O pós-pentecostes e suas oportunidades


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02/06/2023 #Artigos #Exclusivo Assinantes #Reflexão

Uma pergunta importante para o período do pós-Pentecostes é: Onde o calendário da igreja e o Lecionário querem chegar? Existe um ápice disso?

O pós-pentecostes e suas oportunidades

O período após o Pentecostes é o mais longo do calendário da igreja. Sem um olhar mais cuidadoso, detalhes importantes desse período passam despercebidos. Antes de compreender esse período, precisamos compreender o calendário da igreja.

O calendário da igreja é dividido em duas partes: parte festiva e parte não festiva. A PARTE FESTIVA vai do primeiro Domingo no Advento até o Domingo da Santíssima Trindade, oito domingos após o Domingo de Páscoa. Esse período é chamado de “Meio Ano do Senhor”, pois ele celebra a vida e a obra do Senhor em favor dos pecadores. E mostra a caminhada do Senhor Jesus rumo a Jerusalém, onde sofreu a morte de cruz, mas também onde aconteceu a sua ressurreição.

A PARTE NÃO FESTIVA começa no domingo seguinte ao da Santíssima Trindade e termina com o domingo que antecede o advento, entre 20 e 26 de novembro. Esse período é também chamado de Tempo da Igreja ou Tempo Comum, que enfatiza mais a vida pública de Jesus. As leituras dos evangelhos para essa época mostram que Jesus andou muito com os seus discípulos, curou doentes, parou ao longo do caminho, conversou com as pessoas. As suas parábolas também são mais pertinentes para esse período, pois tratam das questões do Reino de Deus.

O Tempo Comum também desperta um olhar para a vida da igreja e como ela deveria agir a partir da Palavra sob a ação do Espírito Santo. Isso se percebe muito nas leituras das epístolas para o período.

Junto com o calendário, a igreja usa um sistema de leituras bíblicas para os cultos, que enfatizam a importância de cada domingo do ano. Esse sistema é chamado de “Lecionário”, do latim, lectio: leitura. Existem vários lecionários. Na Igreja Evangélica Luterana do Brasil (IELB), o mais usado é o Lecionário Trienal, formado por quatro leituras bíblicas para cada domingo: salmo, Antigo Testamento, epístola e uma leitura do evangelho. A cada três anos, as leituras repetem-se. O ano da igreja, apoiado no Lecionário, oferece uma visão completa de tudo que Deus fez e continua fazendo pela nossa salvação. O Lecionário é o que dá o maior brilho ao calendário da igreja.


Olhando com mais cuidado para o Tempo Comum

Um aspecto que ajuda na compreensão das leituras é um olhar vertical para elas. No preparo do culto, geralmente se analisam os textos de forma isolada, ou seja, um olhar para as leituras do dia, ou de forma horizontal, ou seja, a sequência dos textos de um domingo para o outro. O olhar vertical é observar as leituras para o mesmo domingo do ano anterior e do ano seguinte. Isso, além de ajudar a compreender melhor as leituras, enriquece a pregação e o culto.

Alguns pastores, em lugar do sermão, preferem fazer um estudo ou mesmo uma palestra. Outros pregam sermões temáticos, que abordam uma sequência de temas, os Dez Mandamentos, por exemplo. Isso é possível? É correto? Na verdade, quem precisa decidir se isso é possível ou não, é o pastor. Ele é que precisa sentir quais são as necessidades da congregação e como atendê-las. Se ele sentir que este é um caminho viável e necessário, aqui vai uma orientação. Evite fazer uso desse recurso na parte festiva do calendário, ou seja, na primeira metade do ano. Na parte festiva, os períodos são mais curtos, e os textos bíblicos têm uma sequência mais lógica e rica. Não é uma boa interrompê-los. Sermões temáticos ou palestras e estudos, em lugar de sermões textuais, se encaixam melhor na parte não festiva da igreja, ou seja, no Tempo Comum. E não deixe de fazer as leituras do dia. Elas vão falar por si só.

O período do pós-Pentecostes é uma boa oportunidade para um aprofundamento nas epístolas do Novo Testamento. No período de três anos são lidos textos sequenciais das cartas aos Romanos, Segundo Coríntios, Gálatas, Efésios, Filipenses, Colossenses, Primeiro Tessalonicenses, Primeiro Timóteo, Segundo Timóteo, Filemon, Hebreus, Tiago e Judas. O pastor pode pregar sobre os textos lidos e, ao mesmo tempo, dar um embasamento da autoria e do contexto em que foram escritas as cartas. Num tempo em que pouco se lê a Bíblia, a pregação sobre textos das epístolas oportuniza um conhecimento bíblico maior e permite um olhar mais cuidadoso sobre a vivência das primeiras congregações.

Uma pergunta importante para o período do pós-Pentecostes é: Onde o calendário da igreja e o Lecionário querem chegar? Existe um ápice disso?

Na parte festiva, ou seja, na primeira metade do ano, as leituras dos evangelhos mostram que o Senhor Jesus estava indo para Jerusalém, onde haveria de padecer e morrer.

A parte não festiva, ou o Tempo Comum, também finaliza com o Senhor Jesus em Jerusalém e diante de Pilatos. Muitos pensam que essa leitura do evangelho para o último Domingo do ano está equivocada. Ou que seria uma mera repetição de um texto próprio para a Sexta-Feira Santa. Não. O propósito não é esse. O propósito é reafirmar o que Jesus disse diante de Pilatos: “O meu Reino não é deste mundo!” (Jo 18.36).

No período de um ano, a vida e a obra de Jesus foram relatadas. E a igreja celebra o último dia do ano na certeza de que vai deixar este mundo para estar com ele no Reino Eterno.

David Karnopp
Pastor em Vacaria, RS


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