O que penso e creio sobre o sacrifício de Jesus na cruz
A
história inicia com as palavras de Deus, na queda do homem em pecado: “Se...
certamente morrerás”. Nos tempos do Antigo Testamento, quando o Salvador
prometido ainda não tinha vindo, era comum oferecerem-se animais em sacrifício
para os deuses. No caso do povo que adorava ao Deus verdadeiro, Deus mesmo
instituiu e orientou o seu povo, através de Moisés, de como seriam os
sacrifícios.
No
sacrifício-oferta, os fiéis recebiam perdão dos pecados. O rito incluía a morte
de um animal perfeito e considerado puro; seu sangue era aspergido sobre
objetos sagrados do templo e sobre o pecador. Segundo Levítico 1.3, “para que o
homem seja aceito diante do Senhor”, aquele animal era morto em lugar do
pecador, que deveria morrer pelos seus pecados. O sangue trazia purificação e
vida. Os crentes reconheciam-se pecadores, confiavam no perdão e eram aceitos
por Deus por meio da fé no perdão prometido pelo Senhor.
Mas o
sacrifício veterotestamentário remete ao grande, verdadeiro e completo
sacrifício que viria, difícil para ser entendido naqueles tempos. Foi preciso
Jesus vir para que o verdadeiro sentido fosse revelado.
Os
crentes em Cristo, no Novo Testamento, têm seu perdão através de Jesus, Deus
encarnado, perfeito, plenamente puro, que fez a expiação real do pecador,
entregando seu próprio corpo – vida – e derramando seu sangue em lugar da morte
do pecador. E ressuscitando após, para prova de que ele venceu a morte e o pecado;
por isso nós também venceremos, porque agora, pela fé no sacrifício de Jesus em
nosso lugar, para o perdão de nossos pecados, somos aceitos por Deus.
O
princípio teológico de ambos os sacrifícios é a fé em Deus, a certeza de que
ele salva, por sua bondade, amor, compaixão e poder, remetendo o primeiro sacrifício
ao segundo, o grande e único sacrifício redentor de Cristo. Nessa certeza está
o reconhecimento do cristão de que é salvo unicamente pela misericordiosa
vontade divina, e não por seus próprios atos. Jesus, que é Deus encarnado,
provou, uma vez por todas, que quem salva é Deus mesmo na pessoa do seu Filho.
Semelhanças
e diferenças entre os sacrifícios
Nas
semelhanças, vemos presente a fé do crente em Deus com a certeza de que é Deus
quem o salva; e o reconhecimento de que é pecador e precisa da boa vontade de
Deus para ser aceito. A fé não pode ser simplesmente no rito, mas confiança na
aceitação, por Deus, do sacrifício. Assim, no Novo Testamento, Deus confirma a
sua própria aceitação do sacrifício de Cristo Jesus, ao resgatá-lo da morte.
O que
vinha diante do Senhor Deus deveria ser puro, porque Deus é puro. No Antigo
Testamento, os animais deveriam ser sem defeitos e de espécies do reino animal
consideradas puras. No Novo Testamento, Jesus era/é perfeito e também santo.
Embora o
sangue seja usado no Antigo e no Novo Testamento, nas duas formas de sacrifício
ele tem valor e peso teológico, digamos, diferente. O sangue do animal, em si,
não purifica o crente do seu pecado, contudo aponta para o sangue de Cristo;
este, sim, era/é totalmente puro, sangue do Deus encarnado, sem pecado, sem
mancha. O sangue de Jesus nos purifica de todo pecado. É sangue puro e
inocente. Ele verdadeiramente morreu em nosso lugar (Hb 9.11-14).
O
sacrifício tinha um intercessor, o sumo sacerdote. No Antigo Testamento, o sumo
sacerdote era intercessor entre o pecador e Deus, mas ele mesmo deveria
oferecer sacrifício pelos seus pecados. No Novo Testamento, o sumo sacerdote,
que é eterno, é o próprio Jesus (Hb 4.14; 5.6), que é santo; embora tenha,
naquele momento, carregado todos os pecados do mundo sobre si, ele era
inocente. Foi ato de expiação. Tomou para si os pecados que não eram seus (Hb 4
e 5; 7.27).
Os
sacrifícios não precisam mais ser repetidos de tempos em tempos. Jesus fez o
sacrifício uma vez para sempre. Ele, perfeitamente puro, pôde levar os pecados
dos outros, porque era puro diante de Deus (1Pe 1.19). Foi oferta agradável a
Deus (Ef 5.2).
A grande
diferença é que ao pecador não era permitido entrar no Santíssimo Lugar; no
entanto, Jesus tornou isso possível ao pecador agora perdoado, porque nos abriu
novo caminho para o Pai. Na verdade, o Santíssimo agora é o próprio Jesus (Hb
10.19-24).
A fé
agora é na total ação e no amor de Deus, não há ajuda humana, é graça
permanente. Jesus, o Cristo, Filho unigênito de Deus, morreu em nosso lugar, “porque
Deus amou o mundo tanto que deu seu Filho, para que todo o que nele crer tenha
a vida eterna (Jo 3.16). Jesus Cristo é o “Autor da salvação” (Hb 2.10; 5.9).
Assim é introduzida a esperança pela qual nós somos aceitos por Deus (Hb 7.19).
Se antes
tínhamos uma aliança com Deus baseada na lei, a qual ficou sem efeito porque
não a conseguimos cumprir, agora temos uma aliança eterna firmada no próprio
Cristo Jesus, uma aliança de fé no evangelho de salvação (Hb 7.22; 8).
Jucimara Adriane Pospichil
Estudante de Teologia na Ulbra
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