Pela sua graça, Jesus nos transforma em vasos novos, que refletem a grandeza da sua misericórdia.
Na região onde moramos existem muitos parques, lagos,
bosques, com vistas lindas do mar, e muitas rotas para caminhadas e passeios de
bicicleta. A administração da cidade tem muito zelo pela limpeza e cuidado para
com a natureza. Pessoas de todas as idades procuram estar ativas em caminhadas,
de bicicletas, principalmente no verão. As estações do ano são lindas, cada uma
com encanto próprio. Não cansamos de agradecer ao bondoso Deus pela beleza e
preservação da sua criação.
Durante o inverno, em uma de nossas caminhadas,
percebemos à distância, alguns objetos jogados, irreconhecíveis, enlameados e
cobertos de sujeira, que chamaram nossa atenção. Quando nos aproximamos, percebemos
que se tratava de cinco vasos. Estavam bem feios, alguns com escoriações, e
todos bem gelados. Mas pudemos notar que eram coisa fina e de grande valor –
feitos manualmente, com arte, cada um com tampa, relevos, gravados e pintados
com flores e cogumelos, bem trabalhados.
Resolvemos recolher os vasos. Procedemos com uma
limpeza minuciosa e os desinfetamos. Quanto mais os lavávamos, mais nos admirávamos
da sua beleza e perfeição. Alguns ainda apresentam minúsculos estragos, como
resultado dos baques sofridos. Hoje, restaurados, além de belos, são úteis e enfeitam
nossa casa.
Histórias como estas existem muitas. Mas o importante
é quando comparamos o achado e resgate dos vasos com a nossa trajetória de achados
e resgatados pelo Salvador Jesus Cristo. O salmista Davi expressa a analogia
com clareza:“[O Senhor] tirou-me de um poço de perdição, de um tremedal de lama;
colocou-me os pés sobre uma rocha e me firmou os passos” (Sl 40.2). Jesus ilustra
o fato da nossa perdição e resgate através de três histórias que conta no evangelho
de Lucas, capítulo 15: Como a ovelha perdida, a moeda perdida e o filho
perdido, estávamos perdidos e fomos achados! O apóstolo Paulo diz em Efésios 2:1: “Ele [Deus] vos deu vida,
estando vós mortos nos vossos delitos e pecados”. O povo de Deus expressa sua
gratidão pelo seu resgate através de hinos de louvor: “Jesus querido me foi
mandado, Jesus querido salvou-me a mim. Torno
a dizer: Deus tem amado, Deus tem amado também a mim”. Uma alma tem valor
inestimável ao coração de Jesus, e ele deu tudo de si para salvar o pecador.
Cegos, fracos, perdidos e condenados, não tínhamos
forças para sair do lamaçal e nos salvar a nós mesmos. Jesus nos salvou por
meio do seu sofrimento e morte na cruz. Ele provou o seu profundo amor, dando sua
vida por nós, sem nunca termos merecido. Somente o seu amor foi possível nos
alcançar e resgatar da profundeza do lamaçal. Pelo sangue vertido na cruz, Jesus
nos lava e purifica de todos os pecados, do poder do diabo, da morte e da
condenação eterna. Ele nos assegura: “Em verdade, em verdade vos digo:
quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna, não
entra em juízo, mas passou da morte para a vida”(Jo 5.24).Quem nele crê
tem a vida eterna.
A lavagem dos vasos foi detalhada, demorada,
imperfeita e material somente. Através do sacramento do santo batismo, Jesus
nos agracia de imediato com o lavar da nossa alma, de dentro para fora, concedendo
a nós as bênçãos do perdão, da vida e da salvação, pois o batismo é o lavar
regenerador e renovador do Espírito Santo (Tt 3.5). Todos os que são batizados
em Cristo, são revestidos com os méritos de Cristo(Gl 3.27). Pela
água e a Palavra, o batismo nos salva, sendo a remoção da imundícia do pecado e
a instauração de uma nova e boa consciência em comunhão com Deus pela
ressurreição de Jesus Cristo (1Pe 3.21). O Espírito Santo concede a nós os
tesouros eternos do lavar do batismo.
Pela sua graça, Jesus nos transforma em vasos novos,
que refletem a grandeza da sua misericórdia. “Se alguém
está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se
fizeram novas” (2Co 5.17). Como vasos
redimidos, temos uma nova perspectiva: fomos resgatados da morte para a vida.
Temos um novo desejo e força de seguir a Jesus. Pela ajuda do Espírito Santo,
desejamos testemunhar o seu amor para todas as pessoas. Agraciados com o perdão
e a salvação, queremos honrar, louvar e agradecer a Jesus, e com alegria servi-lo
todos os dias da nossa vida.
