Tomar uma decisão ou escolher algo faz parte da
nossa vida. Essas ações estão conosco todos os dias, desde o momento em que
acordamos, afinal, acordar em tal horário já é uma decisão, uma escolha. Porém,
muitas vezes, acompanhando um momento de decisão vem o que é contrário, a
indecisão. A indecisão coloca várias perguntas e questionamentos em nossa mente:
Será que realmente é isso que quero? Será que esta opção é a melhor para a minha
vida? Será que é neste caminho que devo seguir? O “será” acompanha os momentos
de indecisão. É fundamental procurarmos entender como Deus pode nos ajudar nesses
momentos, pois o “será” já é um sinal de que devemos refletir um pouco mais
antes de fazer uma escolha, pois tomar a decisão errada que pode mudar o rumo
de nossas vidas.
O
que fazer diante de um momento de indecisão?
É fundamental, antes de tomar uma decisão,
refletir sobre o impacto que ela terá na nossa vida. E aí vem a pergunta: O que
fazer? Será? Muitos vão atrás do que a astrologia diz através do horóscopo do
dia. Horóscopo é mero racionalismo, sem
fundamento para o cristão, por isso ele não vai ajudar de nenhuma forma a ter
um rumo em meio a uma indecisão. Outros até mesmo fazem simpatias, como colocar
um algodão em um cômodo da casa e orar pedindo que, se for da vontade de Deus
aquela decisão, que então Deus molhe o algodão. Imagine se for em um dia úmido
como os dias no sul do Brasil, o algodão vai molhar por causa da umidade e não
como um aviso de Deus. Mas o que fazer, então?
Primeiro, o cristão não deve “surtar” ou “subir
paredes”, mas, sim, pedir calma e uma luz de Deus através da oração. Como
Lutero mesmo enfatizava, “a oração é o suor da alma”. Quando estamos em meio a
momentos difíceis, como um momento de indecisão sobre qual rumo tomar, devemos
colocar a nossa angústia diante de Deus, pedindo a ele: “Senhor, acalme o meu
coração”, e não orar para que ele molhe o algodão, dando uma diretriz.
Segundo, temos uma bússola que é a nossa base
como cristãos, a Palavra de Deus. É ela que nos guia, e a partir dela temos a
revelação da vontade de Deus para as nossas vidas. O livro de Provérbios é um
exemplo disso, é um livro de sabedoria que traz muitos conselhos para a vida,
como em Provérbios 3.5-7, onde diz: “Confie no Senhor de todo o coração e não
se apoie na sua própria inteligência. Lembre de Deus em tudo o que fizer, e ele
lhe mostrará o caminho certo. Não fique pensando que você é sábio; tema o
Senhor e não faça nada que seja errado”. Grande conselho, não é? A Bíblia nos
dá dicas do que um coração temente a Deus não pode fazer, como estar indeciso
sobre tirar a vida de alguém, caluniar, difamar, trair, enganar; sabemos que a lei
de Deus não permite isso, dessa forma, não podemos ficar indecisos, e, perante
essas realidades, nossa escolha sempre deve ser seguir a orientação de Deus e
evitar tais transgressões.
Porém, como afirma George W. Forell (1999,
p.23): “A liberdade do homem é sua servidão. Existe uma escolha que ele não
pode fazer: Não pode deixar de escolher. Ele não pode fugir de sua liberdade;
ele é forçado a ser livre. Quer ele goste ou não, quer ele acredite ou não, ele
tem que viver tomando decisões constantes e inevitáveis”. Nem todas as
respostas frente à indecisão encontramos na Bíblia; diante disso, Deus nos deu
o chamado livre arbítrio, pelo qual o cristão toma a sua decisão sobre os mais
diversos assuntos da vida como: Em qual curso será que eu vou ingressar? Será
que eu compro o carro azul ou o branco? Será que eu faço este investimento?
Será que eu realmente me arrisco a entrar nessa? Em 1Coríntios 10.31, o
apóstolo Paulo aconselha: “Portanto, quando vocês comem, ou bebem, ou fazem
qualquer outra coisa, façam tudo para a glória de Deus”. Um termômetro para a
nossa escolha é, se o caminho que estamos tomando é para a glória de Deus ou é
para o nosso orgulho, por vanglória? Se tomamos uma decisão pensando nisso, não
estamos tomando a decisão correta, pois é apenas fruto da nossa vontade.
Deus nos deu a liberdade de escolha para as
coisas deste mundo. Mas com a liberdade vem também a responsabilidade. Adão e
Eva podiam comer qualquer fruta do jardim do Éden. Num dia comiam uva e
morango, no outro, melancia e abacaxi, tinham essa liberdade, porém fizeram a
escolha errada. Fizeram a única coisa que não podiam fazer; tiveram a opção de
escolher e escolheram a opção errada, e nós, até hoje, sofremos as
consequências dessa escolha. Quando temos a liberdade de escolher, temos que
enfrentar as consequências, temos que ter a responsabilidade de arcar com as
consequências. Eu posso escolher fazer ou não uma tatuagem, se eu optar por
fazê-la tenho que saber que vou carregar aquela marca para a vida, afinal a
escolha foi minha. Há liberdades que têm os seus limites, e esses limites
encontramos na bússola que guia a nossa vida. Se você escolheu o caminho errado
ou a opção errada, não pode terceirizar com afirmações do tipo: “Deus quis
desta forma”, “O horóscopo me mostrou este caminho”. Reconheça seus erros, peça
perdão e corrija seu rumo, e, se possível, siga em outro caminho, em uma
alternativa que seja correta perante a bússola que guia a vida do cristão. Nem
sempre vamos acertar, pois carregamos o pecado, que é uma consequência do erro
de Adão e Eva. O ser humano não é soberano e não consegue seguir 100% a vontade
de Deus.
Como
saber que tomamos a decisão ou fizemos a escolha correta?
Se não nos precipitamos na tomada da decisão,
se buscamos um direcionamento através da bússola que é a Palavra de Deus, se
não alimentamos o nosso orgulho, mas nos sentimos felizes, nos sentimos bem,
podemos ter certeza de que tomamos a decisão correta. A verdade é que o
sentimento deve vir do nosso coração, pois, às vezes, temos duas propostas de
emprego, e as duas são boas, ou seja, precisamos escolher entre duas bênçãos
que Deus concedeu. Outras vezes, não, temos que decidir sobre algo que não é um
bom caminho, então é melhor nem escolher, deixar isso para lá. O que precisamos
ter em nosso coração é o que o apóstolo Paulo escreveu aos Romanos: “Pois sabemos que todas as coisas trabalham
juntas para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles a quem ele chamou de
acordo com o seu plano” (Rm 8.28). ELE É O DEUS DAS NOSSAS VIDAS; NÓS
SOMOS OS VASOS, ELE É O OLEIRO.
Fontes
de consulta:
BÍBLIA.
Português. Bíblia Sagrada: antigo e novo testamento. Nova Tradução na Linguagem
de Hoje. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 2012.
FORREL,
George W. Ética da decisão. São Leopoldo: Sinodal, 1999.
Marlon Felipe Fiebig