Competição ou cooperação: o que você vive no seu ambiente?


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28/10/2022 #Artigos #Reflexão

Nos sentirmos diminuídos, com raiva ou ciúmes é natural em diversos contextos, principalmente quando nos comparamos às outras pessoas.

Competição ou cooperação: o que você vive no seu ambiente?

“Eu acho que todas as pessoas se odeiam!” Foi essa a frase que eu recebi na narração sobre como um amigo tem percebido as relações em diferentes contextos como escola, universidades, empresas, etc. Você pode estar pensando, como assim? Para evoluir com essa reflexão, eu quero compartilhar algo sobre mim, muito pessoal e muito difícil de expor para mim mesma, e, para vocês, ainda mais.

 

Preciso contextualizar contando um pouco da minha história. Quando fiz faculdade, compartilhei minha moradia com mais duas colegas da faculdade. Colegas, essas, que se tornaram grandes amigas, amigas mesmo! São madrinhas dos meus filhos, pessoas que amo e em quem confio e de quem gosto de estar por perto. Uma delas seguiu a mesma trajetória que eu na profissão, trabalhando com psicologia nas empresas e desempenho profissional, e é sobre ela que quero contar especificamente.

 

Ela escolheu trabalhar como funcionária no RH das empresas, e eu, como autônoma e empreendedora com foco em desenvolvimento de pessoas e consultoria para os RHs. Nós duas tivemos momentos bons e ruins no trajeto. Mas eu, como empreendedora, tive uma ascensão diferente da minha amiga, nem melhor nem pior, diferente apenas. Ocorre que, depois que ela se tornou mãe, o modelo de funcionária não se encaixava mais na vida dela. Ficou difícil conciliar horários e viver a maternidade como ela gostaria tendo que cumprir todos os compromissos de uma carga horária no contrato de CLT. Ela estava sofrendo muito, e eu, como empreendedora, já mãe e com o trabalho a todo vapor, a aconselhava, dizendo que como empreendedora tudo ficaria mais fácil, e a encorajava a deixar o contrato CLT e viver uma vida com mais autonomia nos horários.

 

Aos trancos e barrancos, ela se rendeu! Não porque eu dizia, mas pelo que ela sentia que deveria fazer. Abandonou seu emprego e começou a construir o seu negócio, que é cada vez mais parecido com o meu. Agora, além de amigas e parceiras, somos concorrentes! Concorrentes diretas em vários projetos! E agora?

 

Há aproximadamente um ano, ela tem empreendido, e eu tenho orgulho de contar como ela tem crescido e conquistado um espaço importante. E agora vem a parte de que me envergonho de contar: eu também sinto ciúmes! Olho para a quantidade de trabalho que ela tem e, ao mesmo tempo em que fico imensamente feliz pela realização que ela está encontrando, me sinto diminuída e menos capacitada para o trabalho. Antes de você me julgar pelo sentimento “feio” que estou envergonhadamente confessando sentir, quero convidá-lo a olhar para si mesmo e conseguir assumir para si os momentos em que sentiu raiva porque um colega teve um resultado melhor que o seu, porque seu cônjuge recebeu mais amor do seu filho do que você, porque seu irmão tem mais dinheiro do que você ou porque um amigo fez uma festa e não o convidou.

 

Nos sentirmos diminuídos, com raiva ou ciúmes é natural em diversos contextos, principalmente quando nos comparamos às outras pessoas. Faz parte da natureza humana! O QUE FAZEMOS com esse sentimento é o que vai ditar se vivemos em contextos que as pessoas se amam ou se odeiam.

 

Para mim, assumir esse sentimento em relação à minha amiga é triste e vergonhoso, mas é o primeiro passo para a minha reestruturação. Caso contrário, algum evento pode acontecer e eu cair na cilada de culpá-la por um sentimento que é meu com falas do tipo: “Mas também, ela tem mais suporte do que eu”; “Ela está usando o material que conversamos”; “Ela está sendo desleal”; ou coisas do tipo. É muito comum diminuirmos o talento ou as escolhas da outra pessoa para nos desculparmos pelo sentimento “feio” que estamos sentindo. Isso resulta muitas vezes em brigas que se estendem por anos, separações, ambientes hostis de trabalho ou estudo. Mas me deixa contar algo para você? Sentimentos não são feios! Podem ser desagradáveis, mas são naturais. Os comportamentos que temos ao nos depararmos com o sentimento é o que o torna feio ou bonito.

 

Eu tenho trabalhado minha consciência para não alimentar os pensamentos irreais, olhado mais para mim e para os meus resultados e ser grata por eles. Tenho ajudado minha amiga cada vez que ela pede uma orientação técnica ou comportamental na nova jornada e nutrido o orgulho que tenho em vê-la ascendendo. Lembrar sempre que no céu tem espaço para todas as estrelas brilharem, é o maior desafio!

 

Ainda que seja desagradável, precisamos aprender a identificar e acolher nossos sentimentos “feios” e não deixar que eles se manifestem em disputas, comentários hostis e conflitos. Precisamos assumir nosso papel! Sugiro que treine para que, em casa, fique feliz pelo amor que seus filhos dão ao seu cônjuge e promova momentos para receber esse carinho também! No trabalho, celebre com seu colega que teve bons resultados e trabalhe duramente para ser reconhecido e ter bons resultados você também! Na escola, elogie seu amigo com boas notas e peça conselhos sobre como obtê-las também! Olhe para você, por seus resultados, e seja grato por suas lutas e conquistas!

 

Somos imperfeitos! Precisamos içar nossa consciência de volta e nos atentar aos fatos quando ela se perde no meio dos sentimentos “feios” e nas interpretações que nossa mente é capaz de criar sobre os fatos, para construirmos contextos em que o amor prevaleça em detrimento do ódio! É o que você e eu fazemos que vai mudar a percepção geral de competição destrutiva nos ambientes e dar espaço à cooperação ascendente para todos!

Vamos fazer a nossa parte!

 

Joseani Kochhann

Psicóloga, especialista em Saúde Mental e Engajamento no trabalho


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