Para elas, o virtual e o real não têm diferença. O mundo digital é uma extensão da sua realidade.
A cada semana nascem 2,5
milhões de crianças, o que significa que há uma estimativa para 2025 de que este
grupo seja em torno de 2 bilhões de pessoas. De quem estamos falando? Da
geração Alpha, que corresponde àqueles nascidos a partir de 2010. O que
isso implica, quais os desafios para pais, educadores e para a igreja é o que
nós queremos abordar no texto que segue, na perspectiva de levar a questão para
o debate dos leitores, bem como apontar algumas possibilidades para andarmos
juntos com essa geração.
Quando falamos sobre as
diferentes gerações e suas interrelações, na verdade o fazemos com o objetivo
de entender as suas características, que lhes são peculiares, e que nos ajudam
muito a compreender as razões das suas atitudes e comportamentos. Assim, poderíamos
mencionar as seguintes gerações: Baby Boomers (nascidos entre 40 e 60), Geração
X (entre 60 e 80), Geração Y – ou Millennials (entre 80 e 95), Geração Z (entre
95 e 2010) e a Geração Alpha (entre 2010 e 2025). Todas elas têm as suas
particularidades, que são o resultado do seu contexto histórico e social.
Como já mencionado, o objetivo
deste artigo é trazer informações sobre a Geração Alpha. Em geral, suas características
são de liberdade, versatilidade, questionamento, hiperconexão, curiosidade,
esperteza e indiferença. Vejamos como isso se dá na prática e quais são os
nossos desafios ao lidar com as crianças e adolescentes de hoje.
Enquanto as gerações Y e Z
nasceram no advento das tecnologias, como a internet etc., a Geração Alpha
nunca conheceu o mundo sem estas tecnologias. Ela já nasceu nesse contexto. A
tecnologia é uma realidade tal que esta geração não tem qualquer ideia de como seria
a sociedade no passado. As crianças dessa Geração crescem com as vozes da Siri,
Cortana e Alexa, e o assistente de pesquisa é o Google. Nasceram junto com
o iPod, Instagram e TikTok. Cerca de 90% desta geração aprende a manusear um
tablet aos 2 anos (quando não antes) e ganham o seu próprio aparelho entre 3 e
4 anos. Com o TikTok, por exemplo, as crianças se expressam criativamente
usando os vários diferentes efeitos, e a fácil edição dos vídeos. Esse é o seu
mundo.
Isso faz com que sejam também
conhecidass como iGeneration Glass ou Screenagers (geração das
telas). Para elas, o virtual e o real não têm diferença. O mundo digital é uma
extensão da sua realidade. A própria interação social é virtual. Elas veem o
mundo através das telas. Elas próprias transmitem seus jogos e seriados. Jogam
com os seus amigos, virtualmente. As visualizações dos seus vídeos sempre são
maiores que as dos adultos. Além disso, ajudam os pais com a tecnologia
digital. Na verdade, é uma geração que depende da tecnologia.
Talvez isso possa nos
assustar, mas precisamos aprender a lidar com essa geração. Esse é o grande
desafio da sociedade atual. Percebemos, por exemplo, que eles são mais
independentes e têm mais habilidade para adaptar-se às diferentes realidades. Até
mesmo o cérebro tem esta capacidade em adaptar-se ao novo. É possível que isso
seja assim porque os seus pais, na maioria, são das gerações Y e Z, que também
têm características de mudanças (de emprego ou de cidade). Nessa perspectiva,
percebemos que eles têm um grande interesse pelo novo e são mais estimulados a
isso, e acredita-se que, quando forem adultos, serão mais inovadores. Essa é
uma tendência natural e que não tem mais volta. Está diante de nós. Dá a
impressão de que todos os processos da vida para eles são mais acelerados.
Quanto às gerações anteriores, ou se adaptam ou são “engolidas” por essa nova
geração.
A Geração Alpha consome
toneladas de informações todos os dias, o que para algumas pessoas, significa
que eles aprendem muito mais rápido. Seriam mais inteligentes? O aprendizado é
superficial? São questões relevantes para os adultos, mas não são determinantes
para os Alpha neste momento. É importante salientar que a formação do indivíduo
nem sempre é caracterizada pelo seu conhecimento. Aliado a isso podemos incluir
os sentimentos que evidenciam o lado emocional, psicológico, social e também
espiritual do indivíduo. Até porque esta não é sua preocupação. Eles estão
voltados para o que acontece hoje, agora. São imediatistas e esperam que o
mundo seja adaptado às suas necessidades e interesses. É como se eles não
estivessem presos a algum sistema, com plena liberdade de expressão e
construção dos seus próprios saberes. O seu pensamento crítico os leva a não
perderem tempo com coisas menos importantes para eles.
