A tecnologia estava muito presente na igreja da Reforma
No ano de 1984, a previsão “assustadora” para o
presente século era de que as máquinas governariam os seres humanos, após uma
guerra apocalíptica entre seres humanos e robôs. Ou, pelo menos, era isso que
era apresentado no filme de ficção “O Exterminador do Futuro”. Normalmente a
ficção tenta traduzir a realidade presente na vida das pessoas para um mundo
imaginário. A ficção traduzia o medo que as pessoas tinham da tecnologia. Algo
bem atual, não é mesmo?
Elektro foi o primeiro robô humanoide. Criado
em 1938, por uma empresa americana, a Westinghouse Electric Corporation. Ele não fazia muitas coisas, podia
andar, falar, explodir balões e contar com seus dedos. Este ano, outra empresa americana,
a Boston Dynamics, fez um grupo de robôs dançarem música pop em sincronia.
Isso nos assusta? De modo nenhum! Mas é preciso sair da ficção e pisar com os
dois pés na realidade e no momento presente!
A tecnologia ganha cada vez mais força e
direciona as pessoas a se atualizarem. E parece que cada vez mais vivemos uma
realidade mais próxima do que era apenas ficção científica no século passado. Os
carros de hoje têm muito mais componentes eletrônicos do que carros do século
passado. Com o avanço das energias alternativas, já existem patinetes elétricos
não poluentes. E o que dizer dos carros elétricos que se dirigem sozinhos? E o
carro híbrido que voou por 35 minutos? Ligue para sua operadora de celular e
você irá conversar com um computador que lhe dará nove opções para o seu
atendimento! E cada vez estamos mais envolvidos com tecnologia e inovação. Mas
isso não é um impacto apenas nas grandes cidades! O que seria dos produtores de
leite sem as ordenhadeiras? Gostaria o agricultor de voltar à vida antes de
existir a colheitadeira? E os drones que já estão despejando defensivos
agrícolas nas plantações?
A sociedade caminha para uma vida com mais
tecnologia e com os benefícios que ela oferece. Mas que impacto isso pode ter
na sociedade? E na igreja?
O primeiro impacto é o da busca por capacitação,
e já está acontecendo. Novos recursos requerem novos conhecimentos, aos quais
não estamos habituados. É como adquirir um robô aspirador que limpa a casa. Não
basta comprar e apertar o botão de iniciar. É preciso ler o manual para
entender o funcionamento dele e seus benefícios. É preciso fazer um curso para
aprender a lidar com uma nova tecnologia, e isso, às vezes, requer tempo. Nós
estamos passando por uma fase, na história, que muitos já chamam de a quarta
revolução industrial, em que a tecnologia está cada vez mais próxima de nossa
realidade, e, ou nos adaptamos, ou seremos ermitões.
O segundo impacto é que, acostumados com a
tecnologia e fazendo um bom uso dela, é possível ter um novo normal de vida
sadio. Como um agricultor que conhece os benefícios de ter uma colheitadeira,
vivemos com os benefícios das tecnologias de hoje. Um mecânico de automóveis
que se atualizou e conhece componentes eletrônicos está à frente de seu tempo!
Todos estes impactos também recaem sobre a vida
do cristão luterano. O cristão luterano está se atualizando e buscando conhecer
as novas tecnologias. Estatísticas comprovam que, durante a pandemia, as
empresas aumentaram seus investimentos cerca de 65% em tecnologia e iniciativas
digitais. Talvez não tenhamos os dados internos da nossa igreja, mas,
possivelmente, seu pastor ou congregação investiram em alguma tecnologia neste
período de pandemia para continuar levando Cristo para todos.
Congregações investiram em mesas de som,
câmeras digitais e iluminação. Membros doaram equipamentos e valores para que
também a igreja estivesse à frente de seu tempo. Com certeza, há muita gratidão
em nossos corações por termos sido amparados em momentos em que não podíamos
nos reunir. Assim como um mecânico que se atualiza, ou como um agricultor que
aprende a lidar com um novo equipamento que beneficia o seu trabalho, a igreja
também buscou se inserir no mundo digital com o uso das tecnologias para levar
Cristo para todos.
No período da Reforma não foi muito diferente.
Não sabemos ao certo o que os reformadores imaginavam a respeito dos anos que
estavam à sua frente. Ainda não existiam o rádio nem a televisão. Mas eles
fizeram uso da tecnologia presente em seu tempo para também levar Cristo para todos.
A invenção da imprensa (1430) alavancou os escritos da Reforma por toda a
Europa. Panfletos eram distribuídos com mensagens da Reforma já em 1517. A
tecnologia estava muito presente na igreja da Reforma, e o uso dela facilitou
para que a mensagem chegasse a todas as pessoas e auxiliou na unificação da
língua alemã no país. E que bênção foi a imprensa para o Reino de Deus, não é
mesmo?
Nesse sentido, a Reforma não parou de
acontecer. Hoje, os cristãos luteranos continuam envolvidos com a tecnologia de
seu tempo para levar Cristo para todos. Os atuais filmes de ficção nos levam a
imaginar para o nosso futuro o mesmo que já víamos nos filmes de 1984. Mas
quando pisamos com os pés no chão, vemos uma realidade muito diferente do que a
ficção apresentou. Vemos carros menos poluentes, facilitações para a limpeza da
casa, automatização na agricultura para grandes demandas, tecnologia e inovação
envolvidas com nossas vidas. Como já dissemos, a ficção traduzia o medo que as
pessoas tinham da tecnologia, mas quando pisamos no momento presente vemos que
não é tão ruim quanto imaginávamos, não é mesmo? E nesse contexto estão as
igrejas de nosso tempo, levando Cristo para todos os cantos através das
tecnologias! “Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam
a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito” (Rm 8.28 – NAA).
Certo era aquele senhor de 80 anos, que disse: Não
falem mal da tecnologia. Eu presenciei a televisão, o rádio, o CD, o DVD e o
blu-ray, e vi a chegada do computador. As pessoas tinham medo do que elas não
conheciam. Mas veja quantos benefícios a tecnologia nos trouxe, e não sabemos
qual o impacto dessa tecnologia para daqui a 50 anos, mas ela é boa se
soubermos aproveitá-la.
Então façamos cada vez mais bom uso de toda
essa tecnologia e inovação que chegam às nossas vidas. Não para dependermos
delas, mas para tê-las a nosso favor e para o bem daqueles que estão à nossa
volta. “Nunca pergunte: Por que os dias passados foram melhores que os de
agora? Pois não é sábio fazer essa pergunta” (Ec 7.10 – NAA).
Ao celebrarmos mais um ano da Reforma Luterana,
vale a reflexão de que, se os reformadores fizeram um bom uso das tecnologias
de seu tempo, agora é a nossa vez!
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