Umas das preocupações que
encontramos nas igrejas cristãs é com relação à sucessão de lideranças. Foi
assim na escolha de Matias por exemplo. Em assembleia, a igreja decidiu que
precisava substituir Judas. O grupo dos 11 discípulos e mais umas 120 pessoas
precisou elaborar critérios para essa escolha. Precisava ser homem que
acompanhou todo o tempo em que Jesus andou junto com eles, desde o batismo de
João até o dia da ascensão. Surgiram dois nomes entre eles, José e Matias.
Então a igreja orou e lançou sortes (como se colocassem os dois nomes dentro de
um saquinho para tirar um deles), vindo a sorte recair sobre Matias. E, após
isso, nada mais temos a respeito de Matias nas Escrituras.
Em outras situações, Deus
escolheu líderes falando diretamente com eles. Assim foi no caso de Abraão e do
apóstolo Paulo, por exemplo. Nessas duas situações específicas de chamado
direto, num primeiro momento, os critérios se tornam um pouco confusos para nós,
numa leitura rápida. Abraão, o pai da fé, antes de seu chamado, era um idólatra
(Js 24.2-3). Paulo era blasfemo, perseguidor e insolente (1Tm 1.12-17). O
interessante de tudo isso é que na escolha de Matias não sabemos o que se
sucedeu, mas nas escolhas de Abraão e Paulo vemos uma transformação de um homem
idólatra no pai da fé, e um perseguidor de cristãos convertido num missionário plantador
de igrejas.
A igreja do século presente
também faz escolhas. Um bom exemplo para a escolha de seus pastores encontramos
no livro de Atos, capítulo 1, na escolha de Matias. Por outro lado, quando
falamos da escolha de líderes dentro da congregação, encontramos um bom exemplo
em Atos 6.2-5, onde está escrito: “Então, os
doze convocaram a comunidade dos discípulos e disseram: Não é razoável que nós
abandonemos a palavra de Deus para servir às mesas. Mas, irmãos, escolhei
dentre vós sete homens de boa reputação, cheios do Espírito e de sabedoria, aos
quais encarregaremos deste serviço; e, quanto a nós, nos consagraremos à oração
e ao ministério da palavra”.
Tanto na escolha direta ou
indireta, Deus está por trás de todo chamado que acontece na igreja. Embora,
muitas vezes, na escolha de um pastor ou liderança de uma igreja as pessoas
tenham vários critérios diferentes, o critério base para a escolha de pastores
e líderes é que sejam homens cheios do Espírito Santo, membros da igreja.
Deus prepara as pessoas com a
sua Palavra, as escolhe e as orienta. Mas como inspira?
É interessante que nem tudo o
que Abraão, Paulo e Matias deveriam fazer ou dizer, Deus deixou registrado para
nós. Os relatos que temos sobre esses servos e líderes de Deus são para nós
aquilo que Deus decidiu deixar registrado, e isso nos basta. O que se consegue
perceber no texto bíblico é que Deus escolhia (direta ou indiretamente),
orientava (delegava tarefas) e dava liberdade para o serviço, conduzindo-os em
necessidades que pudessem surgir, mesmo que cometessem pecados. Deus deu
liberdade. Talvez esse seja um bom caminho para inspirar novas lideranças. Uma
liderança em liberdade e com todo o amparo de Deus para momentos de necessidade
e momentos em que falharmos. Deus nos inspira a servirmos em liberdade!
Por isso, quando estivermos escolhendo
líderes ou pastores, tenhamos o critério de escolher homens com a fé em Jesus; lembremos
daqueles que nos antecederam e procuremos na Bíblia a orientação para
liderarmos em liberdade, servindo a Cristo Jesus, o nosso Senhor e Salvador.
Amém.
Franco Thomassen
Pastor
em Erechim, RS