Brasil, país da solidão?


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16/04/2021 #Artigos #Editora Concórdia

Pesquisa mostra que brasileiros são os que mais se sentem solitários diante das restrições sociais

Brasil, país da solidão?

           No mês de março, foram divulgados dados a respeito de uma pesquisa realizada pelo Instituto Ipsos em 28 países a respeito do sentimento de solidão em meio ao distanciamento social. Dentre os países investigados, nós, os brasileiros, fomos considerados as pessoas que mais se sentem solitárias diante das restrições sociais. No Brasil, 50% das mil pessoas entrevistadas afirmaram sentir-se sozinhas frequentemente, às vezes ou sempre. Já na Holanda, país com menor índice dessa sensação de solidão, apenas 16% dos entrevistados afirmaram experimentar esse sentimento.

         Diante desses números, podemos interpretá-los sob o pano de fundo de que somos um povo caloroso, com fortes vínculos sociais e emocionais. Gostamos de ter a casa cheia em nosso aniversário, de juntar a família para celebrar uma data especial, de passear pelos parques e encontrar os amigos. E, como cristãos, cultivamos a grande bênção de estarmos cercados de nossos irmãos e irmãs na fé em cultos, estudos, congressos e atividades de nossas congregações. E, quando os protocolos necessários para enfrentar uma pandemia nos privam do calor humano, quem sabe seja uma infeliz naturalidade que nós brasileiros sejamos o povo que mais sente solidão em tempos de Covid-19.

         Precisamos confessar que não é somente estes tempos sombrios de pandemia que despertam a solidão em nosso coração. Enfrentamos situações ao longo da vida que nos alimentam com um sentimento de solidão, que vai muito além de sentir-se longe de pessoas, mas de sentir-se esquecido pelo Senhor Deus. Um acidente, uma grave enfermidade, um casamento que deu errado, desemprego e, especialmente, um doloroso luto. Em situações como essas, somos tentados a clamar: “Deus, por que me abandonaste?”.

         Aliás, a expressão acima nos lembra de alguém, não é mesmo? Aquele que agonizava na cruz gritou bem alto: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?” (Lc 27.46). Sabemos quem fez este triste clamor. Foi o nosso Jesus, o nosso Redentor. Ele, sim, experimentou o triste e terrível abandono do Senhor. A culpa é nossa. Somos dignos do total esquecimento e maldição de Deus. Mas, por amor, quem foi esquecido não fui eu nem você, foi Jesus. E por ele ter bebido o cálice da ira e do esquecimento de Deus, temos perdão e salvação.

         E é justamente por causa do que Jesus fez por nós, que podemos nos confortar na promessa do Senhor: “Eu nunca os deixarei e jamais os abandonarei” (Hb 13.5). A cruz não nos mostra um Deus indiferente e que abandona, mas a cruz nos aponta para um Deus que não abandona, não esquece. Este Deus de amor não abandona seus filhos que choram diante do luto, que lamentam o fracasso familiar, que perdem o sono pensando no sustento dos filhos. E, em tempos de hospitais lotados, o Senhor Deus diz para seus filhos e filhas isolados em quartos e UTIs: “Eu nunca os deixarei e jamais os abandonarei”.

         Será o Brasil o país da solidão nesta pandemia? Pode até ser. Mas quando o assunto é o cuidado do Senhor Deus, não nos esqueçamos da promessa que Jesus nos fez: “Lembrem disto: eu estou com vocês todos os dias, até o fim dos tempos” (Mt 28.20). Quando a solidão rondar o coração, apegue-se à Palavra e conforte-se no Emanuel, Deus Conosco, que é “socorro que não falta em tempos de aflição” (Sl 46.1).

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Bruno Krüger Serves

Pastor em Candelária, RS

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