Mensageiro Luterano Online

Quando estamos apaixonados, somos tomados por um sentimento tão forte que nos impede de ver os defeitos da outra pessoa. Ficamos encantados, completamente absorvidos, como que por uma nuvem que nos faz sentir nos céus.

Quando casamos, aos poucos, nossos pés tocam o solo árido, seco e, por vezes, com pedras e espinhos. Pensamos: Onde estava com a cabeça quando assinei meu nome naquela linha pontilhada?

Bem-vindo ao casamento – um mundo onde as toalhas molhadas insistem em ficar sobre a cama, os pés de meia perdem-se na máquina de lavar, os fios de cabelo insistem em ficar sobre a pia, as gavetas parecem nunca querer fechar.

Depois de um momento de revolta, do tipo: onde está aquela pessoa maravilhosa com quem eu namorava? Onde está aquela princesa, aquele príncipe encantado?

Pensamos na necessidade de mudar nosso cônjuge. Mas, como mudar o que mais nos irrita no casamento?

Em primeiro lugar, precisamos pensar se nós mesmos não precisamos mudar. No evangelho de Mateus, capítulo 6, o Salvador Jesus pergunta: “Porque você vê o cisco no olho do teu irmão e não repara a trave que está no seu próprio olho?” O contexto é outro, mas esse texto nos faz pensar no quanto somos experts em observar as falhas do nosso cônjuge e não reparamos nas nossas próprias.

Mas, a pergunta persiste: Como conseguir mudanças no casamento?

Um bom começo é reconhecer e confessar os seus próprios erros. O Salmo 51 é um excelente exemplo. Nele, o Salmista Davi faz uma confissão de pecados na primeira pessoa do singular. Em outras palavras, Davi diz: “Eu pequei. O erro foi meu. O pecado foi meu”. Sinceramente, você já confessou a Deus os pecados que comete no casamento? Confessou não ser um bom marido, uma boa esposa? Já bateu no peito e disse para seu cônjuge: Perdoa-me, eu pequei grave e terrivelmente? Confessar os pecados é importante, não pela enumeração dos mesmos, mas pela certeza do perdão de Deus em Cristo Jesus. Ele prometeu nos perdoar, e ele de fato o faz. Muitas coisas maravilhosas acontecem a partir do perdão de Deus.

Em segundo lugar, é preciso lembrar que o amor é muito mais que um sentimento. Ele é ativo, concreto, palpável. Precisa ser visto, percebido pelo seu cônjuge. Quem sabe, um excelente exercício é prestar atenção nas coisas que mais agradam ao seu cônjuge e, então, praticá-las. Uma boa dica vem das reclamações: Aquilo que seu cônjuge mais reclama de você é o que ele mais precisa que você faça. Peça a ajuda do Senhor Deus e vá em frente!

Mas, se mesmo assim, as mudanças que quero no meu casamento não acontecerem?

Então, um passo importante é conversar francamente com seu cônjuge. Procure um bom momento. Fale em particular com seu cônjuge. Observe o estado emocional dele. Não é bom conversar e pedir mudanças em diálogos truncados e em momentos não adequados. Após o jantar é uma boa pedida. Diga ao seu cônjuge que quer conversar com ele.

Quem sabe, comece elogiando seu cônjuge. Lembre-se que uma overdose de críticas sempre produz um resultado negativo. Hostilidade gera hostilidade. Não subestime o poder de um elogio sincero.

Então, fale. Não tenha receio de pedir ao seu cônjuge as mudanças que você deseja que aconteçam e continue permitindo que seu cônjuge diga a você algo que pode torná-lo/a um marido ou esposa melhor.

Lembre-se: Quando casamos, descobrimos um monte de coisas novas sobre nosso cônjuge. Algumas delas não nos agradam muito. Isso certamente acontece em relação a nós. Há em nós muitas coisas que desagradam nosso cônjuge. Por isso, vale a pena buscar um ajuste, conversar sobre as mudanças necessárias para que ambos sejam realmente felizes.

Mas, nem sempre as mudanças acontecem. E, quando elas não acontecem? Lembre-se que a graça de Deus, em Cristo, nos motiva e capacita a conviver e aceitar as imperfeições. Martinho Lutero disse que, para algumas pessoas, o seu matrimônio é uma cruz. Então, resignado, busque sempre forças em Deus, na Palavra, no Batismo e na Santa Ceia, e prossiga fazendo o que Deus espera de você.

Um abraço terno e carinhoso a vocês

Rev. Me. Silvio Ferreira da Silva Filho

Pastor da Congregação Evangélica Luterana Castelo Forte de Canoas, RS