O ponto alto do Mandamento é que vamos santificar o dia do descanso pela Palavra, e não apenas celebrá-lo.
Neste versículo, que é um dos
Dez Mandamentos, a palavra “guardar” significa: lembrar; preste atenção. O
termo hebraico significa “descansar” ou “parar”, para “santificar”. A ideia é
que tenhamos um dia diferente dos demais, especial, separado dos outros dias.
Esse dia deve ser dedicado ao descanso e ao culto.
Em Deuteronômio 5.12-15 lemos:
– “Guarde o sábado, que é um dia santo, como eu, o SENHOR Deus, mandei. Faça
todo o seu trabalho durante seis dias da semana; mas o sétimo dia da semana é o
dia de descanso, dedicado a mim, o seu Deus. Não faça nenhum trabalho nesse
dia, nem você, nem os seus filhos, nem as suas filhas, nem os seus escravos,
nem as suas escravas, nem os seus animais, nem os estrangeiros que vivem na
terra de você. Assim como você descansa, os seus escravos também devem
descansar. Lembre que você foi escravo no Egito e que eu, o SENHOR, seu Deus, o
tirei de lá com a minha força e com o meu poder. É por isso que eu mando que
você guarde o sábado”. Esse texto enfatiza que o culto é uma forma de vivenciar
novamente os atos salvíficos de Deus.
A palavra “santo”, significa
“separado”. Deus, não criado e único, é a única fonte de santidade. Ele
consagra épocas (festivais), lugares (tabernáculo/templo), pessoas
(sacerdotes/levitas/Israel) e as coisas e rituais que pertencem a eles. Ou
seja, essas coisas pertencem a Deus porque ele as escolhe, não por causa de
suas próprias qualidades.
Neemias 13.17-19 lemos: “Então
eu repreendi as autoridades dos judeus e lhes disse: – Vejam só que coisa
errada vocês estão fazendo! Vocês estão profanando o dia do sábado! Foi por
isso mesmo que Deus castigou os seus antepassados, deixando que esta cidade
fosse destruída. E agora vocês insistem em profanar o sábado, fazendo com que
assim Deus fique ainda mais irado com Israel. Portanto, ordenei que os portões
da cidade fossem fechados antes que começasse cada sábado, logo que fosse
ficando escuro, e que não fossem abertos de novo até que o sábado terminasse. E
coloquei alguns dos meus homens nos portões para que nenhuma carga fosse levada
para dentro da cidade no sábado”. Este texto nos mostra que o sábado começava
no entardecer da sexta-feira. Que Neemias teve que combater e corrigir a
profanação do sábado. O povo estava engajado em atividades proibidas. A
proibição ao trabalho no sábado era total.
As pessoas deveriam seguir o
exemplo de Deus e descansar. As pessoas trabalhavam seis dias por semana, doze
ou mais horas por dia. Elas precisavam de um dia de descanso, especialmente
para a alma, “Venham a mim, todos vocês que estão cansados de carregar as suas
pesadas cargas, e eu lhes darei descanso” (Mt 11.28). Por isso, o Senhor Deus
abençoou o dia de sábado, o declarou especial e o separou para si.
Em Gênesis 2.3, lemos: “Então
abençoou o sétimo dia e o separou como um dia sagrado, pois nesse dia ele
acabou de fazer todas as coisas e descansou”. Deus separou o sábado para
comemorar o término do seu trabalho criador. Aqui, Deus antecipa o seu mandamento
de santificar o dia do descanso, por suas próprias ações, e depois quando o
povo está a caminho do monte Sinai.
O nosso desejo de santificar o
dia do descanso vem do próprio Deus. Deus não quer que tenhamos um “sentimento
vazio” de adorá-lo. Pelo contrário, Deus deixa muito claro na sua Palavra a sua
vontade: “Guarde o sábado, que é um dia santo”.
Guardar o sábado está ligado
ao culto. No culto, Deus tem uma surpresa para nós. Mesmo sendo um mandamento,
a ordem de Deus é fruto do seu evangelho, que foi proclamado antes de dar os
Mandamentos, Êx 20.2: “Meu povo, eu, o SENHOR, sou o seu Deus. Eu o tirei do
Egito, a terra onde você era escravo”.
