Violência contra a mulher


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07/03/2022 #Artigos #Mulheres #Reflexão

Assédio, exploração sexual, estupro, tortura, violência psicológica, agressões por maridos, parceiros ou familiares, perseguição, feminicídio.

Violência contra a mulher

O Brasil é o quinto país com maior taxa de feminicídio, com uma mulher assassinada a cada duas horas. A violência contra mulheres, jovens e crianças meninas, no entanto, se torna mais escandalosa quando surgem outros números: 503 mulheres vítimas de agressão a cada hora, cinco espancamentos a cada dois minutos, um estupro a cada onze minutos. Estes dados podem indicar parte da infame realidade, isso porque muitos crimes contra a mulher não são denunciados, ou reconhecidos e registrados.

 Assédio, exploração sexual, estupro, tortura, violência psicológica, agressões por maridos, parceiros ou familiares, perseguição, feminicídio. No dia 8 de março é lembrado o Dia Internacional da Mulher, e estes números, com seu somatório perverso, deveriam transformar a data num dia nacional de luto, com as bandeiras do Brasil, dos estados e dos municípios a meio mastro.

 A violência sempre foi um problema crônico num país que não tem conflitos com outras nações, mas tem batalhas internas. Agressões que acontecem, principalmente, na intimidade dos lares, a terrível violência doméstica. As estatísticas indicam que metade dos feminicídios no Brasil são praticados dentro de casa, por familiares, marido ou companheiro.

 Mas, o que dizer quando a própria Bíblia é usada para abonar as agressões contra a mulher? Tempos atrás, um juiz brasileiro citou a Bíblia para justificar a violência contra uma mulher agredida com um bastão crivado de pregos, usado pelo marido e por outro homem com quem teve relação extraconjugal. O juiz culpou a vítima, alegando que ela teria cometido adultério, ato punido com a morte na Bíblia, e assim, absolveu os agressores. Este tipo de interpretação perversa da Bíblia é comum quando homens justificam seu domínio machista sobre a mulher no entendimento de Gênesis 2.18, “farei para ele uma auxiliadora”. Vale dizer que a palavra “auxiliadora” (ézer, no hebraico) aparece vinte vezes no Antigo Testamento – dezessete se referem a Deus e três vezes à mulher. Se o texto bíblico justifica que a mulher é inferior ao homem e deve cumprir sua função de serviçal, então o mesmo deveria acontecer com o Criador divino diante da criatura homem. Outro texto escandalosamente usado é Efésios 5.22, onde diz que a mulher deve estar sujeita ao seu marido. É bom ler o versículo anterior “sujeitem-se uns aos outros do temor de Cristo”, e tudo o que Paulo diz depois ao lembrar os compromissos do marido.

 Nós sabemos que a violência tem nome e sobrenome: natureza humana. O próprio Jesus sofreu terrivelmente a truculência da humanidade, tudo para nos libertar deste mal que está no coração de todos. Desgraçadamente, as consequências da maldade humana foram descritas por Deus já naquele dia da queda. O Criador disse à mulher que o homem iria governá-la, e desde lá, sofre nas mãos de alguém que tem o compromisso de protegê-la. Este domínio maldito, felizmente, tem remédio nas palavras imediatas de Deus à serpente, que o descendente da mulher esmagaria a cabeça da serpente.

 Por isso, quando o apóstolo Paulo escreve que “nem a mulher é independente do homem, nem o homem é independente da mulher”, conclui que “assim como a mulher foi feita do homem, assim também o homem nasce da mulher, e tudo vem de Deus” (1Co 11.12). É de Deus que vem também o amor, a humildade, o respeito. E quando, nós cristãos, somos comparados com uma noiva que está esperando o seu noivo, e Jesus veio ao mundo através de uma mulher, então qualquer tipo e grau de violência contra uma mulher atinge em cheio o coração de Deus.   

Marcos Schmidt

Pastor da IELB marcos.ielb@gmail.com

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