Criança Cristã


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18/09/2020 #Artigos #Crianças #Editora Concórdia

Setembro: muitas datas para comemorar.

Criança Cristã

FALANDO EM CRIANÇA CRISTÃ...

O calendário do mês de setembro traz várias datas a serem lembradas. Em meu calendário pessoal, duas datas têm sido marcantes anualmente, por terem um significado especial na minha vida: o Dia da Escola Dominical e o Dia Nacional do Surdo. Talvez você também se identifique com uma delas ou com ambas. Elas têm valor para a igreja? E como essas duas datas se relacionam? Penso que elas se encontram no lema principal da IELB – CRISTO PARA TODOS! A salvação sendo levada também pela Escola Dominical a todos os pequeninos: aos ouvintes, aos surdos... a todos os pecadores. “Como está escrito: não há justo, nem um sequer, não há quem entenda, não há quem busque a Deus; todos se extraviaram, à uma se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há nem um sequer.” (Rm 3.10-12). Nesse aspecto, com certeza, o dia da escola dominical e o do surdo se encontram! Pois todos carecem da glória e da graça de Deus.

 
DIA DA ESCOLA DOMINICAL – 20 DE SETEMBRO

O dia da escola dominical e seu valor têm sido lembrados nas diferentes denominações cristãs. Na IELB é comemorado no dia 20 de setembro. Na maioria das igrejas evangélicas, no terceiro domingo deste mês, e em outras igrejas, em abril e novembro. O importante é que todos saibam que o ensino cristão é fundamental para a vida desde pequeno. Os princípios da escola dominical remontam aos tempos bíblicos: em Deuteronômio 6.6-7, Deus ordenou: “Estas palavras que, hoje, te ordeno estarão no teu coração; tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te, e ao levantar-te”; em Provérbios 22.6, Salomão exorta: “Ensina a criança no caminho em que deve andar, e, ainda quando for velho, não se desviará dele”; o apóstolo Paulo também já dizia, em  2Timóteo 3.15: “e que, desde a infância, sabes as sagradas letras, que podem tornar-te sábio para a salvação pela fé em Cristo Jesus”. Jesus ensinou em Marcos 10.14: “Deixai vir a mim os pequeninos, não os embaraceis, porque dos tais é o reino de Deus”; Lutero, também dedicou-se ao ensino da Palavra aos seus filhos, ao escrever os catecismos, usados até hoje no ensino confirmatório, e inspirou, porque não dizer, as atuais escolas dominicais.

Em 1780, o jornalista Robert Raikes propôs as primeiras aulas de religião (junto com outras matérias) aos domingos, em Gloucester/Inglaterra, preocupado com as crianças soltas nas ruas no único dia em que seus pais podiam descansar do árduo trabalho nas fábricas. Porém só pouco mais tarde, em 11 de novembro de 1783, considera-se como oficial o surgimento das escolas dominicais, quando ele publica em seu jornal o êxito desse trabalho e a real transformação na vida das crianças. A partir daí, com o número crescente de crianças participando desses encontros, as aulas passam das casas para os templos. Em 1785, iniciam os movimentos de escolas dominicais nos EUA, na casa de William Elliott, inspirados nos modelos britânicos. Neste ano também surgem as primeiras associações de escolas dominicais nos EUA e na Inglaterra, e são produzidos os primeiros recursos materiais específicos para serem utilizados nas aulas.

Aqui no Brasil, em 1836, um pastor metodista, Justin Spaulding, começa um grupo de escola dominical no Rio de Janeiro, com 30 crianças, a maioria estrangeiras, e aulas em inglês apenas, porém vai embora em 1841, encerrando este trabalho. Só em 1855 é que foi considerado o início da Escola Dominical no Brasil, quando em 19 de agosto, o casal Robert e Sara Kalley, missionários escoceses, formaram em sua casa um grupo com cinco crianças, com aulas em inglês ainda, na cidade de Petrópolis, RJ, resultando no início da Igreja Congregacional. O ensino às crianças foi se desenvolvendo e, em 1860, ocorreu a primeira aula de Escola Dominical em português, por Ashbel Simonton, da igreja Presbiteriana. E em torno de 1900, com a missão luterana do Sínodo de Missouri chegando ao Brasil, tem-se as primeiras informações de escola dominical na IELB, com as escolas paroquiais, já que funcionavam junto às comunidades.

A evangelização de crianças através das escolas dominicais é fundamental para a perpetuação das comunidades. Crianças que crescem amando Jesus e envolvidas nos trabalhos da igreja, continuam integradas, tornam-se líderes e mantêm a missão da igreja no mundo. Para isso também é fundamental apoiar, treinar, investir e valorizar as pessoas que fazem tão maravilhosamente esse trabalho.  

