A cruz da IELB não surgiu de uma hora para outra. Ter
uma identificação própria era um propósito antigo na IELB. Um passo mais
decisivo foi dado na Convenção Nacional de janeiro de 1986, que decidiu ter uma
“identificação padronizada nas placas ou luminosos, guias telefônicos
etc., de igrejas e templos, capelas e locais de culto...” (Mensageiro Luterano fev.mar.1986, p.45). Esta convenção, porém,
não decidiu o formato desta “identificação padronizada”. Somente cinco anos
depois, no Conselho Diretor da IELB de maio de 1991 é que foi aprovada a cruz
da IELB.
Cinco anos foi o tempo para a logomarca amadurecer.
Foram analisados mais de 20 projetos, até se chegar ao que temos hoje, cujo
trabalho foi liderado pelo então secretário da IELB, professor e jornalista Astomiro
Romais. A ideia central do projeto era uma cruz. A cruz sempre lembra a morte
de Cristo pelos nossos pecados. É na cruz de Cristo que Deus nos reconciliou consigo.
E a mensagem da cruz precisa ser anunciada de forma contextualizada. O modelo
escolhido tinha linhas modernas e arrojadas com o propósito de ser anúncio da
mensagem da cruz para os nossos dias.
A cruz
da IELB é uma cruz estilizada. As suas hastes são como flechas indicativas da
missão da igreja, que apontam para os quatro pontos cardeais do planeta. Dentro
dela podemos ver a letra “L” que significa que os luteranos estão comprometidos
com a mensagem da cruz. Encontramos a letra “B” de Brasil, que é o país e o povo onde a IELB está inserida. Encontramos a letra “I” de Igreja, a letra “E” de Evangélica e Evangelho.
A cruz da IELB não é um símbolo comum a toda a igreja
cristã. Ela é uma logomarca da instituição IELB, cuja função é identificar a
IELB e não a igreja cristã num todo. Por isso ela foi registrada como
propriedade da IELB, cujo uso legal está restrito à IELB. A data do
registro junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), é
20/04/2010.
Sendo
uma logomarca, é desejável que ela esteja em lugares visíveis nas
instituições e congregações da IELB e nas suas publicações. No entanto, ela não foi criada para ocupar
o lugar de símbolos litúrgicos universais da fé cristã, como da cruz vazia e do
crucifixo. O altar
e seus ornamentos identificam Cristo e a sua obra em favor dos pecadores,
enquanto, que a cruz da IELB identifica uma instituição. A IELB prega o “Cristo crucificado”
(1Co 1.23) e não a sua logomarca.
A cruz
da IELB é uma cruz, é verdade, e bonita, por sinal. E por esta razão ela poderia
integrar os muitos desenhos de cruzes do cristianismo. Porém, no conjunto da
sua obra, ela tem elementos, além da cruz, que identificam a IELB e os seus propósitos.
Em 2015 houve um trabalho de atualização da marca pela designer Arina Blum, lançado na reunião do Conselho Diretor daquele ano. Foram feitas pequenas adequações na “cruz” e foi redesenhada
a escrita do nome da IELB, que agora não possui mais uma fonte específica, mas
as opções de nome e de sigla são desenhadas. Arina também produziu o manual de
identidade visual da IELB, o que pode ser acessado no link que segue:
https://www.ielb.org.br/downloads/conteudo/392/manual-de-identidade-visual
Ao longo de 30 anos, a cruz da IELB cumpriu seu
papel de muitas formas. E
nos orgulhamos disso. E podemos almejar que ela esteja muito mais visível,
sempre mostrando que ali a IELB está presente para anunciar o Cristo
crucificado.
David Karnopp
Pastor em Vacaria,
RS
Fontes de
consulta
Mensageiro Luterano fevereiro/março de 1986, p.45
Instituto Histórico e Secretaria da IELB
E
nasce uma identidade visual
A criação e aprovação de uma marca
institucional é um processo complexo em razão de raras vezes conseguir agradar
todos os representados. Quando a Convenção Nacional decidiu pela criação de uma
logomarca em 1986, começou um processo de busca, de idas e vindas, debates e bate-cabeças.
Não é à toa que se diz que um camelo é um cavalo feito por uma comissão... Onde
um vê poá, outro vê estrelas. O pastor Nilo Figur era o secretário executivo do
Departamento de Comunicação; eu, que por anos havia trabalhado com ele na
comunicação, era secretário da IELB. Estava em nosso colo a empreitada. Ambos com
a pá na nuca.
Uma marca precisa ter
personalidade e ser representativa da identidade institucional, precisa estar
em sintonia com os propósitos dela. Estava posto o desafio. Com recursos
escassos para a contratação de uma agência, buscamos propostas no âmbito da
própria igreja. Com a divulgação, pipocaram sugestões, ofertas, ideias e
projetos de todos os lados – mais de 20. Algumas simplórias e amadoras, cheias
de boas intenções e técnica nenhuma, outras com um ilícito de traços, de ornamentos
e arabescos por demais complexos à compreensão de um primeiro olhar. Era
preciso que contivesse um pensamento maduro e que fosse ao mesmo tempo simples,
harmoniosa, clean, aplicável com e sem cor, algo que fizesse sentido para quem
está entrando na vida e, da mesma forma, para quem já tem o rosto rastreado de
rugas, para o academicamente titulado e para o singelamente analfabeto, para o
bem-nascido e para o pé-rapado.
Como à época eu cursava Comunicação
Social – Jornalismo na Universidade Federal, compartilhava algumas disciplinas
com o pessoal da Publicidade e Propaganda. Ocorreu-me propor o desafio a alguns
daqueles colegas que eu via criativos, dentre eles a Patrícia Tarasconi – hoje
morando nos EUA e trabalhando como designer gráfica na The Walt Disney Company –, que topou a provocação, junto com um
colega. Após o briefing e dezenas de dúvidas e cafés depois, nasceu o que me
pareceu interessante. Na reunião da Área de Comunicação do Conselho Diretor de
1991, sentados em círculo numa das salas do edifício Hartmeister, no antigo
campus do Seminário de Porto Alegre, e analisando as várias propostas até ali
recebidas, houve um consenso em relação a essa última. Com pequenos ajustes –
sugestões inteligentes de Nilo Figur, Martinho Krebs e Nilo Wachholz, se bem me
lembro – a arte sintetizava o que queríamos: uma cruz estilizada, simples, com
linhas arrojadas, modernas, com presença de conceitos básicos da igreja (veja-se
o artigo do pastor Davi Karnopp) e uma mensagem pronta a escorrer dos olhos ao
coração.
Se representada conforme o
original, mesmo depois de 30 anos, essa identidade visual continua moderna e bem
composta, porque sintetiza o valor, a essência e a personalidade da IELB. O fio
de sentido que costura e segura o tempo, a razão e a história da igreja é a
cruz. Passados todos esses anos, vejo a marca da IELB como algo belo, eloquente
e de uma virtuosa simplicidade que nos comove, identifica e abraça ainda hoje.
Astomiro Romais
Professor e jornalista