Santifique o dia santo


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28/01/2022 #Meditação #Estudos #Exclusivo Assinantes

O ponto alto do Mandamento é que vamos santificar o dia do descanso pela Palavra, e não apenas celebrá-lo.

Santifique o dia santo

 Neste versículo, que é um dos Dez Mandamentos, a palavra “guardar” significa: lembrar; preste atenção. O termo hebraico significa “descansar” ou “parar”, para “santificar”. A ideia é que tenhamos um dia diferente dos demais, especial, separado dos outros dias. Esse dia deve ser dedicado ao descanso e ao culto.

Em Deuteronômio 5.12-15 lemos: – “Guarde o sábado, que é um dia santo, como eu, o SENHOR Deus, mandei. Faça todo o seu trabalho durante seis dias da semana; mas o sétimo dia da semana é o dia de descanso, dedicado a mim, o seu Deus. Não faça nenhum trabalho nesse dia, nem você, nem os seus filhos, nem as suas filhas, nem os seus escravos, nem as suas escravas, nem os seus animais, nem os estrangeiros que vivem na terra de você. Assim como você descansa, os seus escravos também devem descansar. Lembre que você foi escravo no Egito e que eu, o SENHOR, seu Deus, o tirei de lá com a minha força e com o meu poder. É por isso que eu mando que você guarde o sábado”. Esse texto enfatiza que o culto é uma forma de vivenciar novamente os atos salvíficos de Deus.

A palavra “santo”, significa “separado”. Deus, não criado e único, é a única fonte de santidade. Ele consagra épocas (festivais), lugares (tabernáculo/templo), pessoas (sacerdotes/levitas/Israel) e as coisas e rituais que pertencem a eles. Ou seja, essas coisas pertencem a Deus porque ele as escolhe, não por causa de suas próprias qualidades.

Neemias 13.17-19 lemos: “Então eu repreendi as autoridades dos judeus e lhes disse: – Vejam só que coisa errada vocês estão fazendo! Vocês estão profanando o dia do sábado! Foi por isso mesmo que Deus castigou os seus antepassados, deixando que esta cidade fosse destruída. E agora vocês insistem em profanar o sábado, fazendo com que assim Deus fique ainda mais irado com Israel. Portanto, ordenei que os portões da cidade fossem fechados antes que começasse cada sábado, logo que fosse ficando escuro, e que não fossem abertos de novo até que o sábado terminasse. E coloquei alguns dos meus homens nos portões para que nenhuma carga fosse levada para dentro da cidade no sábado”. Este texto nos mostra que o sábado começava no entardecer da sexta-feira. Que Neemias teve que combater e corrigir a profanação do sábado. O povo estava engajado em atividades proibidas. A proibição ao trabalho no sábado era total.

As pessoas deveriam seguir o exemplo de Deus e descansar. As pessoas trabalhavam seis dias por semana, doze ou mais horas por dia. Elas precisavam de um dia de descanso, especialmente para a alma, “Venham a mim, todos vocês que estão cansados de carregar as suas pesadas cargas, e eu lhes darei descanso” (Mt 11.28). Por isso, o Senhor Deus abençoou o dia de sábado, o declarou especial e o separou para si.

Em Gênesis 2.3, lemos: “Então abençoou o sétimo dia e o separou como um dia sagrado, pois nesse dia ele acabou de fazer todas as coisas e descansou”. Deus separou o sábado para comemorar o término do seu trabalho criador. Aqui, Deus antecipa o seu mandamento de santificar o dia do descanso, por suas próprias ações, e depois quando o povo está a caminho do monte Sinai.

O nosso desejo de santificar o dia do descanso vem do próprio Deus. Deus não quer que tenhamos um “sentimento vazio” de adorá-lo. Pelo contrário, Deus deixa muito claro na sua Palavra a sua vontade: “Guarde o sábado, que é um dia santo”.

Guardar o sábado está ligado ao culto. No culto, Deus tem uma surpresa para nós. Mesmo sendo um mandamento, a ordem de Deus é fruto do seu evangelho, que foi proclamado antes de dar os Mandamentos, Êx 20.2: “Meu povo, eu, o SENHOR, sou o seu Deus. Eu o tirei do Egito, a terra onde você era escravo”.

