Jesus, a expressão máxima de sabedoria


18/02/2023 #Artigos #Congregações #Devocionais #Reflexão

“Deixem que Deus os transforme por meio de uma completa mudança da mente de vocês” (Rm 12.2b).

Jesus, a expressão máxima de sabedoria

O que é uma pessoa inteligente, para você?

Durante muito tempo se pensou que a inteligência estava relacionada à capacidade intelectual. Alguém com Quociente de Inteligência (QI) elevado era admirado e valorizado.

Logo se percebeu, porém, que essas pessoas não eram necessariamente os melhores profissionais, e, na maioria das vezes, tinham dificuldade de se relacionar com as outras pessoas ou resolver questões básicas e práticas do dia a dia.

Então os estudiosos começaram a pensar de uma forma mais ampla, e surgiu a Inteligência Emocional (IE), que tem a ver com uma leitura adequada da situação, com gerenciar emoções e sentimentos, como também com tomar decisões, avaliando consequências e resultados.

Como cristãos, podemos pensar num tipo de inteligência ainda mais amplo, que engloba o nosso intelecto, emoções, ações, mas, sobretudo, a nossa fé. Dessa forma poderíamos pensar numa “inteligência espiritual”.

O grande obstáculo para essa inteligência é o pecado, que atrapalha a visão que temos de nós mesmos, das outras pessoas, do mundo, e, acima de tudo, de Deus. Ajuda bastante uma palavra que normalmente tem uma conotação negativa: arrependimento. Falar nisso, geralmente, nos leva a pensar em algo negativo, que nos coloca para baixo, que traz um sentimento ruim.

Uma possibilidade de tradução, porém, da palavra grega para arrependimento, é, literalmente “mudar a maneira de pensar”. Isso se encaixa com o versículo de Romanos 12.2b: “Deixem que Deus os transforme por meio de uma completa mudança da mente de vocês”.

Viver em arrependimento diário é ter Deus renovando e transformando a nossa maneira de pensar. Isso é o que estamos chamando de “inteligência espiritual”: olhar as coisas do ponto de vista de Deus. E isso significa olhar para Jesus.

E lembramos que:

– ele é o primogênito da nova criação;

– se o pecado atrapalha essa inteligência, ele não tinha pecado;

– no batismo fomos unidos a ele, e dele vem a força para uma vida nova, restaurada e transformada.

E ligado a tudo isso, Paulo afirma em 1Coríntios 2.16: “Nós temos a mente de Cristo”.

Podemos aprender com Jesus alguns aspectos maravilhosos dessa inteligência, que podem nos ajudar a mudar a nossa maneira de pensar.

 

A primeira coisa que chama a atenção é que Jesus tinha uma noção muito clara de sua identidade, sabia perfeitamente bem quem era. Aos 12 anos, quando se perdeu dos seus pais e depois de três longos dias foi achado no templo, ao ser questionado por Maria, respondeu: “Não sabiam que eu tinha de estar na casa do meu Pai?” Uma tradução melhor seria: “Não sabiam que eu deveria estar cuidando dos negócios do meu Pai?” Aos 12 anos, clareza absoluta.

Em João 8.14, ele declara: “Eu sei de onde vim e para onde vou”.

Por 18 vezes, afirma a sua identidade com o “Eu sou”. Pão, água, luz, bom pastor, a ressurreição e a vida, para citar alguns exemplos. Essa expressão, “Eu sou”, foi a forma como o próprio Deus se revelou no Antigo Testamento. Há nela uma afirmação da divindade do Senhor. Essa é a identidade de Jesus. Ele sabia perfeitamente bem que era.

Saber quem somos é fundamental para nossa “inteligência espiritual”. Observe que, desse ponto de vista, nenhum ser humano é capaz de dar uma definição adequada, pois somos iguais, limitados e “emburrecidos” pelo pecado.

Por isso precisamos, sempre de novo, voltar ao nosso manual do fabricante, a Escritura Sagrada, que nos ajuda a entender quem somos. Ela diz que somos criaturas de Deus, que ele é o nosso Pai querido. Mostra também a tensão que existe na nossa identidade. Somos ao mesmo tempo pecadores e santos.