Como seus vasos novos, sabemos que enfrentaremos
provações. Continuaremos em meio à poluição e afetados por nossas próprias
tentações e fraquezas, bem como pela influência, desprezo e insultos dos que
rejeitam o seu amor. Em reconhecimento dos nossos pecados, suplicamos a Jesus com
sincero arrependimento, como na canção: “Senhor, quebra a minha vida e faze-a
de novo. Eu quero ser um vaso novo. Como tu queres, Senhor amado. Tu és o
Oleiro e eu o vaso”. Temos sua graça: “Se confessarmos os nossos
pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar e nos purificar de toda maldade”.
Sabemos, acima de tudo, que o Oleiro está conosco e
continuará a nos refazer, moldar, segurar e fortalecer com sua mão poderosa e
de amor. “Estas coisas vos tenho dito para que tenhais paz
em mim. No mundo, passais por aflições; mas tende bom ânimo; eu venci o mundo” (Jo 16.33). A sua
fidelidade será nossa força a cada momento: “Não temas,
porque eu sou contigo; não te assombres, porque eu sou o teu Deus; eu te
fortaleço, e te ajudo, e te sustento com a minha destra fiel” (Is 41.10).
Desejamos continuar unidos a Jesus em comunhão da sua
igreja. Como vasos de honra e não de desonra, queremos alimentar a nossa fé
pela Palavra e pelos sacramentos com regularidade. Queremos viver uma vida
consagrada e fiel, de oração, testemunho, amor e serviço aos nossos irmãos e irmãs
e a todas as pessoas com as quais Jesus nos coloca em contato.
Como na jornada dos vasos, que foram resgatados e restaurados
para proveito, que enfeitam nossa casa, queremos que o Senhor Jesus nos use
como seus vasos novos, refeitos e úteis, cheios do seu perfume, jorrando e
refletindo a grandeza e a beleza da sua graça em nosso falar e agir por meio de
uma fé viva e ativa em amor – a ele e ao próximo. Que assim seja. Amém.
No livro Moldados porDeus – Editora
Concórdia, 2018, lemos que somos vasos nas mãos do Oleiro. Vimos que Deus nos
dá a graça de participar de sua obra aqui na terra. E tudo começa quando ele
nos restaura. Mas o que é restaurar? O dicionário define restaurar como: ação
ou efeito de restaurar; reparar; conserto ou recuperação. Mas precisamos ser
restaurados? Será que não somos belos e perfeitos vasos? Verdadeiras obras de
arte do criador? Sem dúvida, o ser humano foi criado como a coroa da criação. O
auge, a obra-prima, a mais importante, a única que Deus fez com suas próprias
mãos.
Porém, isso foi antes; depois da desobediência de Adão
e Eva, todos nós, vasos moldados por Deus, somos defeituosos por natureza, sem
serventia, destinados a ser lançados fora e condenados ao inferno, “pois o
salário do pecado é a morte!” (Rm 6.23). Sem restauração não há salvação para
nós. E esta restauração não é uma decisão pessoal, muito menos uma ação
pessoal. O vaso é passivo, não atua, ele é moldado pelo oleiro. Somos totalmente
dependentes da ação de Deus. Como mortos, não nos mexemos, aliás, você sabe
qual é a única coisa que um morto pode fazer? Produzir mau cheiro. Isso mesmo.
E nossos erros, pecados, são bem malcheirosos, por isso precisamos do bom
perfume em nossas vidas: Jesus Cristo.
Jesus é o nosso restaurador: com sua ação em nosso
favor, de morrer por nós na cruz, ele nos restaurou. ”O salário do pecado é a
morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna.” E esse presente ele oferece
a todo que nele crê.
Você crê que, ao morrer na cruz, Jesus pagou por 100%
dos seus pecados? Se a sua resposta é: “Sim! Creio!”, dê graças a Deus, pois
ele restaurou você. Você é um vaso restaurado. E você sabe o que as pessoas
fazem com peças que são restauradas? Elas as utilizam, elas as expõem e as
mostram para que todos vejam. Assim é o nosso Deus. Ele nos restaurou e agora
nos usa, nos expõe, não para mostrar a nossa beleza, mas para que através de
nós o mundo veja como é grande e maravilhoso o amor de Jesus, o restaurador dos
relacionamentos quebrados e o restaurador entre Deus e a humanidade.
Oração: Querido Jesus, obrigado por restaurar minha vida.
Graças ao teu perdão, eu sou um vaso novo, útil e realizado. Cuida de mim e
protege-me para continuar crendo em ti, o meu Salvador. Amém.
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