Queridos leitores, neste mês da família,
queremos olhar com atenção para uma família um tanto complicada. Nela temos um
pai que tem o amor em seu DNA, e filhos um tanto quanto ingratos. Um, o mais
novo, revoltado com tudo, vai embora de casa; já o mais velho, fica, mas ainda
assim vive sem amor.
Encontramos o registro dessa história em Lucas
15.11-32, já bem conhecida por muitos: “A parábola do filho pródigo”, que, na
verdade, é muito mais sobre o amor do Pai do que sobre o próprio filho. No mês
da família, podemos também pensar sobre a família da nossa congregação: como
temos vivido enquanto igreja, será que temos sido a igreja debaixo do amor do
Pai? Ou um tanto distante dela, como o filho mais novo? Ou ainda preso nas
regras e leis e julgamentos falsos como o filho mais velho?
Em nossa parábola, um dos filhos chegou para o
Pai, que o amava muito, e disse: Pai, eu
quero a minha herança, porque eu quero ir embora. Pensem na angústia
daquele pai ao ouvir seu filho dizendo isso.
Pois o pai repartiu de igual forma os bens
entre os dois. O filho mais novo juntou tudo e se foi. E começou uma vida desregrada,
cheia de festas, alegrias, até que tudo o que tinha acabou. Chegou ao ponto de passar fome e pedir refúgio numa fazenda, e lá, sem ter o que comer, quis comer até mesmo a comida dos porcos. Até que se deu
conta que na fazendo do seu pai era muito melhor, eu era feliz e não sabia, que até os empregados do seu pai tinham coisas melhores, e então pensou: Vou voltar e pedir que ele me perdoe e me
aceite de volta. E assim ele fez.
Aquele pai era diferente
A atitude daquele pai contrariou muitas
atitudes humanas. Muitas pessoas no lugar daquele pai talvez não estivessem
dispostas a receber o seu filho de volta. Dentro do costume da época, aquele
pai jamais teria ido ao encontro do seu filho. Mas aquele pai era diferente, e
o seu amor era muito maior que os erros de seu filho. E o que ele fez? Eu imagino esse pai olhando para a porteira de entrada
da sua fazenda, todos os dias, esperando ver o filho voltando para casa.
Viu de longe o seu filho e correu e o abraçou; nem
quis ouvir o pedido de perdão do filho, ele já o havia perdoado; então o recebeu
de volta com uma grande festa, com tudo do bom e do melhor, e por quê? Porque aquele filho estava perdido e voltou para o seu pai.
Contudo, para a nossa surpresa, o irmão do
rapaz não teve a mesma reação; aliás, o irmão questionou e reclamou com o seu
pai. Disse que nunca havia feito nada para decepcionar o pai, mas para esse que
havia desperdiçado tudo e o deixado triste, o pai fez uma festa? Como assim? Ele
sempre o havia obedecido em tudo, trabalhado por anos, e o pai nunca havia
feito nada para ele. E para piorar, o mais velho julgou e inventou coisas a
respeito do irmão. Duas coisas ele afirmou que não eram verdade.
Primeira: Ele gastou tudo o que era
seu; se observarmos bem no início da história que Jesus conta, o filho mais
novo pegou a parte dele, e nem um centavo a mais, então ele não gastou o que
era do pai.
Segunda: Gastou com prostitutas; se
observarem quando Jesus conta a parábola, não diz que o rapaz gastou tudo com
prostitutas, mas que ele viveu uma vida desregrada.
Porém o pai, com muito amor, não condena o
filho mais velho, apenas lhe mostra a realidade que ele ainda não tinha
percebido, de que tudo também era dele e que ele poderia usar, e que o mais
importante não eram os erros do seu irmão, mas o fato de ele ter voltado.
Prezado leitor! Essa parábola de Jesus nos
coloca dentro de nossas atitudes e pensamentos. Nela, o pai é o próprio Deus, e
nós somos os filhos. E nossas atitudes, muitas vezes, parecem com as de ambos
os filhos.
Parecemos
com o primeiro
Parecemos com o
primeiro
quando fazemos pouco caso daquilo que Deus fez por nós, fazemos pouco caso do
seu amor, fazemos pouco caso do perdão, quando deixamos de frequentar a nossa
congregação. Alguns, infelizmente, pegam tudo o que Deus fez por nós e
abandonam a casa de Deus; saem pelo mundo achando que são os seus deuses, usando
e abusando do amor de Deus, até caírem em si e perceberem o que fizeram; até caírem
em si e verem o quanto a vida sob as
bênçãos e a graça de Deus é maravilhosa. Colhem duras e terríveis consequências por causa de seus atos. Mas, pela graça de Deus, tomam a atitude de voltar.
