Para falar da presença da Igreja Evangélica Luterana
do Brasil (IELB) no estado de Rondônia, é preciso primeiro falar da colonização
do estado. E antes disso, é preciso dizer que Rondônia, na época, não era um
estado, era Território Federal. A instalação do
Estado de Rondônia deu-se em 4 de janeiro
de 1982.
A colonização
No ano de 1968, o governo federal concluiu a
rodovia BR-364, ligando Cuiabá, MT, a Porto Velho, RO, um trecho de aproximadamente
1500 quilômetros de estrada de chão. E na década de 1970, o Instituto Nacional
de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), coordenou um projeto de distribuição
gratuita de terras da União em Rondônia.
A abertura da BR 364 e a distribuição de terras
atraiu um grande fluxo de agricultores e pecuaristas vindos de várias regiões
do Brasil. Dentre estes, muitos eram luteranos, vindos principalmente do estado
do Espírito Santo, mas também da região sul do país.
Como a IELB chegou em Rondônia?
No ano de 1970, o então presidente da IELB,
Rev. Elmer Reimnitz, sabedor da existência de luteranos no norte de Mato Grosso
e Rondônia, solicitou ao pastor Arno Krick, na época, pastor em Salvador, BA,
que fizesse uma viagem de sondagem sobre as possibilidades missionárias ao
norte do Brasil. Este, em carta escrita ao presidente Reimnitz em 28 de julho
de 1970, relata em detalhes a sua viagem ao norte do Brasil, que durou 22 dias.
Depois de breve parada em Cuiabá, o pastor Krick deteve-se alguns dias em
Cáceres, MT, conversando com pastores de outras denominações e visitando
cidades na redondeza. De Cáceres, Krick foi para Porto Velho, capital de Rondônia,
onde ele diz que “não achei muita favorabilidade para a igreja, pois há já
diversas igrejas trabalhando. Talvez com os anos a gente consiga realizar uma
obra por lá”.
Felizmente não foram necessários muitos anos
para a IELB se estabelecer em Porto Velho. Em 1979, o estagiário Jorge Kopper,
vindo de Ji-Paraná, deu os primeiros cultos por lá. Hoje, temos em Porto Velho
quatro templos construídos,quatro
congregações estabelecidas e três pontos de missão.
De Porto Velho, Krick seguiu para Vila
Rondônia, hoje Ji-Paraná. Lá ficou sabendo que no interior moravam muitas
famílias luteranas, mas que ele não pôde visitar.
Finalmente dirigiu-se para Pimenta Bueno, que
ele descreveu como “um lugarejo de 190 casas”, distante 500 quilômetros da capital,
Porto Velho. Lá ele se hospedou na casa de Martin Discher, membro da Igreja
Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB). O pastor Krick relata que
Martin Discher dominicalmente dava estudos bíblicos e cultos para luteranos de
Pimenta Bueno, inclusive fazia batismos e dava santa ceia. Uma filha do sr.
Discher acompanhava os hinos tocando um harmônio.
O relatório do pastor Arno Krick foi decisivo
para a designação de dois pastores, recém-formados, no final de 1970, para
Cuiabá, MT: Egon Eidam e Evaldo Maron, para atenderem o Norte de Mato Grosso. Em
fins de março de 1971, ambos viajaram para Rondônia e, no dia 28 de março de
1971, realizaram o primeiro culto ao ar livre, em frente à residência de
Alfredo Stre, com a participação de 109 pessoas.
Duas semanas antes, a jovem Lindaura Stre, na
época com 17 anos já havia dado Escola Dominical para crianças. Assim, do pioneirismo
da IELB em Rondônia, faz parte o trabalho de uma jovem.
Em Rondônia, tanto a IELB como a IECLB iniciaram
os seus trabalhos a partir da cidade de Pimenta Bueno. Nos dois casos, os
primeiros trabalhos foram realizados por leigos.
O primeiro pastor da IELB residente em
Rondônia foi o Rev. Evaldo Maron. O pastor Egon Eidam continuou residindo em
Cuiabá, MT, de onde atendeu várias cidades do Norte do Mato Grosso.
