Precisamos ter a sabedoria para ser uma igreja atuante no mundo real e também no mundo virtual.
Escrevo este texto
depois de mais um abençoado Conselho Diretor, que, pela primeira vez,
realizou-se virtualmente. Líderes da IELB, de todos os cantos de nossa nação,
dialogaram a respeito do “novo normal” e a postura de nossa querida igreja, na
busca de adequar-se à transformação profunda que esta pandemia trouxe à forma
de viver.
Nesse contexto, diante de tantas oportunidades e
estratégias, uma expressão continua vindo à minha mente: uma igreja híbrida. O
termo híbrido tem sido usado na área da educação para demonstrar justamente esse
novo cenário, essa mistura de atividades presenciais e digitais. Parece-me que
a barreira entre o real e o virtual está cada vez mais fina, se é que ela ainda
existe. E o ser igreja está nessa tensão do novo normal. Uma igreja híbrida
está com um pé no virtual, nas oportunidades que as redes sociais proporcionam,
e outro pé no mundo real, da comunhão, do calor humano, do estar na Casa do
Senhor para o dia de culto.
Fico muito feliz em ser pastor de uma igreja que não se
calou e não se escondeu atrás de uma pandemia. Justamente quando a sociedade
precisava de conforto e de palavras de orientação, não silenciamos, mas
proclamamos o Cristo para todos de uma forma pela qual até então parecíamos
discretos: o mundo on-line. Com a bênção do Espírito Santo, aprendemos ainda
mais a ser uma igreja confessional e missionária neste universo repleto de
oportunidades. E se este cenário do “novo normal” consolidou algumas marcas e
ações, percebe-se que nossa igreja luterana reforçou a imagem de uma igreja
séria, com credibilidade, comprometida com a Palavra de Deus e com uma
relevante mensagem para a sociedade.
Porém, como nem tudo são flores, precisamos ter a sabedoria
para ser uma igreja atuante no mundo real e também no mundo virtual. Por mais
que seja confortável e prático assistir a um culto de dentro de casa,
eliminando até mesmo os riscos dos grandes centros (violência, trânsito),
precisamos lembrar que o estar na casa do Senhor é importantíssimo. As facilidades
do mundo digital não podem apagar as palavras do Salmo 122: “Fiquei alegre
quando me disseram: ‘Vamos à casa de Deus, o SENHOR’”. Os sacramentos do batismo
e da ceia são presenciais. Sem falar nos maravilhosos encontros e congressos
que, no pós-pandemia, voltarão a ser realizados. E, claro, precisamos lembrar
que a comunhão cristã é um dos temperos que dão grande sabor à vida.
Depois que a poeira da pandemia baixar, não podemos esquecer
de continuar pisando no solo fértil do mundo on-line. Precisamos lembrar com
carinho do que o Salvador ressuscitado disse, no primeiro Domingo de Páscoa,
aos seus discípulos que estavam trancados e escondidos em Jerusalém: “Assim
como o Pai me enviou, eu também envio vocês” (Jo 20.21). O melhor conteúdo
temos em nossas mãos, em nosso coração, em nossos lábios: o amor de Deus.
Precisamos continuar indo, mesmo quando o “indo” for estático, dentro de uma
casa ou de um templo, diante de uma tela. Mas a mensagem cristã, esta sim,
continuará “indo” e alcançando pessoas de perto e de longe.
Igreja híbrida. Seria este um bom termo para expressar o
sermos uma igreja confessional e missionária diante dos novos tempos? Bem, a
resposta deixo a seu critério. Mas o excelente Conselho Diretor on-line que
tivemos foi um belo exemplo destes novos tempos.
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