Não é interessante nem vantajoso só no final da vida terrena lembrar-se do Criador.
Uma notícia despertou minha atenção: “Exército
americano cria pílula antienvelhecimento”. Para alguém que já experimenta os
efeitos nocivos da idade, a notícia trazia um alento de esperança. Só que as
coisas ficaram logo esclarecidas ao ler toda a matéria. A tal pílula é
experimental, ou seja, ainda será testada pelos soldados na expectativa de
aumentar a habilidade humana e manter o corpo saudável e no desempenho máximo
por mais tempo.
Não há dúvida que nos últimos anos a ciência tem prolongado a nossa vida, tudo
graças às “pílulas milagrosas”. Um exemplo disso é a vacina contra a Covid-19.
Mas chega a hora que não tem jeito, a velhice bate à porta e nada mais resolve.
E daí, mesmo com todos os recursos da medicina, a pessoa idosa sentirá na pele
o que disse o rei Salomão no final de Eclesiastes, que a visão e audição
ficarão muito fracas e até caminhar será perigoso. Claro, hoje temos óculos,
aparelho para surdez e cadeira de rodas, mas tudo são subterfúgios. O sábio
rei, por isso, deu um recado: “Jovem, aproveite a sua mocidade e seja feliz
enquanto é moço. Mas [...] não deixe que nada o preocupe e faça sofrer, pois a
mocidade dura pouco”.
O
famoso rei de Israel sabia disso, que a vida passa como um sopro. E apesar de
toda a sabedoria que recebeu de Deus, caiu na conversa do "aproveitar a
vida" e esquecer das consequências. E se “tudo é ilusão, é como correr
atrás do vento”, ele colheu os frutos amargos de não ter colocado em prática o
próprio conselho: “Lembre-se do seu Criador nos dias da sua mocidade, antes que
venham os dias maus” (Ec 12.1). Basta ler o capítulo 11 do primeiro livro de
Reis para entender esses “dias maus” na vida de Salomão, sobretudo as últimas palavras
ditas por ele em Eclesiastes: “Nós teremos de prestar contas a Deus de tudo o
que fizermos e até daquilo que fizermos em segredo, seja o bem ou o mal”. Se
não fosse Cristo aparecer no meio desse “prestar contas”, a gente sabe (e
também acredita) que ninguém escaparia do justo juízo de Deus.
E
mesmo quando tudo neste mundo funciona através da graça e misericórdia de Deus
até o último momento, não é interessante nem vantajoso só no final da vida
terrena lembrar-se do Criador. Além de jogar a vida fora, é muito perigoso
quando a Bíblia adverte que “hoje é o dia da salvação”.
Numa famosa canção, Roberto
Carlos e seu amigo Erasmo dizem: “Quem espera que a vida seja feita de ilusão,
pode até ficar maluco ou morrer na solidão. É preciso ter cuidado pra mais
tarde não sofrer. É preciso saber viver”. Se isso vale nas coisas passageiras,
onde tudo é ilusão, então, ainda mais naquilo que permanece para sempre.
Paulo, numa letra que já fez muita canção, disse que para ele o viver é Cristo
e o morrer é lucro. “Entretanto”, ressalta o apóstolo, “se eu continuar
vivendo, poderei ainda fazer algum trabalho útil” (Fp 1.22). E em outra carta,
o apóstolo lembra de uma pílula antienvelhecimento, já testada e com resultados
eficazes para os soldados de Cristo na batalha da fé cristã: “Vistam-se com
toda a armadura que Deus dá a vocês, para ficarem firmes contra as armadilhas
do Diabo” (Ef 6.11).
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