“Parabéns, professores da Escola Dominical! Nosso reconhecimento por tanta dedicação, criatividade, responsabilidade, amor e fé! Que o Espírito Santo capacite vocês, sempre mais, para ensinar e ser exemplo do que ensinam. Nossa gratidão e admiração pelo que fazem não tem tamanho! Deus abençoe vocês.” (Depoimento de Rosani Marlow – representante da Comissão Nacional de Escola Dominical da IELB)

 
26 DE SETEMBRO – DIA NACIONAL DO SURDO

A data foi oficializada em 29 de outubro de 2008, através do Decreto-Lei n.11.796, e seu principal objetivo é propor a reflexão e o debate sobre os direitos e a luta pela inclusão de pessoas surdas na sociedade. Nessa data também são organizados movimentos em prol da conscientização, valorização e divulgação da LIBRAS, a segunda língua oficial no Brasil e fundamental para o desenvolvimento do surdo, como coloca Adriana Herculano, mãe de surdo e autora do livro Por amor a um filho surdo:

“Sou mãe de surdo, com muito orgulho! Meu filho se chama Yan e tem 24 anos.

Em nossa trajetória encontramos muitos obstáculos, mas colhemos flores também.

Neste mês especial, em que é comemorado o Dia do Surdo, a comunidade celebra suas conquistas e reforça a luta pelos direitos e a inclusão do surdo na sociedade. A comunicação através da Língua Brasileira de Sinais e toda a acessibilidade que ela possibilita é sempre um dos destaques. Comunicar-se, para  mim, significa poder expressar sentimentos e opiniões nas relações humanas. A aquisição da língua pelo surdo e a comunicação efetiva é que irão torná-lo um ser feliz e produtivo.  Nessa busca, é fundamental a aceitação e o amor da família. Acredito que é de nossa responsabilidade procurar conhecer nosso filho como ele é, e não como gostaríamos que ele fosse. Enfim, devemos respeitá-lo e valorizar suas qualidades para que ele compreenda o ser único e especial que é. Desta forma, poderemos ajudá-lo a desenvolver as suas potencialidades com segurança e a tornar-se um ser humano independente e feliz!”

 
ESCOLA DOMINICAL e SURDOS

Você percebeu como essas duas datas se relacionam? Ambas tratam e focam no mesmo ponto: seres humanos! Independentes, felizes e completos. Não existe liberdade maior e felicidade mais completa do que a paz que o perdão em Jesus nos proporciona e do que o amor incondicional de Deus, que enche nossos corações para amar o próximo com a mesma dedicação. É isso que a Escola Dominical e seus professores incríveis oferecem. Essa mensagem tem que alcançar a todos, também os surdos. Já se interessou em aprender LIBRAS? É língua brasileira oficial! Como acolher um surdo em sua comunidade ou falar de Jesus a ele se você não consegue comunicar-se? Graças ao bom Deus, nossa igreja e muitas outras denominações cristãs desenvolvem trabalhos com acessibilidade às pessoas surdas, e sou grata ao Senhor por ter feito parte de um deles, transmitindo a fé a essas crianças durante anos. Trago um depoimento do pastor Rafael Ott, da Congregação São Paulo (CELSP) de Porto Alegre, RS, onde a Escola Dominical é oferecida a crianças surdas e ouvintes semanalmente:

“A CELSP atende pessoas surdas desde a década 70. A sede da CELSP fica ao lado da Escola Especial Concórdia – ULBRA, uma escola para pessoas surdas. Devido a esta proximidade, a Congregação procura em todos os seus eventos, cerimônias e cultos ter a tradução em LIBRAS, possibilitando aos surdos acesso à Palavra de Deus. O culto com tradução em LIBRAS acontece aos sábados (antes da Pandemia) e a escola dominical é durante o culto. Sempre que há a presença de crianças surdas ou pais surdos, um(a) tradutor(a) em LIBRAS os acompanha para que tenham acesso ao conteúdo da ED. Algo que chama a atenção é o interesse de muitas crianças ouvintes pela LIBRAS. Neste tempo de pandemia, a ED tem sido gravada e compartilhada nas redes sociais da CELSP também com tradução na língua de sinais.”

O livro Por amor a um filho surdo, produzido e disponibilizado na Editora Concórdia, traz a história de amor, lutas e vitórias de uma família e sua trajetória na educação do filho surdo. Yan teve a oportunidade de encontrar e descobrir o maravilhoso mundo da fé em Deus, a salvação em Jesus, através do ensino cristão e do convívio em uma comunidade luterana. Leia, inspire-se, envolva-se nesta missão. Surdos, cegos, downs, autistas, cadeirantes... há tantas crianças especiais distantes ainda do bom Pastor Jesus! Apoie seus professores, invista na sua escola dominical. Afinal, igreja somos todos nós, e Cristo é para todos!


Magali Schmiedt
Coordenadora do Criança Cristã

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