Matinho Lutero explica: “Toda hora em que se trata, prega, ouve, lê ou medita a Palavra de Deus, dá-se através disso a santificação da pessoa, do dia e da obra, não vem em virtude da ação externa, mas por causa da palavra, que a todos nos torna santos” (Catecismo Maior I,92). “Não façam nada que profane o meu santo nome. Que todo o povo de Israel confesse que eu sou santo! Eu sou o SENHOR, e dediquei vocês a mim” (Lv 22.32).

O culto verdadeiro é o que Deus faz por nós. Matinho Lutero escreveu: “Pois o verdadeiro significado do Terceiro Mandamento é que nós, naquele dia, devemos ensinar e ouvir a Palavra de Deus, com isso santificando tanto o dia como a nós mesmos” (Obras de Lutero, Edição Americana, v.47, p.92). Novamente, o “santificar” que Deus fala em sua Palavra não é resultado do que nós fazemos no sábado. É bem o contrário. Santificar o sábado é o que Deus faz em nós através da sua Palavra viva e vivificadora proclamada e ensinada.

Ou seja, o ponto alto do Mandamento é que vamos santificar o dia do descanso pela Palavra e não apenas celebrá-lo. Mais santificação pela Palavra e menos celebração. O culto é muito mais o que Deus faz por nós do que aquilo que nós, em resposta ao seu amor, fazemos a Deus. O culto é como todas as outras coisas nas quais Deus se envolve conosco: “Pois Deus está sempre agindo em vocês para que obedeçam à vontade dele, tanto no pensamento como nas ações” (Fp 2.13).

Deus cria o culto

“Naquela região havia pastores que estavam passando a noite nos campos, tomando conta dos rebanhos de ovelhas. Então um anjo do Senhor apareceu, e a luz gloriosa do Senhor brilhou por cima dos pastores. Eles ficaram com muito medo, mas o anjo disse: – Não tenham medo! Estou aqui a fim de trazer uma boa notícia para vocês, e ela será motivo de grande alegria também para todo o povo! Hoje mesmo, na cidade de Davi, nasceu o Salvador de vocês – o Messias, o Senhor! Esta será a prova: vocês encontrarão uma criancinha enrolada em panos e deitada numa manjedoura. No mesmo instante apareceu junto com o anjo uma multidão de outros anjos, como se fosse um exército celestial. Eles cantavam hinos de louvor a Deus, dizendo: – Glória a Deus nas maiores alturas do céu! E paz na terra para as pessoas a quem ele quer bem!” (Lc 2.8-14)

É por meio do poder desse evangelho divino, de que o Salvador, recém-nascido, havia chegado ao mundo, que Deus cria o culto.

Deus cria a nossa resposta

Ao ouvir o evangelho de Deus, os pastores correram para ver o Salvador. Por meio do evangelho, Deus fez com que os pastores o adorassem: “Então os pastores voltaram para os campos, cantando hinos de louvor a Deus pelo que tinham ouvido e visto. E tudo tinha acontecido como o anjo havia falado (Lc 2.20). A adoração inspirada por Deus por meio da sua Palavra é a única adoração verdadeira, e é o culto que mais agrada a Deus. O culto agradável a Deus só tem a ver com o evangelho – e nada mais.

ORAÇÃO: Querido Senhor, ajuda-nos a compreender que o culto é fruto da tua Palavra do evangelho atuando em nós. Dá-nos fé para compreender que o sábado é santificado e mantido santo não por nossas ações, mas por tua Palavra viva. Bendito Senhor, santifica o teu Dia Santo, e santifica a nós através da tua Palavra. Em nome de Jesus. Amém.

 

Fontes de consulta

Bíblia de Estudo da Reforma – Sociedade Bíblica do Brasil, 2017.

Revista Boas Novas, Culto, n.24 – Concordia Mission Society/USA.

 

Iderval Strelhow

Pastor

São Paulo, SP

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Pastor da IELB São Paulo, SP

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