Os desafios iniciais
O início dos trabalhos da IELB em Rondônia foi
desafiador. E sou testemunha disso. Em 1973, minha família mudou-se para
Pimenta Bueno, e presenciamos o trabalho consagrado do casal pastoral Evaldo e
Eleonora Maron. No começo, deslocavam-se em lombo de mula ou viajando em torno
de cinco horas num precário barco, andando por matas, onde podia haver onças e
cobras sucuris. Mais tarde, o trabalho foi facilitado porque uma congregação de
Cape Girardeau, Mo, Estados Unidos, atendida pelo pastor Ellis Rotmann, enviou
um auxílio para aquisição de um Jeep.
O pastor Maron logo percebeu que, em Cacoal –
uma vila em formação, hoje município com mais de 85 mil habitantes – havia
necessidade de uma escola. O poder público doou uma quadra, onde ainda havia
mato, que precisava ser desbravado. Para iniciar esta escola foi chamado o
professor Edgar Schütt, que, junto com membros, construiu a Escola Concórdia.
Essa escola teve seu início letivo em 1974, com 286 alunos.
O professor Edgar Schütt e a sua esposa
Marlene foram fundamentais para o início do trabalho da IELB em Rondônia. Pode-se
dizer que ele é um marco da educação em Cacoal. O professor Schütt, além das
atividades da escola, também fazia trabalhos da comunidade de Cacoal. No
primeiro semestre de 1975, quando o único pastor residente em Rondônia teve de
ficar no sul do Brasil em função de tratamento de saúde da esposa, o professor Schütt
fazia sozinho todo trabalho da IELB em Rondônia, atendendo a escola, dando
cultos de leitura, instruções, estudos bíblicos e fazendo sepultamentos.
Primeira capela
Na mesma época, uma família dos Estados Unidos
doou o valor de 70.000,00 cruzeiros para a construção da primeira capela e da
primeira casa pastoral em Pimenta Bueno, que foram inauguradas dia 2 de junho
de 1974. No evento histórico, a IELB foi representada pelo então secretário de
Comunicação da IELB, Rev. Leopoldo Heimann. Ele, juntamente com o pastor Egon
Eidam, o professor Erno Oscar
Koller e a esposa Telma, viajaram de Cuiabá para Rondônia num fusca, num
trecho de mil quilômetros de estrada de
chão. Que aventura!
No culto de inauguração, o pastor Heimann pregou
sobre o texto de Gênesis 28.16,17, “O Senhor está neste lugar”. Estive presente
no evento, tinha 12 anos, e me lembro do sermão dele. Heimann disse que,
naquele momento, nenhum dos grandes meios de comunicação do Brasil estavam
anunciando a inauguração da primeira capela em Rondônia, mas que os anjos do
céu estavam cantando, comemorando aquele evento.
A expansão
De Pimenta Bueno, a IELB logo se
expandiu em Rondônia. Hoje está presente em 44 municípios, contando com 12.133
membros, 26 paróquias, 138 congregações, 37 pontos de missão e 3 distritos. De
Rondônia, a IELB se expandiu para o Amazonas, o Acre e o Norte de Mato Grosso.
Também houve trabalhos realizados na Bolívia. Mais informações sobre a IELB em
Rondônia, acesse: https://www.ielb.org.br/encontre-uma-igreja
Esta publicação é apenas um
extrato, um resumo do muito que aconteceu no trabalho da IELB em Rondônia. Ainda
há muitos outros personagens, histórias e lugares a serem lembrados, mas não há
como mencionar tudo e todos aqui. Isso seria assunto para um outro momento,
quem sabe, um livro... SOLI DEO GLORIA!
Bibliografia
DA
CUNHA, Eliaquim Timotéo; MOSERI, Lilian Maria. Os projetos de colonização em
Rondônia. Revista Labirinto, Ano X, n.14, dez.2010. Disponível em: <https://www.periodicos.unir.br/index.php/LABIRINTO/article/download/938/922>.
Acesso em: 10 dez.2020.
Há
esperança para o teu futuro. Mensageiro Luterano, nov.1974, p.5-9.
Nossa
Igreja em Rondônia. Mensageiro Luterano, jun.1982, p.4-8.
Carta
de Arno Krick a Elmer Reimnitz, 28 de julho de 1970.
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