Deus criou Adão e Eva para a sua
glória e lhes deu o domínio sobre toda a criação – “Tu o fizeste um pouco menor
do que os anjos e o coroaste de glória e de honra” (Sl 8.5). Cultivar e guardar
a criação (Gn 2.15), multiplicar e encher a terra (2.28) foi a missão entregue
pelo Criador aos humanos. Não foi nenhum castigo, mas privilégio e participação
dedicar-se a Deus naquilo que hoje chamamos de trabalho e participar da criação
continuada com a procriação. Com a queda em pecado, cultivar e guardar
tornou-se penoso (Gn 3.17-19), assim também conceber filhos sendo herdeiros do
pecado, mas Deus não anulou a relação do ser humano com a criação.
No mês de maio, celebramos o
Dia do Trabalho e o Dia das Mães. Infelizmente o desemprego tira de muitas
pessoas a oportunidade para alcançar seu próprio sustento, ao mesmo tempo que a
prática do aborto tira a oportunidade de nascimentos e da maternidade. O
trabalho continua sendo uma forma instituída por Deus para sustentar a criação
com alimentos, sendo na produção direta pelos produtores rurais ou nas mais
diferentes formas de renda que permitem o acesso ao alimento por meio da
compra. Também a maternidade é uma ação de Deus para a preservação da vida,
mantendo a fidelidade do Criador à ordem dada em Gênesis, “multipliquem-se,
encham a terra...” (Gn 2.28).
A maternidade e o alimento são
dádivas divinas que revelam a fidelidade de Deus à sua criação. Nelas, Deus
realiza sua obra por meio de nós, humanos. Embora pecadores, Deus não nos
excluiu do seu plano.
O trabalho e a maternidade têm
sido atacados. Máquinas substituem humanos. E conceitos, metodologias e a
desonestidade têm tentado mudar a forma de ganhar o pão de cada dia. A vida não
é reconhecida como dádiva, e até a ciência é usada para interromper a vida como
direito da mulher sobre o seu corpo, desvinculando a vida do Criador e dos
ensinos das Sagradas Escrituras.
As duas celebrações – Dia do
Trabalho e Dia da Mães – ocorrem entre a Festa da Páscoa e a Festa de
Pentecostes. A Páscoa celebra a vitória de Cristo sobre o pecado e a morte,
alcançando a cada um a certeza do perdão e da vida eterna. E a Festa de Pentecostes
revela que Deus continua ativo na sua criação trabalhando pela reconciliação de
cada ser humano com o Criador. A mensagem da Páscoa e do Pentecostes fundamenta
a fé e o testemunho cristão. Essa mensagem precisa ser anunciada, vivida e
defendida pela igreja cristã, diante da sociedade que pretende mudar o curso
natural da criação de Deus banalizando a vida, o ser humano, a dignidade do
trabalho e a divindade da procriação.
A Páscoa e o Pentecostes nos
revelam a obra de Deus em Cristo para a redenção. E o pecado humano e as
mudanças que a sociedade vem adotando desafiam a igreja a não se afastar de
Cristo e da sua Palavra, para testemunhar em palavras e ações que o Criador
continua fiel, preservando o alimento e a multiplicação, até que Cristo resgate
a sua igreja para a Vida Eterna. A igreja é chamada a permanecer fiel, pois o Senhor
é por nós. “Nada nos separará do amor Deus” (Rm 8.37-39).
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