceria com o pastor Carlos Walter
Winterle