Parecemos
com o segundo
Parecemos com o
segundo
quando não nos damos conta de tantas bênçãos que temos por estar na casa do
Pai, por viver na companhia do Pai; quando o perdão não nos causa mais alegria,
perde o seu valor; quando o nosso culto é algo mecânico, quando não temos mais alegria
em estudar a Palavra de Deus. Quando nos achamos no direito de pensar que Deus
não deve perdoar tal pessoa, tal criminoso, traficante, mesmo que ele se
arrependa.
Todavia, o mais importante, neste texto, não
está na atitude dos filhos, mas na do Pai. Na atitude do Pai. Percebam o quanto
esse Pai nos ama, e que ele nos ama de uma forma inexplicável. Deus nos aceita sempre que voltamos para ele. Isso não é maravilhoso? Tem como não se alegrar
com um Deus tão misericordioso e amoroso?
O amor do Pai excede todo o entendimento.
Podemos estudar a vida toda e não vamos compreender. O Pai é seguro no seu
objetivo: trazer o seu filho de volta. O Pai é esperança.
O Pai
ama!
E esse amor tem outro nome muito marcante, que
somente esse Pai tem: GRAÇA! Graça é algo que não existe em nenhum outro Deus. Nenhuma outra teologia. Nenhuma outra religião. O nosso Deus que vem ao nosso encontro, sem exigir nada.
O amor do Pai choca!
O amor do Pai excede todo o entendimento!
O amor do Pai não tem prazo de validade!
O amor do Pai não muda!
O amor do Pai é único!
O amor do Pai por você não depende das suas
ações.
E esse amor é para você.
Esse amor é seu. Unicamente seu, não importa o
que você fez, não importa quem você é, esse amor é totalmente seu. Pecado é
pecado e mata! Mas se você continua lutando com ele, esse amor perdoador é seu.
Não importam as circunstâncias, esse amor é
para você
Não sei como esse texto o encontrará hoje, mas
se estiver triste, esse amor é para você. Se estiver preocupado com a crise
financeira, esse amor é para você. Se estiver diante de uma doença, esse amor é
para você. Se estiver diante da tristeza, da depressão, da ansiedade, da decepção,
esse amor é para você. Se estiver se sentindo só, esse amor é para você. Não
importam as circunstâncias, esse amor é para você.
Esse é o amor que
precisamos encontrar em nossa congregação. O amor do Pai! Talvez você esteja
vivendo como o filho mais novo, enquanto lê esse artigo. Esteja iludido pelo
pensamento: Não preciso estar o tempo todo na igreja. Talvez você esteja
bem distante; se este é o seu caso, deixe Deus ser Deus para você novamente,
volte para a casa do Pai, volte para os braços do Pai. A vida longe do Pai não
vale a pena, em hipótese alguma.
Cuidado com os seus pensamentos
Mas quem sabe você está mais para o irmão mais
velho, tem servido ao Pai por toda a sua vida. Que maravilha! Continue o seu
trabalho. Ajude e seja parceiro do seu pastor na busca pelos irmãos mais novos.
Mas muito cuidado com os seus pensamentos, com a forma como você pensa e se
refere aos irmãos “mais novos”; cuidado para que o orgulho, a vaidade, o desejo
por aplausos e elogios não seja a motivação do seu serviço. As suas boas obras
são extremamente importantes, mas não confie nelas.
Que a nossa família da fé possa sempre ser
conduzida debaixo do amor do nosso Pai Celeste. E, assim, ser uma igreja que
ama, cuida, perdoa e busca o perdido. Que possamos cada vez mais celebrar a
volta para casa de nossos irmãos. E para que isso aconteça, lembre-se daquele
seu irmão na fé que já frequentou os cultos com você, daqueles que foram seus
colegas de escola dominical, de instrução de confirmandos, e hoje estão
distantes, pense com carinho neles, ore por eles, mande um recado para eles,
uma mensagem, faça uma visita, enfim, leve o amor do Pai a todos que estão
distantes.
Que o amor do Pai, que excede o nosso
entendimento, nos guarde e nos abençoe sempre.
Felipe Erdmann Euzebio
Pastor em Porto Alegre,
RS
Conselheiro Distrital e
da JELB
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