Com
certeza, quando falamos da educação cristã de nossas crianças, logo lembramos
da clássica e maravilhosa promessa do livro de Provérbios: “Ensina a criança no
caminho em que deve andar, e, ainda quando for velho, não se desviará dele” (Pv
22.6). Acredito que esse é o desejo, o sonho de todo pai e de toda mãe – ver
seu bebê crescendo e aprendendo a conhecer a Verdade que liberta. Contudo,
parece-me que os caminhos de hoje se apresentam menos palpáveis ou observáveis,
são caminhos mais virtuais. Caminhos que se estabelecem em redes infindáveis de
informações das mais diversas; produzidas por pessoas desconhecidas que
capturam nossos gostos, nossas manias e oferecem uma satisfação rápida e
intensa. Nossos pequenos mergulham nas “águas profundas da internet” como a
gente faziam nas tardes quentes de verão! E como era bom aquele momento. A
gente não queria que terminasse nunca o dia só para apreciarmos mais a
diversão. Nossas crianças também se sentem assim quando em contato com as
“águas da internet” – não dá vontade de sair. Contudo, as águas também
ofereciam seus perigos. Geralmente é recomendado que sempre haja um adulto
responsável que cuide das crianças que brincam numa piscina, açude ou rio. De
semelhante forma, não seria prudente que você, adulto, cristão, cuidasse do
acesso de sua criança nas profundas águas virtuais da internet?
A
internet e todas as suas multiformes ferramentas chegaram para ficar. Elas
facilitam nossa vida imensamente. Nos dão acesso a uma quantidade infindável de
informações e possibilidades. São tantas novidades, com tanta magia midiática
que até nós, adultos, temos dificuldade de filtrar o que é bom ou ruim,
conveniente ou inconveniente, certo ou errado. Imaginem para uma criança com
sua personalidade e caráter em formação! Ela pode tornar-se refém de um mundo
que ela desconhece e que nem sempre lhe fará bem.
Na
rede mundial virtual, temos conteúdo bom, educativo, saudável e muito
recomendado, mas também encontramos ali conteúdos tendenciosos, distorcidos,
errados, que, muitas vezes, são apresentados em cores e formas que encantam
nossas crianças, enchem seus olhos e corações e produzem pensamentos e
comportamentos também distorcidos ou inconvenientes. É evidente que não podemos
demonizar o meio virtual. Todas as dificuldades e problemas que surgem não são
culpa da internet! Entretanto, é preciso cuidado e equilíbrio.
Em
tempos passados, o perigo estava na rua ou na televisão, que influenciavam
nossas crianças. Hoje, o problema pode estar na “palma da mão”. Pode estar nos
dispositivos eletrônicos que nós mesmos presenteamos aos nossos amados filhos e
filhas. Por isso mesmo compete a cada pai e mãe cristãos acompanhar e alertar
suas crianças sobre conteúdos, acessos, postagens, compartilhamentos,
exposições. Certa vez ouvi um especialista em informática alertar: “A
internet não é uma janela aberta para o mundo. A internet é um portão
escancarado para vários universos!”
Tendo
isso em mente e certo de que de tudo isso você já é sabedor (a) e conhece de
perto, gostaria de compartilhar algumas reflexões sobre esse assunto:
1)
os
caminhos virtuais estão aí, chegaram para ficar e não poderemos nos esconder
deles e nem esconder nossas crianças deles, mas procure refletir sobre a
possibilidade de retardar o acesso das crianças às mídias digitais;
2)
observe
se você não está fazendo do celular uma espécie de babá eletrônica para seu
filho. “Enquanto
ele (a) está distraído com o celular eu faço as minhas coisas!”;
3)
ensinar
a criança no caminho que deve andar, especialmente nos caminhos digitais,
demanda tempo e estudo. Você necessita conhecer essas tecnologias e acompanhar
os acessos de sua criança e não simplesmente entregar ao pequeno (a) um
aparelho ilimitado com acesso a tudo e todos;
4)
não é
papel exclusivo da escola ou da igreja ensinar o que acessar ou não, mas
podemos fazer parcerias importantes para cuidar digitalmente de nossas
crianças. Várias escolas já possuem componentes curriculares que orientam sobre
o uso da internet. Informe-se. Quanto à igreja, vamos fomentar entre nossos
irmãos e irmãs aqueles que possuem habilidades e conhecimentos nas áreas de tecnologias
da informação, aconselhamento psicológico e terapêutico, para que usem seus
dons e conhecimentos para nos orientar e ajudar; é preciso saber as
consequências psicológicas e espirituais que certos conteúdos podem causar na
criança;
5)
ore!
Assim como você ora para que seu filho seja guardado de algum mal no cotidiano,
ore para que ele seja guardado de más influências virtuais. Sugira materiais e
interações saudáveis e construtivos. O desenho ou série famosa que todo mundo
assiste, pode estar prejudicando a formação cristã ou psíquica de seu filho
(a);
6)
converse
sobre tudo que sua criança vê, assiste ou acompanha. Não tenha vergonha ou
tabus na hora de falar. Pode ser um momento especial entre você e sua criança
para apontar o caminho adequado, conforme a Palavra de Deus;
7)
o
mundo virtual sempre trará novidades e solicitudes. Portanto, compartilhe suas
expectativas e ansiedades nos grupos da igreja, com seu pastor. Procure ajuda
com profissionais da saúde mental para esclarecimentos.
Amados
irmãos e irmãs na fé em Jesus Cristo, os caminhos podem estar mudando e se
tornando desconhecidos, mas o Caminho ainda continua sendo o mesmo e é bem
conhecido – JESUS CRISTO. Esse mesmo Jesus, que acolheu e acolhe as crianças
dentro do seu reino de amor, capacitará a cada um de nós para orientar nossos
preciosos filhos e filhas. Uma grande notícia é que esse mesmo Jesus já está
também nas “águas profundas da internet”. Ajude seu pequenino a encontrá-lo! Um
grande abraço.
Em tempos
passados, o perigo estava na rua ou na televisão, que influenciavam nossas
crianças. Hoje, o problema pode estar na “palma da mão”. Pode estar nos
dispositivos eletrônicos que nós mesmos presenteamos aos nossos amados filhos e
filhas
*Jaques Cristiano Schlosser – Pastor
IELB/ULBRA – Manaus, AM
Bacharel em Teologia, especialista em Teologia Comparada e
Educação Escolar
Acadêmico de Psicologia
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