Especial de Natal 2021: “Te Prego Lá Fora”


06/01/2022 #Opinião

Normalmente uma sátira do Cristianismo, especialmente de Cristo, o motivo da festa anual.

Especial de Natal 2021: “Te Prego Lá Fora”

Acabo de ouvir a entrevista com o diretor do grupo Porta dos Fundos, que tem se dedicado anualmente a lançar um “Especial de Natal”. Normalmente uma sátira do Cristianismo, especialmente de Cristo, o motivo da festa anual. Isto geralmente causa grande revolta entre os que se chamam cristãos, que têm usado as mídias sociais para demonstrar seu desprezo a tal arte. Recentemente, o grupo sofreu um atentado em sua sede, após apresentar Jesus como homossexual.

Porchat, o diretor do grupo, diz expressamente que seu propósito é satirizar, relativizar e zombar da fé religiosa predominante no Brasil. Segundo ele, é algo friamente pensado para empoderar os grupos minoritários: “ninguém morre, no Brasil, por ser católico. Morre-se, por ser homossexual”, diz ele. “Afinal, quando uma crença se torna dominante, passa a ter poder de lei sobre todos, transformando-se num monstro”, argumenta o diretor.

Baseado em tais pressupostos, o Especial de Natal de 2021, apresenta uma animação de Jesus adolescente, com todas as experiências que ele teria no mundo real de hoje. No modelo das “high schools” americanas, Jesus vai conviver como os mais diversos tipos humanos, cheio de medos e dúvidas, tendo experiências com tudo que o mundo pode oferecer: drogas, homossexualismo, feminismo, pornografia, prostituição, sob um diretor de colégio (Herodes), sabidamente gay e pedófilo. A animação dura 30 minutos e visa zombar e desacreditar tudo que a Bíblia ensina sobre Jesus, o Messias prometido a Adão para salvar os homens de seus pecados.

Como ocorreu em anos anteriores, tal programa incitou a população chamada cristã a uma série de manifestações de repúdio e desagrado, o que, de modo nenhum, intimida ou decepciona os autores. Atingiram seu objetivo.

Eu, ao invés de criticá-los, aproveito para “ouvir” o que pode ser mais uma pregação profética do Senhor. Quando Deus deseja chamar a atenção para pecados grosseiros, costuma agir de modo escandaloso. Assim ordenou a Isaías que andasse totalmente nu durante três anos, bem como cozinhasse seus alimentos em fezes humanas para escândalo de seu povo Israel, que se esquecera de temer e amar a Deus, apaixonando-se por este mundo e seus deuses. Penso que o grupo Porta dos Fundos tem encarnado tal missão profética num mundo hipocritamente cristão, que comemora o Natal, sem sequer lembrar o que significa temer e amar a Deus acima de todas as coisas.

O que custou para Deus abrir mão de sua divindade (Filipenses 2.7), para que a Palavra Eterna assumisse a forma humana mais humilhante e triste possível, a fim de carregar sobre si os nossos pecados (Isaías 53), dando-nos o direito de sermos “Filhos de Deus” (João 1.12) e com Ele viver para a eternidade (João 3.16), tornou-se algo absolutamente vazio e sem importância num país que se chama cristão. Basta ligar a televisão, acessar Instagram ou qualquer outra mídia e observar a programação em pauta: festas, shoppings, árvores de Natal, Papai Noel, presentes, comidas, bebidas, roupas, viagens, encontros de famílias, shows artísticos em Igrejas (ou em praças), muita “alegria” e comemoração.

Afinal, o que estão comemorando? Qual o motivo de tanta “alegria”? Por que tanto gasto financeiro? Onde está o temor de Deus?  Onde o arrependimento? Onde a esperança? Onde o amor? A humildade? Onde estão os pensamentos?

O apóstolo Paulo admoesta expressamente: “Pensem nas coisas lá do alto, não nas que são aqui da terra. Pois vocês morreram e agora sua vida está escondida com Cristo em Deus.  Quando Cristo – QUE É A SUA VIDA – for manifestado, então vocês também serão manifestados com ele em glória.” (Colossenses 3.1). Ao contrário disso, a grande festa de Natal, no país que se chama cristão, sequer ouve a Palavra Eterna, o Criador de todos nós, que se fez carne e habitou entre nós.  Cumpre-se a profecia: “Veio para o que era seu, mas os seus não o receberam” (João 1.11) e a condenação do próprio Jesus: “Aquele que pertence a Deus ouve o que Deus diz.  Vocês não o ouvem porque não pertencem a Deus” (João 8.47) e ainda: “Se vocês fossem Filhos de Deus, fariam as obras que Abraão fez... vocês estão fazendo as obras do pai de vocês” (João 8.39-41), “vocês pertencem ao pai de vocês, o Diabo” (João 8.44). “Se Deus fosse o pai de vocês, vocês me amariam”. (João 8.42).

O Natal, momento de meditação, arrependimento, reflexão no Evangelho, exultação na esperança da vida eterna, tornou-se a grande festa do comércio, do Papai Noel, dos “sonhos deste mundo que se realizam”. O Natal em nada se diferencia do Dia das Bruxas, do Dia das Mães, do Carnaval ou de qualquer outra festa mundana, cujos propósitos não vão além dos prazeres terrenos de comida, bebida, shows, encontros, famílias, amigos, viagens, presentes, luzes, músicas, ... e muita “alegria” e “prosperidade” neste mundo.

Os “cristãos” conseguiram contextualizar e mundanizar totalmente o nascimento do Salvador, a tal ponto que se esqueceram de seu real significado. Por que, então, a revolta diante do grupo Porta dos Fundos? Não fazem eles a mesma coisa? Penso que o Porta dos Fundos tem ainda uma virtude: a opção pelos oprimidos deste mundo, como fez Cristo, em lugar da opção pelos bem-sucedidos deste mundo, como fazem os “cristãos”, com seus gastos financeiros. Não é vão que o Dia do Senhor será dia de surpresas e “os últimos serão primeiros, e os primeiros serão últimos” (Mateus 20.16).

Aceitemos, pois, o especial de Natal “Te Prego lá Fora” como uma dura profecia, como a do profeta nu, cozinhando sobre fezes, para nos levar a reflexão e ao arrependimento, enquanto é tempo da graça. Aproveitemos o Natal para RECEBER A PALAVRA DA VERDADE, vez que “aos que o receberam e creram em seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem Filhos de Deus” (João 1.12).

Edison Glienke

Urubici, SC

25 de dezembro de 2021

imagem: Natal foto criado por jcomp - br.freepik.com

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