A quem abrir nosso sedento coração


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07/06/2023 #Artigos #Reflexão

Que bênção é termos o SENHOR como confessor. Aos seus cuidados podemos orar com os segredos de nosso coração. Com as tristes histórias que poucos sabem. Com as dores que apenas nós sentimos

A quem abrir nosso sedento coração

No mundo virtual, há um ambiente que tem conquistado espaço. São as páginas onde confissões e segredos podem ser contados. De forma anônima e sigilosa. Há perfis em redes sociais, como Feeshole ou The Secret Keeper, que recebem histórias e desabafos para serem compartilhadas anonimamente. Claro, histórias devidamente filtradas.

A Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, revelou dados sobre uma pesquisa que afirma que guardar os próprios segredos, dores e histórias levam ao isolamento social, à fadiga e uma sensação reduzida de bem-estar. Disso, sabemos muito bem.

Não é à toa essa onda crescente em busca de um desabafo anônimo. Nesta sociedade da informação, muitos querem falar e poucos querem ouvir. Redes sociais perderam o caráter de aproximação e têm ficado cada vez mais parecidas com arenas de gladiadores. A vida conectada, ao mesmo tempo tão útil, também nos pesa com a sensação de nunca nos desligarmos. O estilo de vida moderno clama por um confessor, um confidente. Para aliviar a mente. O coração. Os ombros pesados.

A vida, despida da tecnologia, nos coloca em uma situação em que o falar das coisas do coração é inevitável. A premissa básica de nossa doutrina sobre o ser humano é de que somos pecadores. Isso impacta histórias, relacionamentos. Atritos, dores e culpas são, infelizmente, roteiro garantido. A saúde física e mental é fadada ao adoecimento, envelhecimento, morte. Diante dessa necessidade de cuidado, a quem recorrer? A um algoritmo de uma rede social, sem retorno algum de consolo e perdão?

O salmo 116, versículos 1 e 2, diz assim: “Eu amo a Deus, o SENHOR, porque ele me ouve; ele escuta as minhas orações. Ele me ouve sempre que eu clamo pedindo socorro”. Nesta sociedade repleta de ombros pesados e de mentes cansadas, que bênção é termos o SENHOR como confessor. Aos seus cuidados, podemos orar com os segredos de nosso coração. Com as tristes histórias que poucos sabem. Com as dores que apenas nós sentimos. Com as culpas e pecados que torturam. O SENHOR nos ouve. Através de Jesus, o Salvador, o Caminho, o SENHOR nos ouve.

Nisso precisamos nos firmar. Há uma infinidade de refúgios. Alguns, frios e impessoais. Outros, com técnicas, no mínimo, questionáveis. Outros, vazios e enganadores. Apenas Deus é refúgio e fortaleza. Sua Palavra vai “até o íntimo das pessoas e julga os desejos e pensamentos do coração delas” (Hb 4.12). Ter o SENHOR como confessor é ter uma via de mão dupla. Eu oro. Peço. Confesso. Confio. Creio. Ele age. Consola. Perdoa. Transforma. Não necessariamente nessa ordem, como se o seu cuidado fosse um favor diante de nossa insistência. Mas, nesse cuidado, experimentamos a misericórdia de um Deus que ama pecadores. E os ouve. Tenhamos tempo para ler a Palavra e orar.

Nossas Confissões Luteranas ressaltam que, para nos outorgar essa preciosa fé, Deus instituiu o ofício da pregação, o ministério pastoral. Neste mês, dia 10, é lembrado o Dia do Pastor. Que tal olharmos para aquele que ocupa este ofício divino em nossa congregação como alguém ímpar para compartilharmos, sob a ética do sigilo, nossas histórias, culpas e dores? Ele não nos tratará com sua própria sabedoria ou técnicas alheias. Ele nos trará a Palavra que falará às camadas mais profundas de nosso sedento coração.

Bruno Krüger Serves

Pastor em Candelária, RS

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