O cristão, no mundo, é conclamado a ser um político de acordo com evangelho
O estatuto da nossa igreja diz que
tanto a IELB como as congregações e pastores não se envolverão em política
partidária. O Código de Ética Pastoral lembra a mesma coisa aos pastores em exercício.
Isso não vale particularmente aos seus membros, que, pelo contrário, são
incentivados à concorrência de cargos políticos conforme aptidão de cada um,
onde podem ser exemplos de integridade. Até porque, quando o apóstolo Paulo
recomenda para vivermos de acordo com o evangelho de Cristo (Fp 1.27), “viver”
no original grego é politeuste, e uma tradução simpática seria “viver
politicamente”. Ou seja, o cristão, no mundo, é conclamado a ser um político de
acordo com evangelho. Mas, daí esta norma da IELB: Sínodo, congregações e
pastores não devem se envolver na política partidária.
As notícias mostram que nós, IELB,
estamos no caminho da sensatez. Outras igrejas, lideradas por pessoas com forte
influência ideológica, estão trazendo problemas à consciência de seus
seguidores e provocando divisão entre si. Tudo por conta de discussões
partidárias da “esquerda”, chamada de progressista, e da “direita”, conhecida
como conservadora. Esses líderes religiosos usam os púlpitos e a estrutura da
sua igreja para constranger seus seguidores a seguir o “escolhido de Deus” –
não Jesus. E no final, entregam a César aquilo que é de Deus.
É bom voltar à Bíblia, que diz: “Façam
tudo para conservar, por meio da paz que une vocês, a união que o Espírito
dá. Há um só corpo, e um só Espírito, e uma só esperança, para a qual Deus
chamou vocês” (Ef 4.3-4). Na congregação de Éfeso, com certeza, havia cristãos
com diferentes posições políticas, o que não impedia que tivessem “um só
Senhor, uma só fé e um só batismo”. Havia, sim, uma conflituosa divisão
cultural nesta igreja primitiva, mas Paulo insiste: “É por meio de Cristo que
todos nós, judeus e não judeus, podemos ir, pelo poder de um só Espírito, até a
presença do Pai” (2.18). E quando a tradição romana estimulava as armas e a
guerra, o apóstolo lembra qual a armadura e os inimigos do cristão: “Pois nós
não estamos lutando contra seres humanos, mas contra as forças espirituais do
mal que vivem nas alturas, isto é, os governos, as autoridades e os poderes que
dominam completamente este mundo de escuridão” (6.12).
No assunto ministério pastoral, Paulo
insiste com um pastor para ele ser ponderado, correto e dedicado a Deus, longe
das paixões humanas (Tt 1.8). Na época desta carta, havia confusão no papel da
igreja e do ofício pastoral, tanto que hoje as orientações apostólicas
permanecem como facho de luz num ambiente onde muitas igrejas brasileiras
tateiam na escuridão doutrinária, afastadas do ensino bíblico, denominações
religiosas que se tornaram reduto valioso do campo político e do poder de voto.
No entanto, permanece a regra bíblica: “Mas você, Tito, ensine o que está de
acordo com a doutrina verdadeira”.
Uma destas doutrinas diz que a igreja
de Jesus não depende do poder humano para cumprir sua função terrena, e muito
menos de instrumentos políticos para combater e perseguir aqueles que são
contrários à fé cristã. Importa lembrar que, enquanto os primeiros cristãos
eram perseguidos pelo império, hoje são os cristãos da prosperidade terrena e
do poder político que perseguem os adversários da sua “crença”. Paulo diz a
Tito para tomar cuidado com os fanáticos que se infiltraram nas igrejas e
distorceram o evangelho. Lembra que eles “estão cheios de ódio, são rebeldes, e
não são capazes de fazer nenhuma coisa boa” (1.16). Apesar da perseguição
romana, o apóstolo aconselha “respeitar as ordens dos que governam”. E contra o
ódio, pede aos cristãos para serem calmos e pacíficos.
Não podemos ser uma igreja com membros e pastores
alienados aos problemas da sociedade, NEM NOS OMITIR QUANTO ÀS INJUSTIÇAS
SOCIAIS DOS GOVERNANTES. Mas as regras de nossa IELB estabelecem uma linha
muito acertada do “aqui não”.
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