O agricultor


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09/07/2020 #Reflexão #Editora Concórdia

Jesus espera dos produtores rurais cristãos a coerência entre a fé cristã e a ética na produção de alimentos

O agricultor

     Um fato curioso é a valorização do agricultor de tempos em tempos. Ela acontece em períodos de secas e inundações, guerras e pestes, incêndios e geadas, quando a agricultura é diretamente atingida. Os resultados destes fenômenos são a escassez dos produtos comestíveis. Então se lembra que agricultor é uma profissão essencial. Essencial é o indispensável! “Da agricultura, todo Estado depende.” (A. Clarke).

     A função do agricultor é guardar e cultivar a terra, conforme Gênesis 2.15. A Bíblia de Estudo da Reforma comenta este texto: “O homem é colocado no jardim para cultivá-lo como mordomo de Deus e gerente da criação”. O homem recebeu um importante trabalho: produzir para ele e para os outros. Está aí a vocação original do agricultor.

    A humanidade descobriu que não é possível viver apenas da exploração da natureza. Há limites. A produção de alimentos, em tempos modernos, foi desenvolvida através da agricultura com a ajuda da tecnologia. Aumentou a demanda por alimentos com o êxodo rural e o processo de urbanização. Aumenta a população mundial a cada ano. Aumenta também a fome.

     Aumenta a responsabilidade dos agricultores: a função ética do cuidado! O uso indiscriminado de agrotóxicos não é investimento na vida. Lutero, em uma oração, escreveu: “Muitas desgraças são causadas pelo ar envenenado, e, em consequência, os frutos, o vinho e o cereal estão contaminados” (Agenda Pastoral, Concórdia, 2018). Jesus espera dos produtores rurais cristãos a coerência entre a fé cristã e a ética na produção de alimentos. É a ética da vida! O rei Uzias, de Judá, era amigo da agricultura (2Cr 26.10). O amigo da agricultura, no sentido mais amplo, é o produtor que se preocupa com a saúde do consumidor final.

     A função social dos agricultores é defendida na Bíblia. Ela contém determinadas leis sociais radicais para ajudar os pobres e os necessitados (Lv 25.6-7). Rute, a moabita, ancestral de Jesus, foi respigar no campo de Boaz. Respigar é pegar os grãos, as frutas, até pequenos feixes de trigo, por exemplo, deixados propositalmente na lavoura pelos colhedores para os pobres, conforme (Dt 24.19-21). Os salmos lembram os pobres e as viúvas. “Socorrei o fraco e o necessitado” (Sl 82.4a; Sl 68.5; Sl 146.7,9). Os profetas lembram essa função social: “Porventura, não é também que repartas o teu pão com o faminto [...]?” (Is 58.7).

    Jesus lembra a famosa frase “... tive fome e me destes de comer...” (Mt 24.35a). A igreja primitiva organizou o serviço social inclusivo para atender os hebreus e as viúvas dos helenistas. Escolheu sete diáconos para servir as mesas. O apóstolo Paulo motivou os macedônios a ofertar para os pobres da Judéia, entre eles os famintos.

     O dia 25 de julho é o Dia do Colono. Faz bem recordar a História do Brasil e da igreja. Os escravos africanos, os imigrantes europeus, os asiáticos, desbravaram o nosso país. A igreja luterana brasileira nasceu com os imigrantes alemães. Jesus conectou a matéria-prima da agricultura – o grão – com a sua missão. O grão de trigo semeado na terra morre para produzir muito fruto; assim, a morte e ressurreição de Jesus produziram uma colheita chamada igreja cristã (Jo 12.24). Nossa missão é semear o “Cristo para todos” com todas as suas implicações! 

Eduvino Krause Filho

Pastor conselheiro da LLLB, Domingos Martins, ES

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