Apesar desse quadro ser uma
realidade, ainda assim podemos criar mecanismos de diálogo, contrapondo com
outras possiblidades no viver diário junto aos da Geração Alpha. Pais e
educadores podem se aproximar e verbalizar suas impressões, desejos e
sentimentos, bem como construir processos que possam contribuir na formação
desta Geração. Mesmo reconhecendo todo esse contexto, é importante dar alguns
nortes que sejam matrizes na formação das crianças e adolescentes de hoje. Se a
interação social é virtual, podemos propor e executar, pelo menos no contexto
da família, da escola e da igreja, onde estamos reunidos com essa geração, uma
abordagem de interação que seja real, pessoal e corporal. Se em uma família,
por exemplo, a tecnologia é mal-usada pelos seus integrantes, especialmente os
adultos, o que esperar dos menores? A responsabilidade da interação social é de
todos os seus membros. Significa, então, menos celular, menos rede social, mais
diálogo, afeto e presença.
Por mais que esta geração não
faça diferença entre o virtual e o real, os pais e os educadores têm a responsabilidade
social e programática de criar rotinas para o uso da tecnologia, proporcionar
meios para outras brincadeiras, que não sejam os jogos online, a fim de que as
crianças e adolescentes possam ter também essa experiência na sua vida. Agindo
assim, minimizarão os impactos negativos. As brincadeiras de antigamente não
estão descartadas neste processo. O contato humano é extremamente importante. É
evidente que o conflito geracional vai continuar existindo, mas depende de
adultos desempenharem o seu papel visando dar o melhor para essa geração. O
melhor caminho sempre será conscientizar a todos para viverem os seus
diferentes papéis, seja como pais, filhos, professores, alunos ou amigos. É,
talvez, mais difícil, porém mais eficaz.
Outro aspecto importante a se
levar em conta é que há uma tendência de que esta Geração tenha dificuldade em
lidar com as frustrações, hierarquia e autoridades. Não deixa de ser uma Geração
mais mimada e que não aprende a ouvir o não. Muitos pais estão assoberbados em
seus trabalhos e, para não se incomodarem, deixam os seus filhos por tempo demasiadamente
longo diante das tecnologias, que é sempre muito rápida. Parece que isso traduz
também a necessidade de crianças e adolescentes terem em suas mãos
imediatamente o que querem. Querem respostas rápidas às suas demandas, o que
pode torná-las mais ansiosas. É evidente que precisam trabalhar o seu lado
emocional. É como se o mundo girasse em torno dessas suas conquistas. Além
disso, como são estabelecidas as relações de forma horizontal, o respeito à
hierarquia e autoridades é sempre questionado, e os diferentes espaços em que
vivemos parece que são a mesma coisa para a Geração Alpha.
Ainda na perspectiva de que vivem
no mundo real, mas que o virtual não constitui problema, são acostumados a
compartilhar suas experiências não somente com a sua família, mas com o resto
do mundo. Se concentram na construção de um mundo sem fronteiras ou formalidades.
Talvez nem mesmo tenham consciência disso, e os adultos, que fazem uma leitura
diferente, começam a perceber o perigo dessa exposição. É preciso sempre estar
atento aos diferentes comportamentos que as crianças apresentam no dia a dia.
De fato, é importante estar presente no seu processo de formação.
Diante do exposto, seguem
algumas outras sugestões para refletirmos sobre a Geração Alpha:
·Ela é uma realidade. Já estamos convivendo com
ela. É tudo muito rápido e diferente. Mas ainda podemos ter o comando das
regras sociais de convivência humana. Mesmo que isso signifique pressão, mas as
crianças precisam de nós.
·Os educadores têm um papel muito importante nesse
processo. Nem sempre a escola do futuro poderá ser a melhor escolha. Não
precisamos antecipar processos que visam tirar das crianças o seu direito de
serem crianças.
·Estabelecer rotinas irá contribuir nesse
processo educacional.
·Compreender a Geração vai ajudar muito pais e
educadores a encontrarem os melhores caminhos para a educação.
·Possibilitar atividades esportivas ajudará
muito a combater o sedentarismo, além de favorecer a exposição ao sol, tão
importantes para a saúde da criança.
·A igreja e sua liderança farão uma leitura
adequada desta Geração para ajudar tanto os pais como as crianças no
desenvolvimento da sua vida espiritual.
Enfim, grandes desafios o
Senhor Deus tem colocado diante de nós. Ele também irá nos capacitar para
entendermos melhor como funciona esta Geração Alpha. Num processo que envolve a
todos, vamos construir juntos os melhores caminhos para a formação dessas
crianças e adolescentes.
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