Estamos
prestes a mergulhar em uma das mais acaloradas eleições de nosso país. Diante
de uma cultura de extremismos políticos, onde não há espaço para meios-termos,
me questiono qual é nosso papel como cristãos neste cenário.
A Igreja
Evangélica Luterana do Brasil, de forma muito sábia e correta, posiciona-se
oficialmente afirmando que não é papel da Igreja fazer partidarismo político,
muito menos o de erguer a bandeira de candidato A ou B. A recomendação é a de
orientação sadia a respeito das qualificações de quem almeja ocupar os cargos
instituídos em nosso estado e país. Aliás, como cristãos luteranos, temos
bastante clareza a respeito da divisão entre Igreja e Estado. Enquanto a Igreja
é regida pela Palavra do SENHOR, o Estado é regido pela Constituição Federal de
1988. Misturar estas coisas é o princípio do caos.
Como
pastor luterano, quero aqui usar desta liberdade de orientação e reflexão, sem
manifestar-me de forma partidária ou personificada em algum candidato. Nesta
reflexão, parto do texto bíblico de 1 Timóteo 2.2: “Orem pelos reis e por todos
os outros que têm autoridade, para que possamos viver uma vida calma e
pacífica, com dedicação a Deus e respeito aos outros”.
Percebam
que o objetivo do orar pelas autoridades é para que nossa vida seja boa, em paz
e tranquilidade. E, claro, também com liberdade de fé e crença, que a
Constituição nos garante. E para que a vida hoje seja boa, inevitavelmente
precisamos falar sobre saúde, educação, segurança e economia. Você sabe o que o
seu candidato tem de proposta sobre estes assuntos? Ou estamos cegos dentro de
uma guerra ideológica, sem nos interessar por um plano de governo?
E, neste
assunto, vem uma preocupação. A vida vai continuar depois das eleições. Seja lá
quais forem os nomes eleitos para os mais diversos cargos, a poeira vai baixar.
As pessoas vão precisar continuar se relacionando. E, abraçando uma guerra
hoje, relacionamentos logo à frente podem ficar manchados para sempre. Entre
amigos. Entre familiares. Entre irmãos na fé.
Sobre
isto, Deus nos tem um conselho a nos dar em 1 Pedro 2.17: “Respeitem todas as
pessoas, amem os seus irmãos na fé, temam a Deus e respeitem o Imperador”.
Respeito e amor também com quem vota e pensa diferente de você – especialmente,
seus irmãos na fé. Temor a Deus, confiança plena no seu cuidado e na sua
salvação que há no nome de Jesus. E respeito ao Imperador. Ou seja, respeito
aos que foram eleitos para os mais diversos cargos na nossa nação. Eis aí bons
conselhos para um final de semana de eleições.
Então fica
a dica: viva sua fé cristã também quando o assunto for política. Seja na
escolha do seu voto, seja no tratamento com aqueles que pensam diferente.
Lembrem-se: há vida depois das eleições.
Pastor Bruno Serves
Pastor em Candelária, RS