Qualquer guerra sempre traz terríveis
consequências. Mas essa na Ucrânia pode transformar-se na terceira mundial, e
dizimar a vida no planeta com o uso da bomba atômica. Por isso, todo o cuidado
é pouco para evitar uma guerra nuclear, afinal, ninguém sabe o que se passa na
cabeça do ditador Putin. Creio que foi a esse pavor que Jesus se referia quando
tentou acalmar os seus seguidores: “Não tenham medo quando ouvirem o
barulho de batalhas ou notícias de guerras. Tudo isso vai acontecer, mas ainda
não será o fim” (Mt 24.6). E nessa conversa com seus discípulos, Jesus apontou
para os sinais do fim dos tempos – coisas que nós já estamos cansados de ouvir
sem dar muita atenção.
A igreja vive o fim do seu calendário
neste mês de novembro, e quem estiver nos cultos vai ouvir outra vez textos
bíblicos sobre o fim do mundo. Só que isso é coisa do culto, nossa preocupação
é com a política, as diferenças partidárias, o novo governo, as discussões nas
redes sociais. E a seleção brasileira na Copa do Mundo. Quanto à volta de
Cristo e o fim do mundo, isso vamos deixar para depois. Depois? Aí está o
perigo. Não com a bomba atômica, mas com a “explosão” iminente e sem volta do
juízo do céu.
Espero que demore um pouco mais. Vejo
muita gente despreparada, sobretudo cristãos que esqueceram de fazer as coisas
da igreja e se meteram em coisas das “guerras humanas”, do poder terreno, do
status econômico, das ambições deste mundo de ilusões. Vejo muitos sem o cinto
de segurança. Não do carro, mas aquele que Jesus recomenda, “estejam com a
roupa bem presa com o cinto” (Lc 12.35). Era assim no tempo bíblico, as vestes
iguais a um vestido que iam até as canelas, eram erguidas acima do joelho e
presas no cinto, tudo para o soldado ficar preparado para a batalha. No nosso caso, não
com um fuzil, metralhadora, pistola na cintura. Isso não ajuda contra os
inimigos da fé, e, na minha visão de mundo, também não ajuda para a nossa
segurança pessoal e física. Aliás, Paulo foi contundente: “Pois nós não
estamos lutando contra seres humanos, mas contra as forças espirituais do mal”
(Ef 6.10).
Só que o diabo é muito esperto, e tem
enganado cristãos e igrejas que têm trocado as armas e o campo de batalha. E
daí o resultado, o maligno está invadindo as fronteiras da igreja e vem
conquistando terreno. Não foi por nada o alerta: “Pois até Satanás pode se
disfarçar e ficar parecendo um anjo de luz” (2Co 11.14). Um cuidado que Jesus
mandou tomar ao falar dos sinais dos tempos: “Nessa época muitos vão abandonar
a sua fé e vão trair e odiar uns aos outros. Então muitos falsos profetas aparecerão
e enganarão muita gente. A maldade vai se espalhar tanto, que o amor de
muitos esfriará” (Mt 24.11,12).
E quando as guerras dividem e matam,
o pior mesmo é uma igreja dividida por causa da política ou de qualquer
pretensão humana. E se virou costume demonizar os outros, o próprio Jesus foi
chamado de Belzebu pelo fato de expulsar demônios. Mas o Salvador lembra que o
diabo nunca vai criar divisão no seu reino: “O país que se divide em grupos que
lutam entre si certamente será destruído. E a cidade ou a família que se divide
em grupos que lutam entre si também será destruída. Assim, se no reino de
Satanás um grupo está combatendo contra outro, isso quer dizer que esse reino
já está dividido e logo vai desaparecer” (Lc 12.25,26). Ou seja, o diabo não é
bobo.
Uma profecia bíblica em Isaías (2.4)
diz que um dia Deus vai acabar com as guerras, será o juiz das nações e as
espadas serão transformadas em arados (hoje, diríamos, os tanques de guerra em
colheitadeiras). Enquanto esse dia não chega, Salomão lembra que “a sabedoria
vale mais do que armas de guerra” (Ec 9.18), e Jesus chama de “bem-aventurados
os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus” (Mt 5.9). É a paz que o
mundo não tem e nem pode oferecer. Por isso, antes de nós, cristãos, estarmos
comprometidos com a paz de Cristo, precisamos responder: qual é a nossa guerra?
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