No
dia 10 de junho, a Sociedade Bíblica do Brasil completará 72 anos. Mas sua
história é bem mais antiga. Por volta de 1800, no País de Gales, uma menina
chamada Mary Jones aprendeu a ler na escola. E seu desejo era ter uma Bíblia. Naquele
tempo, exemplares da Bíblia eram raros e caros. Ela pesquisou como poderia ter
o seu exemplar. Um pastor, numa cidade distante 40 quilômetros de sua casa,
vendia Bíblias. Mary Jones economizou e, quando conseguiu o dinheiro
suficiente, empreendeu, a pé, a viagem. Chegando à casa do pastor, ela ficou
triste. O pastor só tinha uma Bíblia na língua galesa. E ela já estava
encomendada. Mas o pastor, ouvindo a história da menina, disse: Essa Bíblia tem
de ser sua.
Depois
disso, o pastor começou um movimento para que nunca mais alguém ficasse sem
Bíblia. E, em 1804, na Inglaterra, foi fundada a Sociedade Bíblica Britânica e
Estrangeira. O objetivo era dar a Bíblia a todos, numa linguagem que pudessem
entender e a um preço que pudessem pagar.
Em
1808, por questões políticas, a família de Dom João VI, o Rei de Portugal, veio
ao Brasil e se estabeleceu no Rio de Janeiro. Com a sua chegada, ele declarou o
Brasil Reino Unido de Portugal e abriu os portos brasileiros às nações amigas.
Essa notícia chegou à Inglaterra. E a recém-fundada Sociedade Bíblica preparou
uma edição do Novo Testamento em português para ser enviada para Portugal e
Brasil. Esses Novos Testamentos chegaram em 1809. Desde esse tempo, existe o
trabalho de uma Sociedade Bíblica em nosso País.
Em
1948, logo depois da Segunda Guerra Mundial, os escritórios da Sociedade
Bíblica Britânica e Estrangeira e da Sociedade Bíblica Americana, instalados no
Brasil, foram encerrados. As igrejas cristãs brasileiras uniram-se para fundar a
Sociedade Bíblica do Brasil, com o lema “Dar a Bíblia à Pátria”. Esse é o
começo da história de um trabalho muito bonito com a Bíblia em território nacional.
No
começo desse trabalho, todas as igrejas uniram esforços para, com suas ofertas,
sustentar essa obra missionária. No dia 10 de junho e no segundo domingo de dezembro,
Dia da Bíblia, as igrejas costumavam levantar ofertas, para a Sociedade Bíblica
do Brasil poder realizar seu trabalho. E que trabalho era esse?
O trabalho da Causa da Bíblia
O
trabalho da Causa da Bíblia é amplo. Ele começa com a sua tradução. No Brasil,
logo pensamos na tradução em português. Para o português existem várias
traduções. Mas, para mais da metade das cerca de 180 línguas indígenas, não
existe nenhum trecho da Bíblia traduzido. A maior parte das novas traduções
bíblicas do mundo são feitas por Sociedades Bíblicas. Nas novas traduções, o
investimento financeiro realizado nunca retorna. É investimento missionário.
Sem ofertas, o programa de traduções avança vagarosamente.
Outro
trabalho feito na Causa da Bíblia é o de publicação da Bíblia. Este trabalho é
amplo, para que todas as pessoas sejam alcançadas. Para os cegos, a Bíblia é
impressa em braile e gravada em áudio. Para os surdos, a Bíblia está sendo
traduzida na Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS). Para as crianças, a Bíblia
precisa ser traduzida com fidelidade, mas numa linguagem bem simples. Hoje em
dia, além de impressas, as Bíblias precisam estar em áudio e em plataformas
digitais. Dessa forma, a Palavra de Deus pode estar acessível nos celulares,
tablets e computadores. Se você tem uma Bíblia no seu celular ou computador,
você foi beneficiado pelo trabalho das Sociedades Bíblicas. E, provavelmente,
você não pagou nenhum centavo para isso. O trabalho de publicação da Bíblia é
muito complexo e amplo.
Depois
vem a distribuição. Não basta ter as Bíblias disponíveis em algum lugar. É
preciso fazer com que cheguem às mãos das pessoas. Elas precisam chegar nos
rincões da Amazônia, no cerrado, nas periferias das grandes cidades, nos
grandes centros urbanos. A Bíblia precisa chegar a presídios, hospitais, casas
de recuperação de dependentes químicos, escolas e universidades.
Finalmente,
é preciso fazer com a Bíblia chegue na vida das pessoas de uma forma relevante.
Para isso, é preciso estimular sua leitura e desafiar o leitor a interagir com a
sua mensagem. Por outro lado, é preciso atuar junto à opinião pública para que
a Bíblia seja respeitada e tenha uma boa reputação. A Bíblia precisa
influenciar a sociedade. Tudo isso também é parte da Causa da Bíblia.
Faltaram Bíblias
Nos
últimos anos, a provisão de Bíblias no Brasil foi muito grande. Milhões de
exemplares foram impressos e distribuídos em nosso País. Muitos imaginaram a
Sociedade Bíblica do Brasil como uma grande empresa. As igrejas não sentiram
falta de Bíblias. Quando precisavam, havia Bíblias disponíveis em lojas. Alguns
até esqueceram que a Sociedade Bíblica do Brasil foi fundada pelas igrejas.
Esqueceram que havia algo que era chamado Causa da Bíblia. E foi preciso um
vírus chegar para mostrar que Bíblias estão faltando e podem vir a faltar cada
vez mais.
Com
a pandemia se instalando em toda parte, os governos decretaram quarentenas. As igrejas
foram impedidas de realizarem seus cultos presenciais. O comércio do que não
era considerado essencial teve de fechar suas portas. Bíblia parecia não ser um
artigo essencial para nenhum governo. Mas a Bíblia fez falta.
Num
cemitério em Manaus, corpos estavam sendo enterrados sem que ninguém desse
nenhum tipo de assistência espiritual. Um pastor ficou incomodado com isso. E
ele movimentou um grupo de pessoas a doar Bíblias e começou a pregar o
evangelho naquele lugar. O ambiente mudou para melhor. O mesmo ocorreu nos
presídios, debaixo de viadutos onde estavam os sem-teto, nas distribuições de
cestas básicas, onde foram incluídas Bíblias. Mas faltaram Bíblias.
A
mensagem que esta história nos deixa é a seguinte. Temos de voltar a ofertar
para a Causa da Bíblia. A Sociedade Bíblica do Brasil deve voltar para a nossa
agenda. Devemos ofertar para que sempre haja abundância de Escrituras. Devemos
orar mais em favor dessa Causa. Nosso coração deveria arder de fervor
missionário, sempre que somos lembrados dessa história. A Bíblia não pode
faltar.
Serviço: Hoje, 10 de junho, a Sociedade
Bíblica do Brasil irá celebrar os seus 72 anos num culto especial transmitido
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Erní Walter Seibert
Diretor-executivo da
Sociedade Bíblica do Brasil (SBB)