Nota do autor: Antes de começar a ler, saiba que aqui se trata de uma jovem senhora, mas poderia ser um jovem pai.
Havia uma senhora muito querida por sua família
e por todos que a conheciam. Gostava de viver rodeada de gente e fazia o
possível e mais para receber bem. Às vezes, gastava mais do que podia... Mas
não se importava, porque era muito legal ter a família e amigos em casa. Ela saía e nunca voltava de mãos vazias, sempre
tinha um presentinho para o marido e os filhos. Coisa simples... Um chocolate,
um doce, um salgadinho, um brinquedinho enquanto eram pequenos, aquela cerveja
que o marido gostava. Gostava de cozinhar para a família e sempre
queria fazer o mais gostoso para eles. Não se importava de ficar horas à beira
do fogão ou suando na beira do forno quente. Algumas vezes começava a pensar no
almoço de domingo, ainda na segunda, porque queria temperar direitinho,
preparar tudo e não deixar faltar nada. Esta senhora sempre esteve feliz com isso, e
ainda tenta se alegrar... Mas alguma coisa mudou.
Certa vez, no aniversário do marido, ela e os
filhos prepararam uma festa (das tantas que sempre faziam). Foram dias
preparando carnes, pensando nas saladas, docinhos e, é claro, o bolo que o
marido mais gostava. O dia veio, e todos estavam muito felizes. Até
chegar a hora de cortar o bolo. Como é costume, ao aniversariante coube a
tarefa... Ele foi cortando e entregando... Aquela senhora, cansada das tarefas dos dias
anteriores e já no fim da festa, sentou-se ao lado da mesa do bolo, sorridente,
esperando seu pedaço de bolo. O primeiro não foi para ela, mas para um amigo
querido. Ela entendeu. O segundo, para um dos filhos, o terceiro, para os pais.
Mais uma vez ela pensou: talvez eu também entregasse a esses primeiro. E assim foi, pedaço por pedaço daquele delicioso
bolo que representava a alegria de um aniversário. A senhora começou a perder o sorriso quando viu
que os convidados já estavam repetindo e, ninguém... NINGUÉM, sequer percebeu
que ela tinha ficado sem. Pensou em pedir. Mas ficou triste e envergonhada por
ter sido esquecida... Ela não se achava mais importante, nem queria o primeiro
pedaço, só queria não ter sido esquecida. Acabada a distribuição do bolo, com todos
conversando entre si, sentiu-se mais sozinha ainda sentada à beira daquela mesa,
mesmo no meio da festa da qual era a anfitriã. Ela se afastou do grupo, foi
para um canto da casa... Não sentiram sua falta, senão na hora de despedir-se.
Ela, bondosa, despediu-se, agradecida pela companhia naquela ocasião. Mas algo tinha quebrado... Nos dias que se seguiram começou a perceber que
apenas ela parecia se preocupar em alegrar o dia dos outros com seus pequenos
gestos. E isso a deixou ainda mais triste. Não. Ela não esperava presentes, retribuição ou
algo assim, mas ter sido esquecida a deixou muito triste. E isso acabou por desmotivá-la
dos pequenos gestos. Também observou, nas conversas, que sempre que
trazia um assunto, que cria ser divertido ou importante, nem começava a contar
direito a história, outro interrompia, desviava, e sua história, que para ela
era importante contar, ficava no ar... De tantas vezes retomando histórias, já
não as compartilha mais, pois parece que elas são importantes apenas para si
mesma... Para que contar... Assim, também começou a ficar mais calada. Ela, agora, passa os dias tentando recuperar a
alegria de fazer seus pequenos gestos de amor. Mas ainda não consegue. Quer
compartilhar seus vídeos engraçados, suas alegrias e até os pequenos
acontecimentos, mas para quê? Quando sai e vê algo que seus filhos ou marido
gostariam, já não compra mais. E isso a entristece mais ainda.
Ela vai superar isso. Ela aprendeu a perdoar.
Aprendeu a valorizar os outros antes de si mesma. Ela aprendeu de Jesus. E as pessoas que andam com Jesus, em amor, superam também
essas dificuldades. Mas, compreenda, se alguém que sempre tinha
muitos gestos “bobos” de carinho e amor, de repente parar... Quem sabe não
sejam os seus gestos de amor e carinho que ele esteja esperando.
Ele não vai pedir, pois amor não se pede, nem
se implora ou se exige. Amor se ensina amando. E a senhora (ou poderia ser um
senhor) de nossa história ensinava e quer ensinar. Mas já não acha mais que
valha a pena. Ame! Somos todos responsáveis por cuidar uns dos outros.
Cuide de quem cuida de você.
Jarbas Hoffimann Pastor
Nova Venécia, ES
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