Matinho Lutero explica: “Toda
hora em que se trata, prega, ouve, lê ou medita a Palavra de Deus, dá-se
através disso a santificação da pessoa, do dia e da obra, não vem em virtude da
ação externa, mas por causa da palavra, que a todos nos torna santos”
(Catecismo Maior I,92). “Não façam nada que profane o meu santo nome. Que todo
o povo de Israel confesse que eu sou santo! Eu sou o SENHOR, e dediquei vocês a
mim” (Lv 22.32).
O culto verdadeiro é o que
Deus faz por nós. Matinho Lutero escreveu: “Pois o verdadeiro significado do
Terceiro Mandamento é que nós, naquele dia, devemos ensinar e ouvir a Palavra
de Deus, com isso santificando tanto o dia como a nós mesmos” (Obras de
Lutero, Edição Americana, v.47, p.92). Novamente, o “santificar” que Deus
fala em sua Palavra não é resultado do que nós fazemos no sábado. É bem o
contrário. Santificar o sábado é o que Deus faz em nós através da sua Palavra
viva e vivificadora proclamada e ensinada.
Ou seja, o ponto alto do
Mandamento é que vamos santificar o dia do descanso pela Palavra e não apenas
celebrá-lo. Mais santificação pela Palavra e menos celebração. O culto é muito
mais o que Deus faz por nós do que aquilo que nós, em resposta ao seu amor,
fazemos a Deus. O culto é como todas as outras coisas nas quais Deus se envolve
conosco: “Pois Deus está sempre agindo em vocês para que obedeçam à vontade
dele, tanto no pensamento como nas ações” (Fp 2.13).
Deus cria o culto
“Naquela região havia pastores
que estavam passando a noite nos campos, tomando conta dos rebanhos de ovelhas.
Então um anjo do Senhor apareceu, e a luz gloriosa do Senhor brilhou por cima
dos pastores. Eles ficaram com muito medo, mas o anjo disse: – Não tenham medo!
Estou aqui a fim de trazer uma boa notícia para vocês, e ela será motivo de
grande alegria também para todo o povo! Hoje mesmo, na cidade de Davi, nasceu o
Salvador de vocês – o Messias, o Senhor! Esta será a prova: vocês encontrarão
uma criancinha enrolada em panos e deitada numa manjedoura. No mesmo instante
apareceu junto com o anjo uma multidão de outros anjos, como se fosse um
exército celestial. Eles cantavam hinos de louvor a Deus, dizendo: – Glória a
Deus nas maiores alturas do céu! E paz na terra para as pessoas a quem ele quer
bem!” (Lc 2.8-14)
É por meio do poder desse evangelho
divino, de que o Salvador, recém-nascido, havia chegado ao mundo, que Deus cria
o culto.
Deus cria a nossa resposta
Ao ouvir o evangelho de Deus,
os pastores correram para ver o Salvador. Por meio do evangelho, Deus fez com
que os pastores o adorassem: “Então os pastores voltaram para os campos,
cantando hinos de louvor a Deus pelo que tinham ouvido e visto. E tudo tinha
acontecido como o anjo havia falado (Lc 2.20). A adoração inspirada por Deus
por meio da sua Palavra é a única adoração verdadeira, e é o culto que mais
agrada a Deus. O culto agradável a Deus só tem a ver com o evangelho – e nada
mais.
ORAÇÃO: Querido Senhor,
ajuda-nos a compreender que o culto é fruto da tua Palavra do evangelho atuando
em nós. Dá-nos fé para compreender que o sábado é santificado e mantido santo
não por nossas ações, mas por tua Palavra viva. Bendito Senhor, santifica o teu
Dia Santo, e santifica a nós através da tua Palavra. Em nome de Jesus. Amém.
Fontes
de consulta
Bíblia
de Estudo da Reforma
– Sociedade Bíblica do Brasil, 2017.
Revista
Boas Novas, Culto,n.24 – Concordia Mission Society/USA.
Iderval Strelhow
Pastor
São Paulo, SP
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