Que tal voltar a ter um celular antigo?


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20/07/2022 #Artigos #Editora Concórdia #Exclusivo Assinantes #Reflexão

Voltar a usar um celular sem as redes sociais talvez seja um caminho que não existe mais para muitos.

Que tal voltar a ter um celular antigo?

Quanto tempo você acredita estar usando o seu smartphone? Na verdade, esses aparelhos vieram substituir os antigos telefones celulares, usados apenas para chamadas telefônicas, enviar mensagens pelo SMS e, alguns aparelhos, usados como rádio. Eles não conectavam as pessoas às suas redes sociais, como Facebook, TikTok, Instagram, Twitter, Telegram e outros. Como assim? perguntam alguns. Como nós vivíamos longe das redes sociais? perguntam os mais velhos. Crianças e adolescentes, das gerações Z e Alpha, por exemplo, nem mesmo tiveram acesso aos telefones celulares da “velha geração”, os chamados “tijolos”. A pergunta é: ganhamos ou perdemos com os aparelhos do nosso tempo? Seria possível voltar a usar um celular antigo?

Basta ter diante de nós um smartphone e seremos “convidados” a usá-lo com frequência.  Se estivermos conversando com alguém, é possível que tenhamos visto todas as mensagens recebidas e respondido a todas elas, ao mesmo tempo em que a conversa vai fluindo com a pessoa. Sem contar que é possível que tenhamos curtido, compartilhado muitas mensagens, fotos, imagens através das diferentes redes sociais em que estamos inseridos. Ou seja, parece que as pessoas não estão mais se desligando e sentem uma necessidade de estar conectadas o tempo todo. Quem nunca verificou o seu celular antes de dormir, por exemplo? Para dar a última espiada nas mensagens e no que de novo rolou pelas redes? As pessoas ficam bem-informadas sobre tudo o que acontece no mundo, na política, na economia, sobre as fofocas e, muitas vezes, não sabem o que está acontecendo dentro da sua própria casa. Talvez isso nem esteja tão distante do seu lar. Que tal observar isso?

Que as redes sociais e a internet têm contribuído para a sociedade do nosso tempo, para encontrar velhos amigos, conhecer lugares novos, mesmo que seja de forma virtual, sem a necessidade de esperar que algum programa de TV faça isso, tudo é interessante. As pessoas “navegam”, conversam com os amigos, distantes geograficamente, fazem chamadas de vídeo, reuniões remotas, cursos online, entre outras coisas. O ensino, por exemplo, especialmente na época de pandemia, tem usado este recurso e, aparentemente, as pessoas sabem um pouco mais de tudo. Visto por este lado, diríamos: isso é positivo!

Mas, paremos um pouco para refletir melhor. Vou colocar na balança os ganhos e as perdas. Farei isso através de alguns tópicos a seguir. São opiniões, questionamentos, com o objetivo de uma reflexão.

* Há uma grande incidência de problemas oculares, especialmente para as crianças. Com o desenvolvimento do corpo, seu crescimento, há um órgão que precisa ser observado. Trata-se dos olhos. Problemas de visão, vinculados ao olhar para a tela, têm sido um elemento que preocupa os profissionais da área. As crianças não olham mais para o horizonte, não brincam mais, não usam o espaço externo da casa. Elas apenas jogam virtualmente com os seus amigos. Passam horas olhando fixamente para a tela.

* O processo educativo (infelizmente) dos filhos tem sido alterado. Os pais, para ficarem em paz, entregam aos seus filhos os eletrônicos. O diálogo, os conselhos, o estar junto, já não são como antes. A afetividade dos filhos se dá na medida em que as suas necessidades são supridas, quando ganham o que pedem aos seus pais, especialmente um novo aparelho eletrônico.

* O estudo se tornou superficial. Quando tudo é copiado do GOOGLE (CTRL C + CTRL V), não existe mais a reflexão por parte do estudante. Isso envolve crianças, jovens e adultos. As pessoas não compram mais livros. Tudo o que querem saber está nos seus smartphones. Na sala de aula, os alunos competem com o professor, usando os seus aparelhos eletrônicos e suas “pesquisas”.

* Os adultos que poderiam fazer a diferença, também foram absorvidos pela tecnologia. O tempo destinado às redes sociais, por exemplo, é grande e tem ocupado um espaço cada vez maior. A comunicação e o diálogo, em alguns casos, por exemplo, é feito virtualmente. O pai, antes de dormir, diz ao seu filho boa noite”, porém virtualmente. A afetividade, o abraço, a presença física está se tornando cada vez mais ultrapassada nos lares.

Ou seja, poderíamos expor uma série de questões aqui relacionadas ao uso da tecnologia. O problema do uso excessivo, no entanto, não está na tecnologia à nossa disposição. O problema está na pessoa, na sua atitude e postura diante disso. Se a tecnologia é uma ferramenta usada dentro do período de trabalho, diante das demandas da empresa, é uma coisa. Mas, se fora do expediente ela tem absorvido o tempo das pessoas, precisa ser avaliada com cuidado.

Voltemos, então, para refletir sobre os “telefones burros”. Mas como assim? Este tipo de aparelho era usado por nós, adultos. Eram os “tijolos” da década de 1990. Supriam todas as nossas necessidades de comunicação, usados para telefonar e enviar mensagens. Alguns vão dizer: Isso? Voltar a usá-los? Por que não? São mais baratos, a conta é menor e vai sobrar mais tempo para fazer outras coisas mais simples com a família, ler um livro, fazer jardinagem, pescaria, etc.

Antes que alguém considere esta hipótese ultrapassada, é preciso dizer que é um grande engano. Grandes empresas têm voltado a investir na produção desses aparelhos à moda antiga, e é cada vez maior o número de pessoas que aderem a eles.

Como eu comentei acima, é uma questão de atitude nossa. Aonde queremos chegar. Vamos ao fim da nossa vida sem nem perceber como a lua está linda, como as flores do nosso jardim continuam lindas, como as pessoas à nossa volta estão crescendo, envelhecendo, enfim, precisamos enxergar ao nosso redor. Esse é o foco. As pessoas perdem muito tempo do seu dia por falta de foco. Passa-se um tempo e nada fizeram, e se queixam por isso. Precisamos viver mais, nos divertir mais, dialogar mais, abraçar mais e assim por diante. Deus nos deu a capacidade para tomar as melhores decisões sobre o que queremos. Está em nossas mãos.

Voltar a usar um celular sem as redes sociais talvez seja um caminho que não existe mais para muitos. Talvez nem mesmo seja necessário. Mas a atitude de voltar a fazer as coisas simples, acompanhar de perto a sua família, viver com leveza, sem se preocupar com o que está acontecendo pelo mundo afora, poderá ser um caminho interessante, trazendo como consequência uma qualidade de vida melhor. Assim, o tempo passará a ser mais bem administrado, e todos saem ganhando com isso. Depende de você. Depende de sua atitude. Que o Senhor Deus dê a todos nós capacidade e lucidez para refletir sobre o que é mais importante para cada um. Enfim, nada mal seria, caso necessário, voltarmos a usar o celular “burro”.

Waldyr Hoffmann

Pastor em Joinville, SC

waldyrhoffmann@gmail.com

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Waldyr Hoffman

Mestre em Teologia Pastor da IELB em Joinville e-mail: waldyr.h@uol.com.br

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