“Você me escutou ou só ouviu?”


09/06/2022 #Reflexão #Editora Concórdia #Devocionais

A comunicação humana é, de longe, um fator que traz muitos problemas.

“Você me escutou ou só ouviu?”

Indiscutivelmente, o campeão de brigas nas relações de casal é o ruído na comunicação. A comunicação humana é de longe um fator que traz muitos problemas. Isso não é diferente nas relações de casal.

É bem comum, e talvez você já tenha passado por isso, que muitas vezes os casais digam algo um para o outro e pensem que o outro entendeu. Mas, em seguida, as atitudes do outro mostram que na verdade ele não escutou aquilo que você disse. Por que isso acontece?

Primeiramente, porque há uma diferença entre ouvir e escutar. Ouvir é uma atitude meramente mecânica, pela qual o seu aparelho auditivo recebe uma onda sonora provinda da boca daquele que fala, e isso atinge o seu cérebro, mas não necessariamente forma uma memória. Já a escuta requer vontade, desejo de prestar atenção naquilo que é dito. Por isso muitas pessoas ouvem, mas não escutam. Entendeu?

Acrescente-se a isso, ainda, as diferenças fisiológicas entre homens e mulheres. Biologicamente, as mulheres têm uma capacidade ampliada de fazer duas ou mais coisas ao mesmo tempo. Já os homens, em sua grande maioria, não possuem essa capacidade. Isso se dá por uma diferença no funcionamento do cérebro de ambos.

Uma teoria interessante da biologia diz que essas diferenças foram importantes como mecanismo de sobrevivência das gerações passadas. À mulher, tradicionalmente, cabiam as tarefas do cuidado da casa, dos filhos e da organização e proteção do ambiente familiar, tudo ao mesmo tempo. Enquanto isso, o homem saía para caçar ou coletar alimentos. E na natureza, o foco para a caça era essencial. Imagine o homem, durante a caça ou coleta, distraído, prestando atenção em outras curiosidades da floresta; provavelmente a presa fugiria, enquanto ele admirasse as borboletas.

A partir disso, podemos compreender por que tarefas que exigem foco, geralmente, são melhor executadas pelos homens. Ao passo que tarefas que exigem atenção periférica, em mais de um processo ao mesmo tempo, são melhor executadas, via de regra, por mulheres. Dá para entender, também, porque os homens não encontram objetos que estão “bem na sua cara”. Ou ainda, porque, quando vão ao mercado sem uma lista, esquecem a maioria dos itens. Isso não faz de homens e mulheres melhores ou piores em comparação uns aos outros. Mas é uma forma de compreendermos que, sim, essas diferenças se apresentam, especialmente, na comunicação entre os casais.

Portanto, se você estiver falando algo importante ao seu companheiro e ele estiver fazendo qualquer outra atividade, saiba que ele não está escutando. Então, para melhorar essa comunicação e tirar mais esse ruído, chame a atenção dele para o que você está dizendo, especialmente para que ele escute e não apenas ouça. Pegue na mão dele, toque em seu rosto, peça para que ele olhe nos seus olhos. Isso aumentará as chances de que ele esteja escutando.

 Talvez seja por isso que Jesus precisou perguntar três vezes a mesma coisa a Pedro, quando disse: “Pedro, tu me amas? Pedro, tu me amas? Pedro, tu me amas?” (João 21.15-17). Brincadeira à parte, certifique-se de que seu/sua companheiro/a realmente escutou, e não apenas ouviu. Mesmo que tenha que perguntar três ou mais vezes! Isso vai melhorar muito o relacionamento.

 

André Tavares Cardoso

Pastor e psicólogo

@gotasdeterapia

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