Somos pecadores, uma parte de nós luta para só fazer pecado, e sofremos com ele e suas tristes consequências.

Somos santos, justos, santificados e justificados por Jesus, temos a nova vida em Cristo, e essa parte de nós luta para fazer a vontade de Deus e vencer o pecado.

Como a clareza da nossa identidade nos ajuda em dois aspectos fundamentais:

humildade: não somos melhores que ninguém, precisamos, a cada dia, de arrependimento;

total dependência de Deus: se somos cristãos, se permanecemos na graça, se experimentamos coisas boas nesta vida, é porque Deus é extremamente amoroso e bondoso conosco.

 

O segundo aspecto da “inteligência espiritual” de Jesus, que nos interessa, é que ele tinha muito claro o propósito de Deus para a sua vida. Sua visão, objetivos e ações sempre foram dirigidos de acordo com esse propósito.

Em João 10.10, declara: “Eu vim para que vocês tenham vida, e vida em abundância”.

Duas palavras nos ajudam a entender o seu propósito, de acordo com Filipenses 2: sacrifício e serviço. Ele se sacrificou por nós. É o maior exemplo de servo e serviço. Abriu mão da glória celeste para ser um simples servo, servindo-nos com a sua obra.

Pensando em propósito, fica claro o de Deus, ao mandar Jesus, em textos como João 3.16: “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que crê não pereça, mas tenha a vida eterna”.

Mas olhe só que graça: se no evangelho, em João 3.16, temos o propósito de Deus, na carta, em 1Jo 3.16, Deus nos ajuda a entender o nosso propósito: “Nisto conhecemos o amor: que Cristo deu a sua vida por nós; portanto, também nós devemos dar a nossa vida pelos irmãos”.

Somos desafiados a nos sacrificar e servir uns aos outros; a deixar de lado o nosso orgulho, egocentrismo e egoísmo e perguntar a quem Deus coloca diante de nós: O que eu posso fazer por você? Como eu posso tornar a sua vida melhor e mais feliz?

 

O terceiro aspecto da “inteligência espiritual” de Jesus temos em João 16.32: “Não estou sozinho, porque o Pai está comigo”.

Ele sabia que o Pai estava com ele porque estava em constante comunhão com o Pai através da oração. A oração era uma prioridade no seu ministério.

É tão interessante como os discípulos nunca pediram “ensina-nos a pregar, ensinar, curar, expulsar demônios”, mas pediram “ensina-nos a orar”. Este precisa ser o nosso pedido também.

Se Jesus, que era tão ocupado, reservava um tempo para orar, o quanto nós, com nossas dificuldades e limitações, precisamos muito da oração. Por que será que muitas vezes estamos tão cansados, ansiosos, agitados, achando que precisamos resolver e dar jeito em tudo? Aqui vai uma dica valiosa: faça pequenas pausas no seu dia para a oração. Chame Deus para agir na sua agenda. Isso, sim, é “inteligência espiritual”.

Para terminar, Jesus tinha claramente uma perspectiva eterna da vida, olhava as coisas além desse mundo. Em Hebreus 12 nos é dito que ele suportou a cruz porque pensou e focou na alegria que viria depois.

Uma perspectiva eterna nos ajuda a suportar os sofrimentos: vai passar, logo estaremos com Jesus.

Uma perspectiva eterna nos ajuda a valorizar as coisas que precisam ser valorizadas.

Já pensou que outro poderá usar esse carro, morar na sua casa, digitar nesse celular que você gosta tanto?! Um dia, que pode ser exatamente hoje, você precisará abrir mão desse tipo de coisa e de tantas outras.

Há uma frase, que não sei o autor, que nos leva a pensar: “O que não tem valor eterno, é eternamente inútil”. Valorize o que é eterno.

O que é ser inteligente, para você? Para mim, inteligente é você que está lendo este artigo e quer ter a mente transformada por Deus através de sua Palavra. Cultive e invista na inteligência de valor eterno.

 

Pastor Flávio Luis Hörlle

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